Historical records matching Luiz Dumont Villares
Immediate Family
-
Privatechild
-
Private Userchild
-
Privatechild
-
Privatechild
-
mother
-
sister
-
brother
-
sister
-
brother
-
brother
About Luiz Dumont Villares
Para domar o stress, Luiz Dumont Villares - dono das Indústrias Villares, que fabricavam os elevadores Atlas - recorria a um antídoto: voar. O temperamento audacioso era herança familiar. Corria no sangue do "tio Alberto", ou Santos Dumont, o inventor do avião, irmão de sua mãe. Luiz era metido a piloto desde a época de estudante de Engenharia em Zurique, na Suíça, nos anos 20. Em 1947, comprou um monomotor que ele próprio dirigia para ir de São Paulo a São José dos Campos no inverno. Outra diversão eram os automóveis. Num final de tarde, já na década de 60, acompanhou o filho Paulo quando este foi apanhar o Fusca que deixara na oficina. Na volta, ao volante de seu Jaguar, o velho Luiz aproveitou a parada no semáforo para abrir a janela e propor um pega: "É um, é dois e é três..." E pisou fundo. Só no semáforo seguinte se deu conta de que o Fusca em seu calcanhar não era o do filho. Paulo Diederichsen Villares relembra em depoimento a ISTOÉ: "Fiquei atônito ao ver papai passar em frente à casa sem entrar na garagem e um carro a persegui-lo. Depois, contou que o desconhecido resolveu tirar satisfações e ele simplesmente mandou o sujeito lamber sabão."
Órfão duas vezes
Nascido na cidade do Porto (Portugal) a 28 de dezembro de 1899, Luiz foi registrado como brasileiro no consulado, como revela o livro inédito de Ignácio de Loyola Brandão e Deonísio Silva, em comemoração aos 80 anos das Indústrias Villares (completados em 1998), ao qual ISTOÉ teve acesso. O pai, Carlos, construiu ferrovias no interior do Brasil antes de voltar para Portugal, em 1894. Cantava ópera, tocava violino e apresentava-se em circos por distração. Em 1911, foi encontrado morto na cabine de um trem noturno que ia para Paris, episódio até hoje não esclarecido. A partir daí, outro Carlos, o irmão mais velho, assumiu para Luiz a figura paterna. Em 1917, o irmão veio para o Brasil, enquanto Luiz estudava na Suíça. Carlos virou sócio da Pirie, Villares & Cia., firma de São Paulo que importava peças para montar elevadores e passou a produzir componentes elétricos e mecânicos. Tinha uma companheira fiel: a motocicleta. Em 1922, derrapou nos trilhos do bonde da avenida São João e bateu a cabeça contra o meio-fio. Morreu aos 29 anos. Luiz sentiu-se órfão pela segunda vez.
A princípio como funcionário e logo como sócio, Luiz ocupou o lugar do irmão na empresa que funcionava numa casa apertada no centro de São Paulo. Parte da montagem dos elevadores era feita na calçada sob o viaduto de Santa Efigênia. Os clientes eram conquistados no corpo a corpo. Ao avistar um prédio em construção, perguntava: "Tem elevador?" Acontecia de, ao instalar o equipamento, descobrir que não cabia no poço. Na época, usavam-se fitas métricas importadas com medidas diferentes em cada face. De um lado, polegadas inglesas e, de outro, polegadas portuguesas.
Em 1926, casou com Leonor e aproveitou a lua-de-mel nos Estados Unidos para visitar a fábrica da Westing-house. Ficou surpreso quando os americanos ofereceram a representação de um produto revolucionário, a geladeira elétrica. Na volta, adotou agressiva e primitiva mala direta: pegava a lista telefônica e oferecia a Frigidaire a padarias, açougues e sorveterias. "O sucesso da geladeira permitiu a ele acumular o pé-de-meia necessário para montar a fábrica do Canindé, onde tudo começou", conta o filho Paulo. Era um galpão sem portas ou cerca em que as máquinas eram ligadas por correias de couro a um motor central distante. Às vezes, o rio Tietê subia e tudo se transformava em várzea. Então, o guarda noturno virava barqueiro.
Fio do bigode
Luiz prosseguia irredutível com a intenção de implantar a indústria, apesar das intempéries. Passou a fabricar motores, cabinas e portas de elevadores. Quando percebeu que os fornecedores não tinham fôlego para acompanhá-lo, resolveu ele próprio produzir peças fundidas em aço. Em 1941, recebeu a visita do presidente Getúlio Vargas ao inaugurar a primeira prensa de forjamento de aço de 500 toneladas da América Latina. A partir daí, o crescimento foi vertiginoso. Batizou de Atlas a fábrica de elevadores e criou a Aços Villares. Eram tempos mais amenos. Quando pediu à Light um acréscimo de energia elétrica, não houve assinatura de contrato. O presidente da Light, Odilon de Souza, puxou um fio da barba para selar o compromisso, que foi cumprido.
Nos anos 50, a Atlas era a terceira do mundo e ele ganhou a concorrência para instalar elevadores em todos os prédios oficiais de Brasília. Em 1963, aceitou ser presidente da Cosipa (estatal do aço) e, quando os militares tomaram o poder, instauraram inquérito contra ele. Em 1965, a denúncia foi rejeitada pelo Ministério Público. Em 1966, sentiu-se mal no metrô de Nova York. Eram os primeiros sintomas dos problemas circulatórios que o matariam a 14 de junho de 1979. As dificuldades levaram a empresa, em 1995, a associar-se à Acesita e ao grupo Sul América. E foi justamente o desinteresse dos sócios em prosseguir no ramo dos elevadores que levou a holding a vender a Atlas, em maio de 1999. "Como a empresa ia bem, era hora boa para vender. A família tinha apenas 16% da companhia e ficou em posição fragilizada para tocá-la sozinha", afirma Paulo Villares. Um instante depois, como se lembrasse a trajetória do pai, ele acrescenta: "Vender a Atlas doeu muito, doeu demais."
VOCÊ SABIA?
Tinha visão futurista e introduziu no País idéias como a da garagem automática. "Vai chegar um momento em que estacionar será impossível e aí precisaremos estocar carros em prédios", previu no início dos anos 50. Custou a ser entendido e só em 1960 construiu a Garagem Araújo, em São Paulo, com 25 andares para 322 automóveis. Também fabricou os primeiros trólebus (ônibus elétricos) nacionais.
- Reference: MyHeritage Family Trees - SmartCopy: May 22 2019, 0:18:43 UTC
Luiz Dumont Villares's Timeline
1899 |
December 28, 1899
|
Porto, Portugal
|
|
1979 |
June 14, 1979
Age 79
|
São Paulo, SP, Brasil (Brazil)
|