Frei Antonio Luis de Tavora, Bispo do Porto

D. Frei António de Sousa nasceu a 6 de Setembro de 1690, no lugar de Cacilhas, freguesia de Almada, Lisboa. Era o segundo filho de António Luís de Távora, 2ºMarquês de Távora, 4º Conde de S. João da Pesqueira,e de D. Leonor Maria Antónia de Mendonça, filha de Henrique de Souza Tavares da Silva (Conde de Miranda, 1º Marquês de Arronches e Governador da Relação do Porto).

A 8 de Setembro de 1716 professou e ordenou-se no Convento da Graça, Lisboa na Ordem dos Eremitas calçados de Santo Agostinho, partindo daí para a Universidade de Coimbra onde se formou em Sagrada Teologia.

A 15 de Maio de 1734 foi nomeado Provincial da sua Ordem onde assistiu no Convento da Graça ao Terramoto de 1755 e no qual tomou todas as providências necessárias para retomar a ordem e tratar do que tinha resistido aos destroços, como mandar retirar imediatamente a imagem do Senhor dos Passos que tinha sobrevivido às ruínas da Igreja e expô-la de imediato num local público num templo improvisado de madeira junto do convento onde também mandou improvisar as residências dos religiosos.

Prestou também auxílio a toda a comunidade que necessitasse de ajuda, acolhendo muita gente ferida no seu Convento, onde podia dar assistência médica, medicamentos, alimentos e agasalhos. Muitos outros abades, tinham partido para longe para fora de Lisboa com medo de retaliações, contudo ele não permitiu aos seus religiosos essa situação, distribuindo-os pelas ruas da cidade para procurarem cadáveres para ser enterrados e feridos para serem tratados.

Foi por estas atitudes e prestações de D. Frei António de Sousa que o rei D. José e o Marquês de Pombal o louvaram em agradecimento, como o indicaram e impuseram para o Episcopado, tendo sido nomeado para Bispo do Porto a 21 de Agosto de 1756.

Passados sete dias estava já D. António no Porto numa visita à Câmara Municipal e ao Cabido. A 30 de Março de 1757 foi confirmado pelo Papa Bento XIV e a 25 de Maio tomou posse da Diocese do Porto por procuração. A 3 de Julho foi sagrado em Évora pelo seu irmão. D. Frei Miguel deSousa, Arcebispo desta cidade.

Após ter terminado as suas funções como Provincial partiu de Lisboa a 5 de Fevereiro de 1758 e hospedou-se na Quinta do Prado pois não quis entrar na cidade que estava a ser oprimida pelo Juiz da Alçada e das tropas que este convocou para instaurar processos aos implicados no motim contra a Companhia Geral de agricultura das Vinhas do Alto Douro e que ele achava injusta esta demanda.

Após ter acalmado estas desavenças, o Bispo fez chegar à Câmara do Porto a sua entrada pública na cidade que seria no dia 28 de Maio do mesmo ano, porém com a morte do Papa e em luto por ele, fez adiar a sua entrada para o dia 2 de Junho.

Fez a reconstrução da Igreja Paroquial da Vitória, fazendo-a toda de novo e o restauro da de S. Nicolau, que sofrera grandes estragos no incêndio do dia 12 de Agosto de 1758.

Levantou também desde os alicerces a Igreja Paroquial de Santa Cruz do Bispo totalizando três, o número de igrejas onde podia ver nas suas frontarias o seu brasão.

Realizou importantes obras na Igreja de S. João Novo, que era da sua Ordem de Santo Agostino, fazendo a tribuna do seu altar-mor, e dotando a sua sacristia com alfaias e paramentos litúrgicos de grande valor. Mandou ainda aí reconstruir o dormitório que estava em ruínas, completou a fábrica do Claustro, construiu o edifício para a Biblioteca à qual lhe forneceu uma grande quantidade de livros e por último resolveu anexar a este Convento as receitas da Igreja de Romariz, de Santa Maria da Feira.

Foi eleito duas vezes, pelas suas acções, Provedor da Santa Casa da Misericórdia onde resolveu doar grandes quantidades de dinheiro para os hospitais desta Entidade onde se tratavam doentes carenciados.

D. António de Sousa sofreu grande desgosto, quando viu que el-Rei D. José tinha mandado executar quase toda a sua família (Távora) confiscado todos os seus bens, destruído a sua casa e da desonra da Marquesa (acusada de manter relações ilícitas com o rei) e ainda obrigado a mudar de nome, já que a partir de 12 de Janeiro de 1759 ninguém poderia usar o apelido Távora e foi desta forma que D. António de Távora teve que mudar de apelido tendo escolhido o Sousa.

D. António de Sousa faleceu repentinamente na manhã de 4 de Junho de 1766, na Quinta de Santa Cruz, tendo sido sepultado na Sé.

in, SILVA, Maria Manuela Ribeiro Conde da "Inventariação De Retratos Pictóricos Dos Bispos Do Porto", Vol. Ii, Inventário. Dissertação Para Obtenção Do Grau De Mestre Em História Da Arte Portuguesa, Departamento De Ciências E Técnicas Do Património, Faculdade De Letras Da Universidade Do Porto. Porto 2011.