Domingos Jaci Monteiro

" [...]. Doutor em medicina pela faculdade do Rio de Janeiro. Fez uma viagem à Europa, donde voltou também doutor em direito. Desde estudante tomou parte ativa no movimento literário de sua época e dedicou-se ao magistério em alguns colégios. Depois lecionou latim e francês como professor coadjuvante na escola central; historia moderna como professor interino no antigo colégio de Pedro II; português na escola normal; geografia e historia do Brasil no asilo da infância desvalida e foi, além disso, examinador em concursos de instrução secundaria, e em exames de preparatórios para cursos superiores, nos quais presidiu mesas; foi delegado da instrução primaria e secundaria do município da corte, e membro do conselho superior da instrução publica. Serviu muitos anos na secretaria do império, hoje do interior, donde, sendo subdiretor, foi demitido contra expressa disposição do regulamento, na situação liberal iniciada a 5 de janeiro de 1878, sendo mais tarde reintegrado nesse cargo, em que logo aposentou-se, e antes disto presidiu a província do Amazonas, de 1876 a 1877. Foi sócio fundador e vice-presidente da sociedade propagadora das belas-artes à qual, assim como ao liceu de artes e ofícios, prestou os mais relevantes serviços. É oficial da ordem da Rosa e cavaleiro da de Cristo. Escreveu:

• Arsenico e seus compostos, efeitos physiologicos e therapeuticos; De pondere characterum ab ovário fructuque in eadem planta ministratuum; De casibus ottotomiam reclamantibus, methodis ac rationibus: theses, etc. Rio de Janeiro, 1854, in-4º - Só o primeiro é desenvolvido em dissertação; os outros, em proposição, são escritos em latim.
• A justiça. Sátira 1ª: O ministério. (Rio de Janeiro, 1866) 24 pags. in-8º - Saiu sem frontispício e não continuou a publicação.
• Canto e soneto à memoria do poeta brazileiro Antonio Gonçalves Dias. Rio de Janeiro, 1867,9 págs. in-8º -- O Dr. Jacy foi, quem por obsequio à viúva do poeta que vendera à casa Garnier a propriedade da publicação, coordenou a quinta edição das poesias de Gonçalves Dias, aumentada de muitas poesias, inclusive os Timbiras, e que é a edição mais completa.
• Canto à inauguração da estatua equestre de D. Pedro I, monumento commemorativo da independencia do Brazil. Rio de Janeiro, 1862, 1 foI. - Foi reproduzido pelo Jornal do Commercio e por outros jornais.
• Discurso biographico do bacharel M. A. Alvares de Azevedo, recitado na 4ª sessão solene do Gymnasio Brazileiro, etc. - Vêm como introdução das obras de Manoel Antônio Alvares de Azevedo, coligidas e publicadas por Jacy Monteiro em 1853 e nas duas edições subsequentes.
• Discurso pronunciado na Sessão da Assembleia Geral do Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado no dia 24 de novembro de 1872. Rio de Janeiro, 1872, in-4º - Esta sessão teve lugar pela inauguração do retrato do Visconde do Rio Branco.
• A conversão dos bens das ordens regulares em apolices da divida publica intransferiveis. Rio de Janeiro, 1870, 24 págs. in-8º.
• Relatório apresentado ao Exmo.. Sr. Dr. Agesilau Pereira da Silva, presidente da Província do Amazonas, depois de ter entregue a administração da Província em 26 de maio de 1877. Manaus, 1878,69 págs. in-fol., seguido de anexos - Este relatório foi impresso um ano depois, na ausência do autor e, segundo fui informado, com algumas omissões ou alterações. Jacy Monteiro desde 1847 escreveu artigos, principalmente sobre letras e ciências e muitas poesias no Diario do Rio de Janeiro sob a redação do conselheiro Josino do Nascimento e Silva, sendo notáveis os escritos políticos com o titulo Nova época, em 1857; no Correio Mercantil sob a direção de J. M. da S. Paranhos (depois Visconde do Rio Branco) e Francisco Octaviano; no Philanthropo que, começando em 1849, passou a ser do n. 76 em diante órgão da sociedade contra o trafico dos africanos e promotora da colonização e civilização dos indígenas, da qual ele foi sócio; no Correio do Brazil e no Velho Brazil, redigidos por Justiniano J. da Rocha; no Atheneo, da Bahia; na Epoca Litteraria também, da Bahia; na Revista Universal Maranhense; no Beija-flor; na Gazeta dos Hospitaes; nos Harpejos Poeticos; na Semana Illustrada; no Bazar Volante e na Voz da Juventude, donde o seu
• Epicedio por occasião da morte do bacharel Manoel Antonio Alvares de Azevedo - foi reimpresso no Florilegio da infancia. A Voz da Juventude, publicada no Rio de Janeiro de junho de 1849 a novembro de 1850, foi depois declarada revista do ginásio brasileiro, passando a seu redator o Dr. Jacy Monteiro, que ainda redigiu:
• Guaracinga: revista litteraria. Rio de Janeiro, 1850-1851, 72 pags. in-8º - Só saíram seis números, sendo também da redação Antonio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Manoel Antonio Duarte de Azevedo, depois lentes da faculdade de S. Paulo.
• Tres de Maio: (folha politica) Rio de Janeiro, 1858, in-fol.
• Brazil Artistico: revista da sociedade propagadora das belas-artes. Rio de Janeiro, 1857-1858, in-fol. de duas colunas. - Foi também da redação F. J. Bettencourt da Silva e só saíram seis números, sendo o primeiro a 25 de março de 1857 e o ultimo em março de 1858. Nesta revista acha-se de Jacy Monteiro:
• Discurso recitado na sessão solene da inauguração da sociedade propagadora das belas-artes do Rio de Janeiro - no n. 3, ocupando 16 colunas, assim como
• Um fauno vivo: anedota da vida de Coysevox por Molière – no n. 5, ocupando 11 colunas".

Referência:

DOMINGOS JACY MONTEIRO 1º. In: BLAKE, A. V. A. S. Diccionario Bibliographico Brazileiro, Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1893, vol. 2, p. 208-211.