

Nasceu em 31 de março de 1863, no Rio de Janeiro. E a exemplo dos outros dois irmãos, poucas são as informações disponíveis sobre os seus primeiros anos de vida. Os registros de seu Fé de Ofício dão conta de que, assim como os seus dois irmãos mais velhos, em 1880 foi matriculado no curso preparatório da Escola Militar da Corte Como estudante do curso de engenharia militar, em 1885, integrou a Comissão de Engenheiros na Imperial Fazenda de Santa Cruz, onde se destacou por suas habilidades.
Após ter concluído o curso de engenharia militar, em 1887, e o início de 1890, realizou trabalhos em quartéis do Rio de Janeiro e do Paraná com cargos como o de Inspetor de Batalhão e de Comandante de Bateria. Particularmente no Sul, foi nomeado auxiliar da Comissão encarregada de fundar uma Colônia Militar em Foz do Iguaçu, e ainda construir estradas estratégicas na região. Sua passagem pelo Paraná rendeu a Feliciano Benjamin de Souza Aguiar palavras elogiosas por parte do militar que era seu superior, no texto ele é descrito como alguém “[re]conhecido [por] seus companheiros de trabalho, por seu nobre caráter altivo e retidão no desempenho do cargo que exercia, ligados à amenidade do trato, sempre gozou de estima a que tinha direito”
Em 1891, foi promovido a Capitão do exercito, e provavelmente por influência do seu irmão Francisco Marcelino de Souza Aguiar, recebeu, no ano seguinte, a nomeação para atuar com encarregado das obras de construção do Hospital Central do Exercito, no Rio de Janeiro. Vale lembrar que o projeto de construção do edifício para abrigar o dito hospital é de autoria de seu irmão mais velho, sendo razoável supor que tal fato tenha determinado a escolha por Benjamin Feliciano de Souza Aguiar como diretor das obras.
Concomitantemente ao trabalho junto às obras do Hospital Central, o militar assume a chefia da 8º seção da repartição geral dos telégrafos, onde permaneceu até 1896. Aquele era o primeiro trabalho realizado pelo capitão Benjamin Feliciano fora da esfera militar. Porém, sua saída da repartição geral de telégrafos foi justamente para assumir cargo na Diretoria Geral de Obras Militares. Tal seção do Exército era comporta por militares que deveriam “propor e providenciar a cerca do serviço de obras militares no Brasil”.
Em 1899 o militar é nomeado Adjunto do gabinete do chefe do Estado Maior do Exército, órgão subordinado diretamente ao Comando do Estado Maior daquela instituição. A tarefa conferia relativo prestígio a Benjamin Feliciano de Souza Aguiar, possibilitou inclusive que, em fins de 1902, pudesse ocupar interinamente o cargo de chefe de gabinete da Repartição do Estado Maior, com acesso direto ao Chefe do Estado Maior. Foi neste período, ainda que Feliciano Benjamin de Souza Aguiar foi elevado por mérito ao posto de Major do exército.
O ano de 1903 trouxe novos ares para as atividades profissionais do major Benjamin Feliciano de Souza Aguiar, e a rede de relações familiares se faz essencial para que o militar consiga boas posições profissionais. Com a saída do primogênito da família Souza Aguiar do comando do corpo de bombeiros, em julho de 1903, é provável que Francisco Marcelino tenha usado de seu prestígio e influência para que o seu irmão mais jovem, Feliciano Benjamin, ocupasse o posto vacante
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Dentre os três irmãos foi a gestão do major Feliciano Benjamin de Souza Aguiar a mais longeva, deixando o comando da corporação somente em meados de 1912. Na passagem do comando para o irmão, coronel Francisco Marcelino de Souza Aguiar fez a leitura da Ordem do dia informando que seu pedido de exoneração devia-se pela sua indicação como chefe da Comissão que representaria o Brasil na Exposição internacional de São Luis, nos Estados Unidos da América, e reforçava confiar no trabalho de seu sucessor.
Durante o seu comando, Feliciano Benjamin de Souza Aguiar vivenciou as intensas transformações que ocorreram na cidade, especialmente as agitações turbulentas das reformas promovidas durante a gestão do prefeito Francisco Pereira Passos (1903-1906). Evidentemente que as bases para o projeto de modernização do Corpo de bombeiros do Rio de Janeiro foram lançadas, de grande maneira, durante o comando do coronel Francisco Marcelino, todavia o mais jovem militar da família Souza Aguiar mostrou que sua passagem pelo corpo seria mais que uma gestão de continuidade, o militar imprimiria de forma discreta seu rosto no corpo de bombeiros, ainda que tivesse sobre si, em diversos momentos, a figura do irmão mais velho.
Tal percepção de sua gestão como um governo de continuidade foi descrita na publicação oficial da corporação, A breve notícia, em 1906. O texto avalia a percurso de comando de Feliciano Benjamin naqueles primeiros anos:
O novo administrador não tinha que formular um plano, senão seguir até a conclusão o que vinha traçado. Havia ainda muito a fazer para completar a reconstrução do velho quartel. Por isso foi logo seu primeiro cuidado reconstruir a 5ª Companhia e encetar as obras da fachada.
Como as obras já haviam sido iniciadas pelo seu antecessor, e se tratando de melhorias primordiais para o funcionamento do corpo de bombeiros, considerando ainda que o novo quartel general da corporação fosse uma demanda aspirada desde pelo menos a década de 1880, nada mais natural da parte do militar que valorizar o projeto que havia sido traçado e as obras iniciadas pelo seu irmão. Sendo aquela uma excelente ocasião de manter sobre a rubrica dos Souza Aguiar tal legado, eternizando, assim, o sobrenome da família na corporação.
Tal lógica, de possível continuísmo garantido, nos permite supor inclusive que tenha sido um dos argumentos utilizados por Francisco Marcelino de Souza Aguiar nas negociações para seu transito dos bombeiros para a comissão da exposição norte americana e para a indicação de seu sucessor.
O ponto alto de sua gestão foi sem dúvidas a inauguração definitiva do quartel general do Corpo de Bombeiros em 1908. Nas páginas d’ O Paiz, por exemplo, o tom festivo da reportagem salientava as transformações ocorridas pela cidade, e vivenciadas pela população carioca, e como dinâmica semelhante atinge a instituição.
Não nos parece arrojo dizer que a cidade e o seu corpo de bombeiros se uniram no mesmo caminho e se acham por completo identificados. Desenvolveram-se mutuamente, amparando este a marcha daquela, fazendo a urbs das necessidades do seu progresso a forma modeladora dos seus bravos e vigilantes defensores.
Comandar o Corpo de Bombeiros rendeu inúmeros comentários elogiosos de autoridades, como de presidentes da república e ministros de estado, quase sempre reforçando sua habilidade administrativa e dedicação ao trabalho na corporação, além de fidelidade em momentos particularmente tensos para a administração republicana como a Revolta da Vacina (1904), pela greve dos operários da Companhia de Gás (1908) e durante a Revolta da Chibata (1911) episódios em que os bombeiros reforçaram as atividades repressivas do governo. Ou mesmo a premiação por medalhas de distinção por serviços prestados e/ou riscos corridos em sinistros. Além de promoções na carreira militar, como por exemplo, nos anos de 1905 e 1911, quando Benjamin Feliciano é elevado aos postos de Tenente-Coronel e Coronel, respectivamente.
Os momentos mais tensos de sua gestão foram durante os conflitos e manifestações ocorridas no distrito federal em 1909. A imagem do militar passa a ser associada de forma negativa a dos outros dois irmãos Souza Aguiar.
Ao ser exonerado do comando do corpo de bombeiros em junho de 1912, o coronel Feliciano Benjamin de Souza Aguiar passa a ocupar cargos internos na administração do Exército, como a chefia dos Departamentos Central de Guerra e de Administração, como intendente da Guerra e assume o Comando de algumas brigadas militares, todavia eram cargos sem grande destaque.
Após ser reformado em 1920, afasta-se definitivamente das funções militares, mas continua trabalhando na gerência da Companhia Nacional de Seguro Mútuo Contra Fogo, conforme anuncio publicado em um periódico. Falece no Rio de janeiro em 12 de março de 1927, recebendo homenagem pelo então comandante do corpo de bombeiros, coronel Máximo Barreto, na Ordem do dia lida no dia seguinte ao seu falecimento. No texto, registrou o longo período que Feliciano Benjamin comandou a corporação e “o amor pelo corpo [de bombeiros] e dedicação ao serviço [e ao] sacrifício da própria vida de que deu sobejas provas nos incêndios”.
1863 |
March 31, 1863
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Río De Janeiro, Río de Janeiro, RJ, Brazil
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1927 |
March 12, 1927
Age 63
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Rio De Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brazil
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March 12, 1927
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Rio De Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brazil
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