Manuel Ferreira de Azevedo

GEDCOM Note

Testamento

Traslado do testamento do Alferes Manuel Ferreira de Azevedo. Em nome da Santíssima Trindade, Padre, Filho e Espírito Santo em quem creio, e nesta crença tenho sempre vivido e protesto viver e morrer.Como me acho bastantemente enfermo, porém em meu perfeito juízo e potência da alma, determino fazer este meu testamento e última vontade. Declaro eu Manuel Ferreira de Azevedo, que sou casado com Dona Joaquina Bernarda Fontes, de cujo casal tivemos filho, que já é falecido e nenhum natural afirmo que não tenho. E sou natural deste arraial de Congonhas do Campo. Declaro em primeiro lugar por minhatestamenteira minha mulher D. Joaquina Bernarda Fontes, em segundo lugar o Reverendo Pároco Padre Higino Ferreira Paulino, em terceiro lugar a João Ribeiro, negociante deste lugar a quem rogo... Declaro que somo meeiro com minha mulher a deixo como herdeira universal de tudo quanto possuo e da terça juntamente. Declaro que o que gastei mais foi somente na parte que me tocava da herança de meus pais e nunca foi para lesar o que a minha mulher pertencia por direito: isto declaro como se me casasse com ela com Carta de .... Declaro que sou irmão de São José deste arraial cujo hábito quero ser envolto e me corpo acompanhado pelo meu Reverendo Pároco e mais sacerdotes que existirem em a Matriz ou na Capela de São José, e que estes sacerdotes todos deste arraial dirão uma missa de corpo presente, um oitavário com a esmola de mil réis. Declaro que alguma disposição que tenha a fazer fica fechada em cédula à minha mulher, não ficando ela obrigada a dar contas em juízo. Declaro que alguma dívida ativa ou passiva se acha declarado por letra e firma minha e meu testamenteiro ira pagar à irmandade [o] que eu dever. Declaro que dou a meu testamenteiro que se encarregar desta minha testamentária o prazo de quatro anos para dar contas e por prêmio de seu trabalho deixo cem mil réis. Declaro finalmente que se o terceiro testamenteiro oferecer alguma dúvida em o aceitar esta testamentária, nomeado fica em seu lugar o Major Lucas Antônio Monteiro de Castro.
Deste modo tenho concluído o meu testamento e última vontade. Portanto rogo às justiças de sua Magestade Imperial queiram dar todo o vigor e qualidade conforme as leis constitucionais deste Império. Por me achar muito assistido da enfermidade, roguei ao Padre Antônio Valeriano Gonçalves de Andrade que este por mim fizesse e eu assinasse a ele como testemunha também assinassem. Manuel Ferreira de Azevedo como testemunha que este fiz a rogo do testador supra. O padre Antônio Valeriano Gonçalves de Andrade, Sacerdote da Congregação das Missões.

Códice 110 - Auto 1405 - 1º Ofício (Casa do Pilar - Ouro Preto)

Inventário dos bens

1. Declarou a testamenteira inventariante de por falecimento de seu finado marido não ficaram dinheiro algum em ouro, prata, barras, moedas, notas e nem joias.

Escravo

1. Apresentou a testamenteira inventariante um escravo de nome Manuel, da nação Mina, de idade de cinquenta anos, pouco mais ou menos, visto e avaliado pelos avaliadores na quantia de cem mil réis.

Cobre

1. Apresentou mais a mesma viúva inventariante um tacho de cobre pequeno em bom uso com o peso de três libras, visto e avaliado pelos mesmos avaliadores a seiscentos e quarenta e seis cada uma libra, que importa na quantia de dois mil duzentos e quarenta réis.

Estanho

1. Apresentou mais a mesma viúva inventariante um jarro e bacia de estanho em bom uso, visto e avaliado pelos mesmos avaliadores na quantia de dois mil e quatrocentos réis.

Vidros

1. Apresentou mais a mesma viúva inventariante um garrafão de vidro vário, visto e avaliado pelos mesmos avaliadores na quantia de quatrocentos e quarenta réis.

Móveis

1. Apresentou mais a mesma viúva inventariante um caixão grande de madeira branca, visto e avaliado pelos mesmos avaliadores na quantia de dois mil réis.

Bens de raiz

1. Declarou a viúva inventariante existir como bens de seu casal na propriedade de casas de vivenda com diversos cômodos, e examinadas, situada no lugar denominado Porto da Estrela, da Província do Riode Janeiro, na rua principal e esquina do cáis de Santo Honório, com armazem para despejo, e que foi avaliada na quantia de quatrocentos e oitenta mil réis, a quantia da sobredita propriedade de quatrocentos e oitenta mil réis que sai à margem.
2. Declarou mais a mesma viúva inventariante existir no mesmo casal outra propriedade de casa de vivenda situada na mesma paragem do lugar do Porto da Estrela, na Província do Rio de Janeiro, e esquinado Cáis de Santo Honório, na rua principal, e contiguas à casa da declaração supra, sendo a propriedade avaliada em dois contos de réis, somente na mesma propriedade a quantia de quatrocentos mil réis que sai à margem.
3. Declarou a mesma viúva inventariante pertencer ao casal na outra propriedade de casas de vivenda, contiguas às duas propriedades acima declaradas, situada na mesma rua principal e esquina do cáis deSanto Honório, no Porto da Estrela, na Província do Rio de Janeiro, que foram avaliadas pela quantia de dois contos e duzentos mil réis, tão somente na dita propriedade a quantia de quatrocentos e quarenta mil réis que sai à margem.
4. Declarou mais a mesma viúva inventariante pertencer ao mesmo casal telheiro e quartos anexos situado na paragem e lugar do cáis de Santo Honório, na esquina da rua principal no Porto da Estrela, Província do Rio de Janeiro, que ficou avaliada na quantia de setenta mil réis, somente a quantia de quatorze mil réis, com que sai.
5. Declarou mais a mesma viúva inventariante pertencer ao casal uma propriedade de casas de vivenda situada em o arraial de Congonhas do Campo, em a Rua Direita, à qual é feita de pedras, com plantaçãode diversas árvores e cafés, com vários cômodos, e com um ... pelo lado esquerdo, confrontando por ele com a estalagem que se acha na mesma rua em que é situada, e pelo lado direito confrontando com um chão, sendo avaliado na quantia de um conto e duzentos mil réis, somente quantia de duzentos mil réis que sai.
6. Declarou mais a viúva inventariante pertencer ao seu casal em outra propriedade e casas de vivenda, feita de pedras e coberta de telhas com ranchos para tropeiros e cômodos para negociar de fazendas, secos e molhados e com bom terreno tapado de muros de pedras que serve para pasto, situado na mesma Rua Direita deste Arraial de Congonhas do Campo, perto da ponte que segue para Matozinhos, sendo avaliado na quantia de um conto e seiscenos mil réis, somente a quantia de trezentos mil réis que sai.
7. Declarou mais a mesma viúva inventariante pertencer ao seu casal em o Sítio denominado Bebe-Água, com uma pequena casa de vivenda coberta de telhas e feita de pedras, com poucos cômodos, com uma porção de terras com campos e valadas e cercada de muros de pedra, sendo avaliado na quantia de duzentos mil réis, somente a quantia de quarenta mil réis com que sai.

E por ser findo o dia e não poder continuar nas averiguações, mandou o dito ministro fazer o presente ... dos bens até aqui avaliados e inventariados, entregados e depositados em mão e poder da mesma viúva inventariante que deles tomou conta ... E para constar faço este termo em que assinam a dita viúva inventariante como o dito ministro, eu, Bernardino Rodrigues de Sousa, tabelião que escrevi, Henriques.
Joaquim Bernardo Fontes
Lucas Antônio Monteiro de Castro
Francisco de Paula Soares Ferreira

Ajuntada

Aos dezessete dias do mês de março do ano de mil oitocentos e quarenta e nove, vigésimo oitavo da independência e Império do Brasil, neste Arraial de Congonhas do Campo, termo e comarca da Imperial cidade de Ouro Preto, nas casas de vivenda de Joaquina Bernarda Fontes, viúva de Manuel Ferreira de Azevedo, estando aí presente a sua viúva, dita Joaquina Bernarda Fontes, a ela determinou o mesmo ministro que continuasse a apresentar todos os mais bens e dívidas pertencentes ao casal debaixo do juramento que já prestou, e que assim prometeu cumprir e no fim assina com o dito ministro, eu Bernardino Rodrigues de Sousa, tabelião que o escrevi.

Dívidas ativas

1. Declarou a viúva inventariante por tença [pens%C3%A3o periódica, ordinariamente em dinheiro, que alguém recebe do Estado ou de particular, para seu sustento] dever ao seu casal Francisco Alves Machado, [Conde de Agarez - nasceu em São Paulo a 21.12.1791 e morreu em Niterói a 4.01.1846. Político brasileiro] arrendatário das propriedades sitas no Porto da Estrela e Provincia do Rio de Janeiro cujas amontadas ... montarão na quantia de seis contos de réis, somente a quantia de um conto e trezentos mil réis que sai.
2. Declarou mais a viúva inventariante dever ao seu casal o Alferes Salviano Martins Ramos, morador na Província do Rio de Janeiro, na sua fazenda do Salto, de dinheiro que o mesmo recebeu por empréstimo em data de quinze de março de mil oitocentos e quarenta e quatro, à prêmio de quinze por cento ao ano, sendo o total de sete contos e oitocentos e trinta mil réis, somente a quantia de um conto e quatrocentos e vinte e seis mi réis que sai.
3. Declarou a mesma viúva inventariante dever a seu casal o Capitão João Manuel Rodrigues Caldas, morador na Província do Rio de Janeiro, na fazenda do Secretário, por dinheiro, que o mesmo recebeu porempréstimo na data de vinte de junho de mil oitocentos e quarenta e três, a prêmio de um e meio por cento ao mês, sendo o total de três contos, duzentos e noventa e oito mil, quatrocentos e oitenta réis, somente a quantia de um conto, sessenta e cinco mil, seiscentos e noventa e cinco réis.
4. Declarou ao final a mesma viúva inventariante que as declarações acima feitas, assim quanto à existência dos sobreditos bens de raiz e móveis, como quanto às dívidas ativas eram pertencentes ao seu casal em razão de haverem tocado ao falecido seu marido Manuel Ferreira de Azevedo nas partilhas a que se procedeu por morte do Sargento Manuel Ferreira de Azevedo e de sua mulher Dona Jacinta Perpétua Brandão, pais do sobredito falecido marido dela inventariante.