Antonio Pereira Ignacio, Comendador

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Antonio Pereira Ignacio, Comendador

Birthdate:
Birthplace: Baltar, Porto, Portugal
Death: February 14, 1951 (76)
São Paulo, São Paulo, Brazil
Immediate Family:

Son of João Pereira Inácio and Maria Coelho Pereira
Husband of Lucinda Rodrigues Viana
Father of Helena Pereira Ignacio; João Pereira Ignacio, neto and Paulo Pereira Ignacio

Managed by: Claudete Cavalcanti de Araújo
Last Updated:

About Antonio Pereira Ignacio, Comendador

COMENDADOR PEREIRA INACIO

O grande industrial português, nasceu em Baltar, distrito de Porto, em 29 de março de 1875, filho de João Pereira Ignácio e Maria Coelho Pereira. Acompanhado dos pais, chegou em Sorocaba em meados de 1886, e logo já começou a aprender as primeiras letras, sempre à noite, para não atrapalhar o trabalho junto ao pai e tio, ambos sapateiros. Menino esforçado chegava a trabalhar até 20 horas por dia. Neste ofício teve por mestre, Venâncio Lisboa, na antiga rua do Hospital, hoje Rua Dr. Álvaro Soares, gratidão esta pelo ensino da profissão, Pereira Ignácio soube agradecer quarenta anos depois quando levou-o para morar consigo em seu palacete de Santa Helena. Em 1890, seus pais mudaram-se para Itapetininga. O jovem Antonio, passa três anos trabalhando por conta própria em São Manuel. Nova mudança, agora para Boituva, foi o início de seus negócios, aonde o algodão era o seu meio de vida. Muda-se para Botucatu, aonde encontra e casa-se com Dona Lucinda, e lá residem de 1900 à 1905. Desse enlace matrimonial Pereira Ignácio e D. Lucinda tiveram dois filhos e uma filha. Volta novamente à Sorocaba, fundando logo após sua chegada a fábrica de óleo de algodão “Santa Helena”, na Rua Álvaro Soares. Sempre procurando novas tecnologias, viaja em 1906, aos Estados Unidos, precisamente em Birmighan, no Alabama, aonde adquire da Continental Gin Company, maquinas de última geração, para a ampliação da sua fábrica de óleo. E orgulhoso de ser o primeiro e único, a possuir esta instalação no Brasil, e o segundo, após o Egito, que se faz fora dos USA. Retornando em 26 de março, é recebido na estação da Sorocabana, com grandes festejos, patrocinado pelos amigos e sociedade sorocabana. Demorou mais de um ano, para o perfeito funcionamento das novas máquinas, e à 29 de Junho de 1907, inaugura a seção de descaroçamento do algodão, com grande sucesso e curiosidade de muitos, pois o algodão em caroço entrava por um lado, e pelo outro já saia os fardos de algodão prontos para embarque. As sementes, já separadas para a moagem eram automaticamente conduzidas. Começa a formar-se um monopólio no ramo de produção de óleo, liderada pelo italiano, Francesco Matarazzo, depois Conde, em que simplesmente comprou todas as fábricas de óleo do Estado e tomou conta do mercado lançando já em 1912, o óleo comestível “Sol Levante”. Pereira Ignácio também vendeu. Nesta mesma década, Pereira Ignácio parte para os Estados Unidos, para aprimorar seus conhecimentos e consegue empregar-se na grande empresa fabril, Wilson North Carolina, localizada em Charlotte. Lá é contratado como operário e dedica-se a conhecer todas as seções e máquinas da indústria. Trabalha duro, mostrando sua dedicação à empresa, não demonstrando aos seus superiores quem verdadeiramente era. Durante o dia trabalhava firmemente e ao final do expediente voltava ao hotel e vestia-se com aprumo e freqüentava os melhores teatros e restaurantes da cidade. Chega até o cargo de mestre de uma das seções industriais do complexo fabril, quando acha que seus conhecimentos são suficientes, convida seus superiores para um jantar no melhor restaurante da cidade. Comparecerem e surpresos escutam sua história, e Pereira Ignácio pede que aceitem a devolução dos salários que recebera e que guardara intactos, dentro dos envelopes de pagamento. Desejava que fossem distribuídos aos mais necessitados, dentre seus companheiros de trabalho. Volta ao Brasil, pronto para por em prática tudo o que aprendeu. Os negócios de algodão prosperaram. Em 1915, adquiriu do Sr. Bernardo Lichtenfels Júnior, a então Companhia Telefônica Sul Paulista, que ligava-o diretamente com Boituva, Tatui, Itapetininga e Guareí. Com sua experiência empresarial, trouxe a central para Sorocaba, à rua Padre Luiz, centro da cidade, aprimorando assim a primeira rede telefônica da cidade. No mesmo ano, traz para Votorantim, todo o algodão de Guareí, terceirizando assim seus serviços de beneficiamento, aguardando somente os fardos da felpa ou algodão descaroçado. No ano seguinte, envia representantes para os mais diversos lugares, para divulgação de seus produtos aonde a concorrência era maior. Já à alguns anos arrendava do Banco União a seção de descaroçamento de algodão, quando em 16 de Julho de 1917, depois da maior greve geral, até então havida em Sorocaba, que abrangeu todas as fábricas têxteis, a fábrica não reabriu. O comércio fechou suas portas. Vieram 60 praças da capital. O Até o Tiro de Guerra, interveio para auxiliar o policiamento. Os patrões reuniram-se e acharam justas as reivindicações, atendendo-os imediatamente. E já no dia seguinte, começava o retorno ao trabalho. O Banco União não conseguiu atender as metas acordadas e não podendo pagar o aumento de salário, e por outras dificuldades devido a 1ª Grande Guerra Mundial, acabou tendo sua falência decretada no mesmo mês, não mais reabrindo a fábrica. O caos estava formado. Houve miséria, operários esmolando. Com a falência decretada a massa falida, ficou a cargo do liquidatário, Nicolau Scarpa, que autorizou a venda, através de leilão, da Fábrica Votorantim, incluindo as obras hidráulicas, 440 casas de operários, linha férrea, Fazenda Itupararanga e fornos de cal, totalizando uma área territorial era de 1.800.000 metros quadrados. Formou-se então um grupo de investidores interessados na aquisição da massa falida, este grupo comandado por Pereira Ignácio e Francisco Scarpa, eram composto por João Soares Hungria, Raphael de Cunto, João Cancio Pereira, Domingos Picirillo, José Ventura Fernandes da Silva, José de Cunto e Roque de Cunto. Enfim o esperado leilão aconteceu em 09/01/1918, realizado pelo leiloeiro Albino de Moraes, aonde foram arrematadas as propriedades imóvel e móvel do Banco União, pela quantia de 2.142 contos de réis. Feito o leilão, e sendo Pereira Ignácio e Scarpa, os sócios majoritários, foi respeitou o contrato de arrendamento da Fábrica Votorantim – seção de beneficiamento de algodão, feito entre o Banco União e a firma Pereira Ignácio & Cia. Foi acertado o pagamento anual de 1.100 contos de réis, pelo prazo de 5 anos. Infelizmente, a fatalidade encontrou Francisco Scarpa em seu caminho. E em 21 de Abril de 1918, indo com seu filho Nicolau à Itupararanga, num auto de linha (espécie de trem de inspeção), foi vítima de um encontro com outro auto de linha, sendo este carregado com dormentes. Na colisão, os dormentes quebraram o vidro protetor do auto em que viajavam os Scarpa. Ambos machucaram-se muito, e o mais prejudicado foi Francisco Scarpa, que perdeu o olho direito, devido aos estilhaços de vidro. Seu filho, Nicolau sofreu pancadas no abdômen, estômago e peito. Hospitalizados, infelizmente Francisco Scarpa veio a falecer, no dia 05 de maio próximo, 15 dias após o fatídico acidente, em razão de seu grave estado. Após a morte de Scarpa, que era um dos esteios da fábrica e da nova Sociedade Anônima Votorantim, ficam por fim, donos do maior número de debêntures da sociedade formada, o Sr. Nicolau Scarpa e Antonio Pereira Ignácio, que aos poucos foram adquirindo as outras partes menores. Mal começaram os trabalhos, quando ambos compreenderam que juntos não iam. Conta-se que Nicolau, duvidando que Pereira Ignácio arranja-se o capital, ofereceu comprar ou vender, para assim ficar só. Pereira Ignácio preferiu comprar. Fê-lo assinar a escritura de compromisso de venda por 2 mil contos de réis e correu ao Rio de Janeiro, onde seus patrícios que sempre investiram em seu progresso, novamente o ajudaram. Teve com financiador do novo negócio, seu patrício, Souto Maior. Pereira Ignácio queira plantar, colher, descaroçar, fiar, tecer, tudo junto. Nesta euforia, vê-se em abril de 1918, pela primeira vez o título, de Sociedade Anônima Votorantim, num curioso anúncio jornalístico, aonde promete-se 2.500 alqueires de terras “aos lavradores que quiserem enriquecer”. Sempre querendo agilizar a produção e facilitar o transbordo de vagões da Estrada de Ferro Sorocabana para a Fábrica Votorantim, Pereira Ignácio envia ao ministro da Viação, em 1921, as plantas para as obras de mudança da bitola para 1 metro e eletrificar toda a rede, da então via férrea à vapor, com bitola de 60 cm., com ligação entre a fábrica e Sorocaba, usada diariamente para transporte de empregados e carga. Tudo aprovado, foi posta em operação a nova linha, que com grandes festividades pelo foi inaugurada pelo Excmo. Dr. Washington Luiz, presidente do Estado de São Paulo a 04 de fevereiro de 1922, e foi dado o nome de Estrada de Ferro Elétrica Votorantim. Os bondes de transporte de passageiros circularam até 1966 e os trens de carga até 1998. Em 1925, casou sua filha Helena com o jovem José Ermírio de Moraes, genro e sócio que todo pai procura. Do enlace nasceram os filhos: José Ermírio, Antonio Ermírio, Maria Helena e Ermírio. No ano seguinte, José Ermírio já assume a diretoria dos negócios e juntamente com o sogro, transforma a tecelagem num conglomerado de empresas com tentáculos em vários segmentos do mercado, fundando a fábrica de cimento, cuja produção inicial foi destinada à construção do Viaduto do Chá, em São Paulo. Na década de 30, a Fábrica Votorantim, tinha como seu maior patrimônio: os seus funcionários, e para atendê-los mantinha: 1.100 casas, ligadas com água, luz e esgoto; teatro; cinema; campo de futebol; piscina; creche; escola maternal; grupo escolar; açougue frigorífico e um grande armazém fornecendo todos os gêneres alimentícios à preço de custo. Seu apego aos funcionários era tanto, que em todos os dias 1º de Maio, Dia do Trabalho fazia questão de compartilhar com eles, esta tão tradicional data. Faziam parte de seu patrimônio: máquinas de descaroçar algodão em Boituva; Fábricas de Tecidos: LUCINDA em São Bernardo do Campo, LUZITANA e PAULISTANA, em São Paulo e a VOTORANTIM, que era a maior fábrica de tecidos da América do Sul; vastas glebas de terras desde Pantojo, Rodovalho, Piragibú, Inhaiba até Votorantim; a grande e extinta fábrica de cimento em Rodovalho, hoje em franca construção de grandes pavilhões de cimento armado; Fornos de cal, em Inhaíba; Fábrica de cimento Santa Helena – Votoran; Km. 8 da via férrea, com a Estrada de Ferro Elétrica Votorantim; Fábrica de papel, Votocel; Fábrica de alumínio; Usina Elétrica da Cachoeira da Fumaça; Companhia Nitroquímica e a Usina Siderúrgica Barra Mansa. Benfeitor convicto, sempre colaborou com sociedades e casas de caridade, como a Santa Casa de Misericórdia, Hospital Santo Antônio, Hospital Santa Lucinda, Faculdade de Medicina, entre outras. Inclusive foi homenageado pela Santa Casa de Misericórdia, em 08/12/1933, com uma placa pelos beneméritos serviços prestados, que foi colocada na Rua Dr. Álvaro Soares no. 181; antiga residência do benfeitor, que em belíssimo ato doou-a a assistência da entidade. Reconhecido seu valor, foi condecorado pelo Governo Português, com o título de Comendador. Mas logo em seguida, em 1936, o Presidente Getúlio Vargas, conferiu-lhe a mais alta distinção civil do Brasil, a Comenda da Ordem do Cruzeiro do Sul. Humildade sempre a prova, conservou a visitação dos curiosos em sua fábrica, e expôs na inauguração do novo mercado municipal de Sorocaba, em 1938, a sua banca de sapateiro. E nunca escondendo seu passado pobre, sempre dizia orgulhoso: “Eu fui sapateiro...trabalhei muito...e fui sempre comedido e sóbrio”. Chegou ao cume, graças a este gênio, tanto maior, quanto mais humilde as suas origens. O gigante do algodão, adormeceu para enfim descansar, às 21 horas, de 14 de Fevereiro de 1951, em sua residência à rua Guadalupe, 67, na capital paulista, aos 75 anos de idade. Muitas homenagens póstumas foram feitas em Sorocaba, a Câmara Municipal, deu o nome de “AVENIDA PEREIRA IGNACIO”, ao antigo caminho para Votorantim, próximo ao Hospital Santa Lucinda e a Faculdade de Medicina, ambos que ele ajudou a construir. Também em 24 de Abril de 1951, o deputado estadual, por Sorocaba, Dr. Gualberto Moreira, apresentou a Assembléia Legislativa Estadual, o projeto de mudança do nome da Estação Alumínio, ex-Rodovalho, para “ESTAÇÃO ANTONIO PEREIRA IGNÁCIO”. Unanimemente aprovado, mas infelizmente nunca cumprido. O lema do Conde Matarazzo, FIDES-HONOR-LABOR (Fé-Honra-Trabalho), encaixa-se perfeitamente ao Comendador Antonio Pereira Ignácio, devemos este resgate de sua história, e aonde estiver, sempre estará ao lado e cuidando de seu maior tesouro: seus fiéis funcionários.

Gilberto Fernando Tenor (Membro da Academia Sorocabana de Letras)

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Antonio Pereira Ignacio, Comendador's Timeline

1874
March 29, 1874
Baltar, Porto, Portugal
1904
December 11, 1904
Boituva, São Paulo, Brasil (Brazil)
1951
February 14, 1951
Age 76
São Paulo, São Paulo, Brazil
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