Dna. Maximiliana Aurélia Campelo

Foi uma proprietária de terras e senhora da alta classe valenciana que exerceu o controle sobre as posses e vidas de sua família por quase sessenta anos. Como filha única, foi educada desde cedo para agir com prudência quanto a administração da fazenda, bem como sobre a necessidade de um casamento à altura de sua estirpe, pois era sabido que a mesma remontava a Senhores feudais e reis. Aos 25 anos tornou-se a chefe da família por morte de seu genitor, e dada a pouca atenção de seu esposo à administração, tomou o comando sobre os bens e os filhos, os quais educou com extrema rigidez de modos e caráter. Como era usual, enviou os filhos para estudarem na capital do Império, tornando-os, advogado e médico, respectivamente, enquanto que as duas filhas sobreviventes, foram dadas em casamentos de sua escolha, tendo ambas continuado a viver sob a égide materna após os seus matrimônios, bem como os seus próprios genros.
Dada a sua longevidade, ela testemunhou as diferentes fases do segundo reinado: da prosperidade econômica propiciada pela comercialização da carne bovina, à decadência originada a partir da grande seca de 1877 que devastou o Nordeste do Brasil, causando mortes de incontáveis pessoas , bem como de plantações e de animais.
Para além de um desfalque financeiro, a abolição da escravatura em 1888, representou (conforme sua percepção) uma decisão nefasta para o Império, contrariando a sua ideologia e a de seus pares que primavam de modo irredutível pela estratificação social. No ano posterior, a proclamação da república soa como mais um revés, em uma sequência de infortúnios que serão somados à morte prematura de sua amada filha Hortência, e de seus dois varões, fatos que a abalaram profundamente. Resiliente, ela encontrou na educação de seus netos uma nova perspectiva, dedicando-se com especial atenção a sua favorita: Maria Campelo, a qual manteve sempre próxima a si, e para a qual escolheu como esposo, um descendente do maior governante da História Piauiense - o Visconde da Parnaíba.
Faleceu aos 84 anos de idade, no mesmo dia da última visita de sua referida neta e de seus bisnetos; tendo sido sepultada nas terras que lhe pertenciam. Parte desses bens, seria transferida para outros, por meio comercial estabelecido por sua última filha viva, outra fração, anexada à Barbosinha, antes dos caóticos distúrbios e invasões graçantes nos anos após o seu passamento.