Cônego Luís de Sousa Leitão

Ainda jovem recebeu educação de latim do professor José Remígio de Freitas. Admitido no Seminário de Fortaleza em 1869, veio a receber o diaconato pelas mãos do bispo D. Luís Antônio dos Santos no dia 29 de novembro de 1874 e, a 30 de novembro de 1875 do ano seguinte, foi ordenado sacerdote pelo mesmo bispo. Em fevereiro de 1876 foi nomeado pároco encomendado da freguesia de Pentecostes, também chamada à época de Conceição da Barra. Empreendeu largos esforços no combate à seca em sua paróquia, além de promover a construção de obras públicas na vila. O ano de 1879 reservou-lhe uma ocorrência nada trivial: teve a vida ameaçada por um grupo de doze cangaceiros contratados pelo criminoso José Antonio do Fechado que, desafeto do padre, intentava tirar-lhe a vida. A população da paróquia, que veio em auxílio ao sacerdote, impediu a consumação do objetivo. Foi nomeado inspetor da instrução pública na vila de Pentecostes em 26 de fevereiro de 1880, substituindo o então ocupante do cargo Francisco Carneiro de Azevedo. Ocupou a cadeira de deputado provincial [equivalente a deputado estadual] pelo partido conservador de 1884 a 1885, 1886 a 1887 e 1888 a 1889. Pouco depois de assumir o primeiro mandato de deputado, recebeu severas acusações de um jornal cearense quanto a sua conduta moral. O experiente e digno historiador Sr. Guilherme Studart, ao tratar da vida do padre Leitão, por sua vez, tece-lhe belos elogios, reputando-o como zeloso e diligente sacerdote. Tornou ao cargo de vigário encomendado de Pentecostes em maio de 1887. Assumiu a paróquia de Soure, hoje Caucaia, a 17 de junho de 1888 e, apenas dez dias depois, elegeu-se presidente da Assembleia Provincial. O período em que ocupou o cargo reservou-lhe não poucas complicações. Com efeito, outros dois deputados arrogavam para si o cargo de presidente da Assembleia, gerando, assim, uma triplicidade de poderes. Em visita à freguesia de Pentecostes, anexa à de Soure, foi novamente ameaçado por José Antonio e seus capangas no ano de 1889. Participou do reduzido grupo que redigiu e publicou a constituinte republicana do Estado do Ceará em 1891, ocupando o cargo de 1º secretário. Foi regente da cadeira de filosofia do Liceu do Ceará, além de Diretor Geral da Instrução Pública e lente de geografia do Liceu. Em 1892 foi transferido para o Rio de Janeiro, servindo como pároco de Santa Rita e, posteriormente, de Maricá, além de professorar no colégio Mayrink. Em 1894 passou a trabalhar como secretário do bispo de Amazonas, Dom José Lourenço da Costa Aguiar, cargo que ocupou por apenas quatro meses. Volveu a seu estado de origem neste mesmo ano, desta vez para ser capelão da Igreja de São Francisco das Chagas de Canindé, sendo o primeiro padre a oficiar a Semana Santa no local. O Instituto do Ceará publicou em 1902, de sua autoria, o texto “Notas Políticas e Religiosas da Vila de Canindé”. Deixando o santuário nas mãos dos frades capuchinhos em 1898, o padre Leitão tem ocupação desconhecida até o ano de 1900, quando parte para o Pará, sendo designado para exercer o labor sacerdotal em Castanhal – que, à época, tinha por centro a Colônia “José de Alencar”, constituída principalmente por cearenses fugidos da seca – e suas proximidades. Escolhido por Dom Antônio Manoel de Castilho Brandão como pró-pároco da Igreja de Nazaré, em Belém, em 1901, fica neste cargo até o final de 1902, quando o novo bispo do Pará, Dom Francisco do Rego Maia, nomeou-o para paroquiar Castanhal e seus arredores. Aí contribuiu para a instrução pública, dirigindo o Grupo Escolar de Castanhal , além de erigir a Igreja de São José, em 1911, ao lado do Grupo Escolar. No Livro de Tombo desta igreja deixou registradas suas impressões a respeito da paróquia. Nela veio a falecer aos 70 anos de idade, depois de dezoito anos de paroquiato.