Manuel de Saldanha da Gama Ferrão de Castelo-Branco, 9.º conde da Ponte

Manuel Maria José Saldanha da Gama Ferrão de Castello Branco (1874-1945), 9º Conde da Ponte, foi Ajudante de Campo do Príncipe D. Luís Filipe. Oficial da Armada; Presidente do Conselho de Administração da CNN - Companhia Nacional de Navegação. Grande Oficial da Classe de Mérito Industrial (1930).

A Empresa Nacional de Navegação (ENN), constituída no ano de 1881, mediante contrato com o Governo Português para efectuar a ligação de Lisboa a Moçâmedes, as ligações entre as ilhas de Cabo Verde e as ligações entre Cabo Verde e a Guiné, por um período de 10 anos, deu origem à Companhia Nacional de Navegação (CNN) que se constitui em 4 de Abril de 1918, resultante da transformação da parceria marítima «Empresa Nacional de Navegação a Vapor para a África Portuguesa», em Sociedade Anónima.

A transferência do património da ENN para a CNN fez-se a 1 de Julho de 1918, mantendo-se a frota e as cores da anterior Companhia.

Em 1922, a CNN faz a sua primeira aquisição: o paquete holandês "Sindoro" a que se dá o nome de "Pedro Gomes" e no ano seguinte o "Albertville" rebaptizado "Angola". Estes navios asseguravam as carreiras regulares entre o Norte da Europa e a África Ocidental.

Em 1933, a CNN sofre uma gravíssima crise sendo gerida, até Outubro de 1936, por uma comissão administrativa nomeada pelo governo de Salazar. Entre 1938 a 1945, a Companhia adquire os paquetes "S.Tomé", "Angola" e "Moçambique" destinados à carreira de África. Em 1952, inaugura a carreira do Oriente com os paquetes "Índia" e "Timor". Ainda em 1952, num período de ressurgimento da Marinha Mercante Portuguesa, a CNN encomenda a construção do "Niassa" destinado à carreira da África Oriental. Em 1961, é adquirido o paquete "Príncipe Perfeito", o maior navio da Companhia e o segundo maior de todos os paquetes portugueses. Durante a década de 60 do séc.XX os navios da CNN farão regularmente a linha de África, fazendo a maior parte do transporte dos contingentes militares, material, funcionários do Estado e portugueses que iam para os antigos territórios portugueses em África.

Em 1972, através de fusão das companhias, a CNN adquire os navios da antiga Sociedade Geral (de Comércio Indústria e Transportes), empresa criada em 1919 e cuja actividade estava directamente ligada à CUF - Companhia União Fabril - no transporte de matérias primas e de produtos saídos das suas unidades fabris . Em 25 de Abril de 1974 a CNN possuía, em actividade, cinco navios empenhados no transporte de passageiros e bagagens das ex-colónias para Portugal.

Com o processo de descolonização, a CNN - intervencionada pelo Estado - perde o seu negócio original e entra num período de decadência, marcado por grande instabilidade e conflitos laborais: em 1976 é vendido o "Príncipe Perfeito" e em 1979 o "Niassa" até que a 3 de Maio 1985, por Decreto-Lei nº 138/85, e após várias tentativas de reestruturação, a CNN foi extinta, em simultâneo com a outra grande empresa de navegação - a Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos (CTM).

Ao longo de mais de cinquenta anos de existência a CNN deteve cinquenta e quatro navios com deslocamento variando entre as 221 toneladas de arqueação bruta do "Pirata Azul" (1972) e as 19 393 toneladas do "Príncipe Perfeito" (1961). O navio com a menor lotação, 12 passageiros, foi o "Save" e o com a maior foi o "Príncipe Perfeito", 1000 passageiros.

De acordo com o anúncio da empresa publicado na revista «O Mundo Português», número 86, de Fevereiro de 1941, a Companhia Nacional de Navegação mandou construir na década de 1930 quase vinte mil toneladas, correspondentes aos navios Quanza (6.000 toneladas), S. Thomé (9.100), Inharrime (1.665) e Tagus (1.600).

Tal anúncio informa ainda que, no início desse ano, a CNN dispunha também dos navios Nyassa (9.000), Angola (8.300), Cubango (8.300), Lourenço Marques (6.400), Cabo Verde (6.200), Congo (5.000), Luabo (1.385), Chinde (1.382) e Save (763).

Em Moçambique prestavam serviço costeiro as unidades Chinde, Luabo e Save, destinando-se o navio Inharrime ao serviço de cabotagem.

Os navios Angola, Nyassa e Quanza serviam a linha rápida da África Oriental, destinando-se os navios Lourenço Marques e S. Thomé à linha rápida da África Ocidental. As unidades Cabo Verde e Cubango desempenhavam serviço de carga também na África Ocidental.

Dos restantes, o navio Tagus prestava serviço de cabotagem entre o Porto e Lisboa e o navio Congo encontrava-se de reserva em Lisboa.

O serviço de carga e passageiros para a África Oriental partia mensalmente de Lisboa no dia 30 e o serviço para a África Ocidental tinha também a mesma periodicidade, partindo no dia 6 de cada mês.

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