João Weidlich

public profile

Is your surname Weidlich?

Connect to 208 Weidlich profiles on Geni

Share your family tree and photos with the people you know and love

  • Build your family tree online
  • Share photos and videos
  • Smart Matching™ technology
  • Free!

João Weidlich

Birthdate:
Death: São Paulo,Brasil
Immediate Family:

Husband of Amélia Capobianco
Father of Lia Weidlich

Managed by: Hellen Livia Drumond Marra Capob...
Last Updated:
view all

Immediate Family

About João Weidlich

GEDCOM Note

Claro que ele era pró nazismo, quem não era? Eu mesmo fui de Panzer Divisionem, piloto de Stuka, adorava fazer "poilus"correr. Só não fui piloto de Dornier porque achava sujo bombardear civís.
"Alpino","Bersaglieri", então... até meu avô já me chamava assim.
Agora quando o Mussolini criou o corpo de Vanguardista e Balilas e queria que os italianos "del'estero" se engajassem, aí a coisa mudou. Ser Tom Mix era uma coisa, mas bandeira lá em casa sempre só teve uma: a brasileira. E, coitado de quem reclamasse para meu pai do Brasil, ou se metesse a fascista, nazista e maçom.
Mas como dizia, meu tio era nazista, festeiro e manso como bom vienense.
No seu aniversário, fizeram uma vasta festa caipira. Todas em chita, todos em botinão, chapéu de palha, bigodes a carvão, todas e todos desfilando em passo de ganso, cantando em alemão.
As músicas? Érica e Lili Marlene.
“Um milhão de pequenas abelinhas, Onde Estás ÉÉÉRICA?”. Sons e palavras ainda, hoje, sou capaz de repetir.
A apoteose foi linda: sob um arco de bambú os sobrinhos posaram com seus chapéus de palha, em cujas abas levantadas em que estava escrito: "Viva O Seu João". O José Pecora ria encabulado por ter ficado conhecido como o homem do Ó do João.
Uma das minhas irmãs tem essa fotografia, não quero ve-la. Que me interessa a verdade!

Derpois, só meu pai não morava na rua Alves Guimarães.

Mas, nem tudo era festa na casa da Amélia e do João. Seus filhos não vingavam, não passavam do escasso aninho.
Não sei se foi a pronúncia do tio, o Goethe da tia, a solenidade dos velórios de então, mas no amanhecer do dia do enterro do meu priminho Erasmo tive meu primeiro espasmo filosófico: não consegui entender aquele povo passando em frente dacasa, indo para o trabalho, rindo, conversando como se nada tivesse acontecido, indiferente ao bebê velado.
Foi revoltante.
O João não tinha jeito: moderno, europeu, chique, mas era mesmo meio pirado junto com os sobrinhos adotados, pirados e meio.
Sei que era vienense, mas contava coisas da Hungria , da sua irmã Carla que lá morava (seus hábitos de cavalgar e quebrar copos deviam ser húngaros). Do Tokay, também. Mas o que queria contar é que quando sua filha finalmente sobreviveu ao primeiro ano, lá veio festa e com ele o toast húngaro - não sei como se escreve, mas sôa "mulachaik": "Prosit" e copos pelas costas.
Quebramos um jogo completo de cristal da Boemia de minha Amélia.
Depois, ela dise tudo ser alegria e até tinha apurado um dinheirlnho na venda dos cacos. Mentirosa: me contaram que chorou muito.

Muitos anos depois, no nosso noivado, lembrando do João, Joaninha e eu jogamos a taças de champagne por sobre os ombros.Aos vinte a gente é sempre um pouco hussardo, valente, ousado quando a dama valia – e continua valendo – brilhantes.
Na verdade as taças eram Saint Louis, meu sogro não era húngaro e não morava na rua Alves Guimarães.
Só tirou um pigarro

Quando a irmã do João, Carla, veio passear no Brasil, a recepção solene foi na casa dos meus pais que não era na rua Alves Guimarães. Mamãe muito caprichosa baixou a cristaleira. Tudo reluzindo. Mesa enorme. Na cabeceira meus pais, Carla, meus tios; nas laterais a hierarquirca distribuição dos parentes, nos pés os primos homens.
Não sei se foi nessa festa, talvez um pouco solene para isso, mas logo acrecentamos novas saudações ao nosso ecletismo lingüístico: a cada "prosit" - não eram poucos – gritávamos concluindo, "Tutta la gente".
Brindes demais, língua solta, e,
lá da ponta de baixo, a grossa a baixaria: "João, como se fala vaca em alemão?"

O Ferri, o Fernando Muller, era sobrinho da banda de lá do meu tio.
Esse conheci bem. Muito mais velho foi meu companheiro de chopes e brincadeiras. Sei que vive em Jundiaí; encontrei com sua filha ha algum tempo, fiquei de telefonar e não o fiz. O Ferri que me interessa é aquele de sessenta(?) anos atrás, o pianista, o gigante risonho. Falava bem português com o necessário sotaque para se manter europeu. É claro que houve recepção quando ele veiu para o Brasil - imagine se a Amélia e o João iam deixar passar - e interessante o quiproquó. Azélio, meu irmão mais velho, elegante, loiro, bigodes finos, olhos azuis, o toscano. O Ferri moreno, olhos castanhos, bigodes e cabelos pretos, espadaúdo, sapato quarenta e seis, jamais um ariano. Quem era o austríaco, quem o brasileiro? Foi um troca -troca de línguas danado. Acho que ninguém entendeu ou se entendeu.
Esse povo da rua Alves Guimarães! Será que Amélia e João já moravam no Sumaré? Mas aí já não teria tanta graça.

view all

João Weidlich's Timeline