Arthur Marques Baptista

Registro de batismo 28, Taboeira, Arthur: Aos seis dias do mez d'Abril, do anno de mil novecentos e dois, n'esta Egreja parochial de Santo André d'Esgueira, concelho d'Aveiro, Deocese de Coimbra, baptizei solemnemente um individuo do sexo masculino, a quem dei o nome de Arthur, que nasceu no logar de Taboeira, d'esta freguesia d'Esgueira pelas seis horas da tarde do dia cinco do mez de Março do dito anno supra, filho legitimo da Antonio Marques Baptista, lavrador, natural da freguesia de Cacia, concelho de Aveiro, Deocese de Coimbra, e de Maria Marques Pereira, lavradôra, natural do dito logar de Taboeira, recebidos e parochianos n'esta freguezia d'Esgueira, e moradores n'aquelle referido logar de Taboeira. Neto paterno de José Marques Baptista e de Roza Rodrigues, e materno de Manoel Fernandes da Cruz e de Roza Marques Pereira. Foi padrinho Manoel Fernandes da Cruz, solteiro, lavrador, e madrinha Maria Rodrigues Baptista, solteira, os quaes todos sei serem os proprios. E para constar lavrei em duplicado este assento que, depois de ser lido e conferido perante os padrinhos, comigo assignou o padrinho e não a madrinha por não saber escrever. Era ut supra. Leva este assento um sello d'estampilha do valor de cem reis, devidamente collado e inutilizado. Ass: Manoel Fernandes da Cruz; O Prior João Emigdio Rodrigues da Costa.

Chegou ao Brasil em 1917, e, com os pais, foi morar na Rua Barão de Ladário. Anos mais tarde trabalhava no Banco Ultramarino. Arthur casou com Ernestina Amélia Pires, filha de Francisco Joaquim Pires e Ana Maria Afonso, dia 26 de março de 1932 na Igreja do Brás, São Paulo. Com a esposa foi morar no bairro do Belém e trabalhar na padaria do sogro, Nossa Senhora da Penha. Ali esteve durante uns dez anos, junto com Rodolfo Pires, irmão de seu sogro. Mudou-se para a Penha e três anos depois, para Guarulhos, onde o filho cacula, Djalma, nasceu. Por volta de 1945, como o sogro não desse a participação que prometera nos negócio e tivesse ganho na loteria da seguradora Sul-América, comprou uma padaria e restaurante chamado Avenida Chic, na rua Rangel Pestana. Nesse empreendimento teve um sócio, "Seu Batista", que mais adante vendeu sua participação a Joaquim Pires, sogro de Arthur, que vendera a padaria.

Durante a segunda gerra mundial foi convencido por um conhecido a negociar com ferro velho. Nesta altura estavam morando numa travessa da Rangel Pestana. Mudou-se então para o Rio. O negócio malogrou e ficou sócio do sr. Arlindo em um salão chamado Táxi Danças. Extorquido pelo famoso sistema de propinas do guarda costas do presidente Getúlio Vargas o negócio novamente enfrentou dificuldades. Finalmente foi fechado devido ao barulho e reclamações da vizinhança. Foi uma época muito difícil. Moraram em uma pensão no Leme e depois dividiram um apartamento com sr. Arlindo. Quando o táxi danças fechou voltaram a São Paulo.

De volta a São Paulo novamente Arthur teve padarias, restaurantes e pizzarias. Sempre com dificuldades com as contas, logrou pagar a faculdade dos dois filhos e frequentemente patrocinava refeições a grande quantidade de amigos de faculdade de ambos. Por esta época mudaram-se para a rua Baturité, na Aclimação. Depois de aposentado continuou a trabalhar na contabilidade do escritório do filho mais novo, no centro de São Paulo.

Arthur era um esportista e faixa preta de judô. Mesmo idoso, com reumatismo, e depois de ter seu primeiro enfarte, não deixava de exercitar-se em seu apartamento na Aclimação, onde o banheiro maior fora transformado em sala de ginástica.

Foi pai e avô extremamente amoroso, "coruja" e protetor dos filhos e netos.

Faleceu depois de diversos enfartes e derrames que nos último sete anos foram progressivamente debilitando sua saúde. Foi sepultado no cemitério do Araçá, junto à sua mãe, e depois sua irmã Maria da Luz e cunhado Arnaldo Sierra. Ernestina nasceu em 11 de fevereiro de 1915 em São Paulo, SP, e faleceu em 2010 em São Paulo com 95 anos de idade, foi enterrada no Cemitério da Quarta Parada, São Paulo.