Beatriz Francisca de Assis Brandão

A escritora mineira Beatriz Francisca de Assis Brandão (1779 -1868) foi importante poeta e educadora brasileira. Figura que se destacou por fugir dos padrões femininos de sua época, no período imperial, durante o Segundo Reinado, constitui importância para a compreensão da sociedade da época. Viveu entre os séculos XVIII e XIX e foi colaboradora de jornais cariocas do período, deixou também uma extensa obra poética. Ressalta-se sua atuação intelectual no contexto histórico, e o seu papel desempenhado na vida social, política e cultural na sociedade do século XIX.

História:

Beatriz Francisca de Assis Brandão nasceu em Vila Rica (atual Ouro Preto), capital da província de Minas Gerais, em 1779, filha do sargento-mor Francisco Sanches Brandão e de Isabel Feliciana Narcisa de Seixas, foi batizada na igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, sob as bênçãos dos padrinhos Dom Antônio de Noronha, sétimo governador de Minas e sua tia, dona Catharina Leonor da Silva Soteria, filha do general Bernardo da Silva Ferrão, avô de Beatriz. Foi tradutora, musicista, poeta e educadora brasileira. Dedicou-se desde cedo aos estudos dos idiomas italiano e francês, com a ajuda de um amigo da família, destacando-se mais tarde como tradutora. Contribuiu de forma intensa na literatura brasileira com seus poemas e dirigiu na própria Vila Rica um educandário para meninas. Viveu entre os séculos XVIII e XIX tendo participado ativamente da vida social, política e cultural de Vila Rica e do Brasil. Sua família (Brandão – oriundos da Normandia e mais tarde migraram para Portugal) possuía ramificações em Pernambuco e Minas Gerais e mantinham relações próximas com a Família Imperial (PEREIRA 2005). Casou-se provavelmente aos 33 anos com o Alferes Vicente Batista Rodrigues Alvarenga, seis anos mais novo que ela, contudo, não teve filhos e continuou a sua função de poeta. (PEREIRA, 2005, p. 34). Sua biografia constitui importante material para a compreensão da formação da sociedade brasileira do período. O autor Vasconcellos (2006) nos mostra que ela publicou seus versos no jornal Parnaso Brasileiro, do cônego Januário da Cunha Barbosa, editado no Rio de Janeiro, Beatriz os reuniu em um único volume, com o título de Cantos da Mocidade em 1856, sendo referenciada em um folhetim da época, que a elogia em seus escritos, que fogem do padrão feminino da época e à coragem dela apresentar seus escritos diante do público. Contudo, os elogios não renderam uma apreciação crítica de sua produção. Sua segunda obra foi Carta de Leandro a Hero, também no Parnaso brasileiro. Em 28 de abril de 1868, teve um artigo biográfico no Correio Mercantil, intitulado Prima de Marília. Com cerca de sessenta anos de idade, consegue a aprovação do seu divórcio e parte rumo ao Rio de Janeiro, parte para uma nova vida na Corte. De 1852 a 1855 publicou poemas no jornal Marmota Fluminense e alguns em O Guanabara. (PEREIRA 2005). Beatriz Francisca de Assis Brandão faleceu em 1868. Pereira (2005) e Vasconcellos (2005) citam a publicação de cerca de doze obras e citam a sua ocupação desde 1910, por indicação, da cadeira nº. 38 da Academia Mineira de Letras. Além disso, citam a sua inclusão na Sociedade Promotora da Instituição Pública da cidade de Ouro Preto. Faleceu sem publicar muitos de seus poemas e, ainda hoje, pelo seu legado e por se destacar como uma importante figura feminina do oitocentos, continua obscura face a sua importância e ao papel que desempenhou.

Publicações da autora:

Poesia: Cantos da mocidade, 1856; As comendas, 1859; Lágrimas do Brasil, Memória da rainha de Portugal, D. Estefània, 1860; Poesia, in Parnaso brasileiro de Januário da Cunha Barbosa, 1829/1832.

Romances em versos: O caçador, s/d; Lilia e Nerina s/d.

Traduções: Catão ( Drama do italiano Metastásio); Alexandre da índia (ópera); Cartas de Leandro e Vellasco.

Inéditos: José do Egito, Sonho de capitão, Angélica e Medoro, Semiramis reconhecida; Diana e Endimão Drama à coroação de D. Pedro I e Drama ao nascimento de D. Pedro II.