Annibal Anthero Martins

Nasceu em Torre Moncorvo, Portugal, tendo dois irmãos e uma irmã. Veio de navio para o Brasil com 13 anos, sem a família. Passou a morar com um amigo do pai que imigrara, no Rio de Janeiro. Tornou-se contador de uma firma localizada em Itapemirim e de lá veio para Vitória, ES, trabalhar em uma firma do Prado. Casou-se aos 35 anos com Marianna Moniz Rezendes, nascida em São Miguel, nos Açores, que tinha 18 anos (era professora recém empossada e morava em Muqui, tendo vindo a Vitória para fazer provas para assumir o cargo de professora do estado). Seu nome passou então a ser escrito Annibal Anthero Martins. Ele já tinha diversas posses, obtidas com a indústria ( refino de açucar) e comércio, e exercia grande influência na cidade de Vitória. Como a mãe de Mariana, Maria da Glória, ficara viúva pouco antes do seu casamento, trouxe-a para morar com ele em Vitória, onde ela morreu pouco ante dele. Teve 4 filhos homens ( um médico e 2 advogados, sendo os três também professores da Universidade Federal do ES, e um contador e comerciante, que se distinguiram na vida política, social e acadêmica), além de 3 filhas normalistas cujos maridos também exerceram cargos importantes na cidade (um deles foi deputado federal do ES, general reformado e advogado, um era engenheiro e outro médico e professor universitário). Morreu aos 61 anos antes de rever a terra Natal. Correspondeu-se a vida toda com os irmãos (José havia imigrado para a California nos EUA), ajudando-os financeiramente em diversos momentos. Um dos sobrinhos, Francisco, migrou para o Brasil e foi por ele acolhido até que se estabelecesse (parece que em Niterói, RJ). Sua irmã, Maria Cândida, continuou em Moncorvo, onde constituiu família e permaneceu morando na casa que fora dos pais. Jolindo Martins, médico e filho de Annibal, visitou a casa onde o pai nasceu em Moncorvo, em torno de 1956, e conheceu a prima, Lucinda Lúcia Martins Meirelle, e outros parentes ( na casa se emocionou ao encontrar uma foto grande de seus pais, Annibal e Mariana). E 20 anos depois (1980) Ademar visitou a casa com a esposa Sara, a filha Jussara, que escreve essas linhas, e a neta Bianca. Lá morava a prima Idalina, filha da Lucinda (esta morrera cerca de 10 anos antes da visita). Três filhos de Lucinda estavam lá e foram fotografados. Em 2003, a neta de Mariana, Moema (filha de Lourdes) refez o mesmo trajeto e também visitou a casa, reformada, e tirou fotos com membros da família. Esta ainda pertencia a herdeiros de Maria Cândida. Outros familiares, descendentes de Anibal, também fizeram tal percurso.

Anibal foi um dos fundadores do Clube de Natação e Regatas Álvares Cabral, fundado por um grupo de imigrantes portugueses, com o apoio do Vasco da Gama do Rio de Janeiro, tendo exercido a presidência do Conselho Deliberativo e cargos da diretoria, como o de Secretário do clube de 1911 a 1930. Também participou da Diretoria do Clube Vitória, localizado próximo a sua casa, na Rua Cleto Nunes - Parque Moscoso. E sempre procurou ajudar os que trabalhavam honestamente, contribuindo para alavancar diversos empreendimentos, como o da criação da Fábrica de bombons Garoto em Vitória. Perdeu muitos bens na crise de 1930 mas não esmoreceu e manteve a família unida em torno de ideais de honestidade, seriedade no trabalho e amor ao próximo.

Os netos que não o conheceram aprenderam a cultuar essa imagem. Meu pai, Ademar Martins, sempre me dizia: "Nunca se esqueça que você é neta de Annibal Martins, um homem honesto acima de tudo". E minha avó Marianna dizia que ele era a melhor figura humana que havia conhecido, lamentando que só havia conhecido um neto (sempre chorava quando se referia a isso). Texto escrito porJussara Martins Albernaz, sua neta, em março de 2014