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About Dr. Garcia de Orta Gomes
Garcia de Orta (Castelo de Vide, c.1500 — Goa, c.1568). Médico judeu português que viveu na Índia no século XVI. Autor pioneiro sobre Botânica, Farmacologia, Medicina tropical e Antropologia.
Nasceu em 1501 em Castelo de Vide, filho do mercador Fernando (Isaac) de Orta e de Leonor Gomes. Os pais eram judeus espanhóis e por isso, foram expulsos do país pelos Reis Católicos (1492), refugiando-se em Castelo de Vide. Estudou nas Universidades de Salamanca e Alcalá de Henares, diplomando-se em Artes, Filosofia natural e Medicina, por volta de 1523.
Regressou a Castelo de Vide (1523) e foi dado como apto para praticar medicina em 1526, mudando-se então para Lisboa.
Em Lisboa, tornou-se médico de D. João III e conheceu o grande matemático Pedro Nunes. Foi escolhido para dar conferências de Filosofia Natural na Universidade de Lisboa, e em 1533 foi eleito pelo conselho para professor da cadeira.
Embarcou para a Índia a 12 de Março de 1534 como médico pessoal de Martim Afonso de Sousa, que foi para o Oriente como capitão-mor do mar da Índia entre 1534 e 1538 e governador de 1542 a 1545.
Depois de acompanhar o seu patrono durante os quatro anos em que este granjeou grande prestígio em várias campanhas militares na Índia, Orta estabeleceu-se como médico em Goa, onde adquiriu grande reputação. Aí ganhou a amizade de Luís de Camões.
Graças ao seu serviço e amizade com o Vice-Rei, foi lhe doado o foro da cidade de Bombaim, então sob domínio português.
Em 1541 casou com uma rica herdeira, Brianda de Solis e tiveram várias filhas. Depois do regresso de M. A. de Sousa a Portugal, Orta permaneceu na Índia como médico.
Foi considerado um médico conceituado em Goa, praticando medicina no hospital e na prisão de Goa.
Foi médico de figuras relevantes do meio político e social como o Sultão de Ahmadnagar, exercendo igualmente o comércio e outras actividades lucrativas. Apesar de nunca ter visitado a região do Golfo Pérsico ou de ter viajado para oriente de Ceilão, Orta contactou em Goa com comerciantes e viajantes de todas as nacionalidades e religiões.
Garcia de Orta faleceu em Goa em 1568 sem nunca ter tido directamente problemas com a Inquisição, apesar de esta ter estabelecido um tribunal na Índia em 1565.
Contudo, logo após a morte de Orta, a Inquisição iniciou uma feroz perseguição à sua família. A sua irmã, Catarina, foi condenada por judaísmo e queimada viva num Auto-de-Fé em Goa, em 1569. Esta perseguição culminou em 1580 com a exumação da Sé de Goa dos restos mortais do próprio médico e a sua condenação à fogueira por judaísmo.
A obra que perpetuou o nome de Garcia de Orta foi o livro Colóquio dos simples e drogas e coisas medicinais da Índia, editado em Goa em 1563. Este trabalho está em português e na forma de diálogo entre o próprio Orta e Ruano, um colega recém-chegado a Goa e ansioso por conhecer a matéria médica da Índia. Os Colóquios incluem 58 capítulos onde se estuda um número aproximadamente igual de drogas orientais, principalmente de origem vegetal, como o aloés, o benjoim, a cânfora, a canafístula, o ópio, o ruibarbo, os tamarindos e muitas outras.
Nesses capítulos, Orta apresenta a primeira descrição rigorosa feita por um europeu das características botânicas (tamanho e forma da planta), origem e propriedades terapêuticas de muitas plantas medicinais que, apesar de conhecidas anteriormente na Europa, o eram de maneira errada ou muito incompleta e apenas na forma da droga, ou seja, na forma de parte da planta colhida e seca.
Contrariamente à atitude dominante entre os médicos portugueses dos séculos XVI a XVIII, que consideraram o estudo da matéria médica como um tema menor, dirigindo os seus dotes literários para as observações clínicas, Orta interessou-se prioritariamente pelo estudo das propriedades das drogas e medicamentos.
Para além do seu valor científico, esta obra inclui a primeira poesia impressa da autoria de Luís de Camões.
Orta não só não receou que o seu gosto pela matéria médica e pela botânica pudesse levar a que fosse confundido com um boticário, pois viu-se obrigado a dispensar a tutela do próprio Dioscórides, ao tratar de drogas medicinais que o autor greco-romano na sua maioria desconhecia.
Apesar de se apoiar na autoridade de vários autores, como Dioscórides, Plínio, Avicena, Serapião e Antonio Musa Brasavola, Orta não hesita em dar a primazia à autoridade da sua própria experiência: "Não me ponhais medo com Dioscórides nem Galeno, porque não hei de dizer senão a verdade, e o que sei", exclamou ele no colóquio n.º9.
Apesar de se debruçar prioritariamente sobre a matéria médica, Orta também inclui, além de vários outros assuntos, algumas observações clínicas, das quais é de destacar a primeira descrição da cólera asiática feita por um europeu, baseada na autópsia de um doente seu falecido com a doença.
Escrito em português, e não em latim como era habitual na literatura médica, o livro de Garcia de Orta só se tornou conhecido na Europa através da versão latina editada pelo médico e botânico Charles de l'Escluse, também conhecido por Clusius (1525-1609).
Clusius esteve na Península Ibérica a herborizar entre Maio de 1564 e Maio de 1565, onde visitou Salamanca, Madrid, Alcalá de Henares e outras localidades. Clusius esteve em Portugal, nomeadamente em Lisboa em Coimbra, desde Setembro de 1564 até meados de Janeiro de 1565. Foi durante esta visita que Clusius obteve a posse de um exemplar do livro de Garcia de Orta.
Clusius publicou em 1567 a edição latina resumida e anotada dos Colóquios, intitulada Aromatum et Simplicium aliquot medicamentorum apud Indios nascentium historia ante biennium quidem Lusitanica língua… conscripta, D. Garcia ab Horto auctore.
A procura deste livro foi muito grande e ele contou com mais cinco edições revistas e ampliadas, ainda em vida. Além da versão de Clusius, os Colóquios circularam ainda em castelhano através do livro Tractado de las drogas y medicinas de las Indias Orientales (1578) do médico português Cristóvão da Costa (ca. 1525-1593). Como Clusius, Costa reorganizou a estrutura e corrigiu o texto de Orta, adicionando-lhe gravuras, que eram totalmente inexistentes nos Colóquios. Como fez com o texto original de Orta, Clusius também traduziu para latim o livro de Cristóvão da Costa.
Dr. Garcia de Orta Gomes's Timeline
1501 |
1501
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Castello de Vide
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1544 |
1544
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Goa, India
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1545 |
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Goa, India
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1548 |
1548
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Valencia, Spain
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1568 |
1568
Age 67
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Ilhas de Goa, Portuguese Empire - Goa (Índia Portuguesa), Kingdom of Portugal
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