Manuel Fernandes Ramos

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Manuel Fernandes Ramos

Portuguese: Manoel Fernandes Ramos
Also Known As: "Manoel Fernandes Ramos"
Birthdate:
Birthplace: Moura, Beja, Portugal
Death: São Paulo, São Paulo, Brazil
Immediate Family:

Son of Jose Manoel Manoel Fernandes Rico and Enriqueta Sanches
Husband of Susana Dias
Father of Catarina Dias; Paula Fernandes; Manuel Fernandes Gigante; Domingos Fernandes, fundador de Itú, SP; André Fernandes and 13 others

Occupation: Governador
Managed by: Private User
Last Updated:

About Manuel Fernandes Ramos

  • Genealogia Paulistana
  • Luiz Gonzaga da Silva Leme (1852-1919)
  • Vol VII - Pág. 224 a 258
  • Tit.
  • === Fernandes Povoadores===

Pág. 224

Manoel Fernandes Ramos

, natural de Moura, Portugal, veio à capitania de S. Vicente na 2.ª parte do século 16.º e ali casou com Suzanna Dias, f.ª de Lopo Dias e de Beatriz Dias, por esta, neta de Martim Affonso Tibiriçá, régulo de Piratininga (1). Exerceu Manoel Fernandes Ramos os cargos do governo de S. Paulo até o fim do século 16.º. Fundada a povoação de Parnaíba pelos anos de 1580 (cuja primitiva capela foi levantada sob a invocação de Santo Antonio numa ilha do rio Anhembi ou Tietê, e mais tarde mudada para a colina e construída sob a invocação de Santa Anna) por André Fernandes, segundo uns, por Manoel Fernandes Ramos com o concurso de sua mulher e filhos, segundo outros, passou Suzanna Dias a residir nessa povoação onde vivia no princípio do século 17.º com seus filhos.

O nome Parnaíba, segundo se vê no livro do Tombo dessa vila, vem de perna-aïva ou perna feridenta: a de um homem que foi um dos primeiros moradores desse lugar. Em 1625 foi elevada essa povoação a vila, e até data muito recente ainda existia um dos primeiros livros de notas de tabelião datado de 1629, em que estavam registradas muitas procurações passadas por diversas pessoas, então ali residentes, principalmente pelos membros da família Fernandes.

Falecendo Manoel Fernandes Ramos passou Suzanna Dias a 2.ª núpcias com Melchior da Costa, viúvo de Izabel Rodrigues, falecido com testamento em 1625 em Parnaíba, e Suzanna Dias sobreviveu a ambos os maridos, vindo a falecer em 1634 nessa vila deixando somente do 1.º marido 13 f.ºs.,

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Natural de Moura (Portugal). Consta como escrivão da Câmara de Piratininga (atual São Paulo, Brasil) em 1564. Teve uma fazendo dos lados do Ibirapuera (São Paulo). Foi juiz ordinário, almotacel, ouvidor eclesiástico e vereador entre 1575 e 1589. Seguiu na bandeira de Jerônimo Leitão a Paranaguá, em 1585. Participou dos primeiros encontros contra os índios tamoios, tupiniquins e carijós. Faleceu nos últimos meses de 1589. (Cf. Revista Genealógica Latina, 1951, vol. 3, p. 77; ALBUQUERQUE, Pedro Wilson Carrano. Lysâneas Maciel e seus antepassados. Usina de Letras, www.usinadeletras.com.br)

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Manoel Fernandes Ramos, natural de Moura, Portugal, veio à capitania de S. Vicente na 2.ª parte do século 16.º e ali casou com Suzanna Dias, f.ª de Lopo Dias e de Beatriz Dias, por esta, neta de Martim Affonso Tibiriçá, régulo de Piratininga. Exerceu Manoel Fernandes Ramos os cargos do governo de S. Paulo até o fim do século 16.º. Fundada a povoação de Parnaíba pelos anos de 1580 (cuja primitiva capela foi levantada sob a invocação de Santo Antonio numa ilha do rio Anhembi ou Tietê, e mais tarde mudada para a colina e construída sob a invocação de Santa Anna) por André Fernandes, segundo uns, por Manoel Fernandes Ramos com o concurso de sua mulher e filhos, segundo outros, passou Suzanna Dias a residir nessa povoação onde vivia no princípio do século 17.º com seus filhos.

O nome Parnaíba, segundo se vê no livro do Tombo dessa vila, vem de perna-aïva ou perna feridenta: a de um homem que foi um dos primeiros moradores desse lugar. Em 1625 foi elevada essa povoação a vila, e até data muito recente ainda existia um dos primeiros livros de notas de tabelião datado de 1629, em que estavam registradas muitas procurações passadas por diversas pessoas, então ali residentes, principalmente pelos membros da família Fernandes.

Falecendo Manoel Fernandes Ramos passou Suzanna Dias a 2.ª núpcias com Melchior da Costa, viúvo de Izabel Rodrigues, falecido com testamento em 1625 em Parnaíba, e Suzanna Dias sobreviveu a ambos os maridos, vindo a falecer em 1634 nessa vila deixando somente do 1.º marido 13 f.ºs., dos quais conseguimos descobrir os 8 seguintes:

  1. Capitão André Fernandes
  2. Capitão Balthazar Fernandes
  3. Capitão Domingos Fernandes
  4. Pedro Fernandes
  5. Custódia Dias
  6. Benta Dias
  7. Angela Fernandes
  8. Izabel Fernandes

(http://buratto.org/paulistana/FernPov.htm)

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Era natural de Moura, Portugal. Chegou a S. Vicente quasi em éra martim-affonsina, na segunda metade do seculo XVI.

Nas actas da Camara de S. Paulo encontra-se a assignatura - Manoel Fernandes, não poucas vezes, porém, em nenhuma dellas encontrei o sobrenome Ramos. Dahi a confusão e a difficuldade de identificação exacta.

A 25 de Agosto de 1564, ha o substituto de João Fernandes, servindo de "escriban da camara desta vila he dallm° tacaira e orfãos he do publico judicial he de todos os hoficios q nesta vila soia haver cõforme a uma provisam q os ditos aficiaes apresentarão em Camara" (Actas da Camara de S. Paulo, vol. 1, pag. 45).

Tem-se tomado este Manoel Fernandes como sendo o primeiro marido de Suzana Dias, o segundo tabellião de S. Paulo.

Em 1572 occupava o importantissimo cargo de juiz ordinario. Sorteado quasi sempre, muito cooperou na governança de S. Paulo primitivo. Casara-se com Suzana Dias. O Dr. Americo Brasiliense A. de Moura traz até a data approximadamente em 1570. É provavel, no entretanto, é conjectura apenas, nada se sabe ao certo. De seu consorcio tivera treze filhos. Sao conhecidos oito: André Fernandes casou-se corn Antonia de Oliveira, Balthazar Fernandes casou-se com Isabel de Proença, Domingos Fernandes casou-se com Anna da Costa, Custodia Dias casou-se com Geraldo Beting, Benta Dias casou-se com Paulo de Proença e depois com Antonio Furtado de Vasconcellos, Angela Fernandes casou-se corn Antonio de Oliveira, Isabel Fernandes casou-se com Gonçalo Ferreira, e Francisco Dias que a acta da Camara de S. Paulo menciona. Assim, Manoel Fernandes Ramos, bem velho, tendo dado ao paiz a sua mocidade, o seu trabalho maravilhoso e a luzida descendencia, partiu para a Patria eterna, marcando na genealogia paulista aquelle capitulo glorioso: "Fernandes Povoadores", capitulo esse que enche o paiz de orgulho e a historia de sua riqueza maravilhosa!

Gloria à villa capaz de lembrar ao mundo as façanhas de seus heróes, dignos de serem escriptos com lettras de ouro nas paginas da historia nacional! O rio Tieté, si falar pudesse, lembraria episodios magnificos, sendo o malor de todos a evangelisaçao dos nossos selvicolas pelos abnegados padres jesuitas.

Desde a primeira visita de Martim Affonso, serra acima, começou o Anhemby, hoje Tieté, a causar impressão aos habitantes do planalto. Onde iria terminar este rio? Sumindo-se entre mattos tetricos e assombrados, desafiava a coragem dos mais valentes; não seria bom exploral-o? Esta resolução puzera-a em pratica Mem de Sá, quando, em 1560, viera fundar a villa de S. Paulo de Piratininga. Nesse tempo Luiz Martins, mineiro, vindo especialmente do Reino, descobrira algum ouro no Jaraguá.

Depois do assalto das tribus confederadas contra S. Paulo, mandou Mem de Sá uma expedição armada contra os selvagens da visinhança, constantemente perturbadores da paz na villa.

Em 1561, parte a expedição; vae descendo e sumindo-se pouco a pouco, envolvida pelo sertão, cada vez mais assustador! Logo no primeiro dia de viagem os navegantes chegam a um salto colossal, Já ao longe ouviam o barulho da cachoeira. Tiram, os remadores, as barcas, e, carregando-as as costas, transportam-nas para o outro lado. Trecho penoso, rio ruim! AQUI NÃO SE PODE NAVEGAR! Eis, naturalmente, a phrase de cada um dos remadores, justamente o nome Parnahyba dos indios.

Ao descerem os expedicionarios ainda viram os indios desta zona no outro lado do rio. Anchieta, fiel a sua missão, foi ter com elles.

Continou a bandeira descendo o rio até o actual Porto Feliz. O episodio celebre desta incursão é a lenda de não ter Anchieta percebido outro salto formidavel e sua barca ter-se penetrado cachoeira a dentro com assombro dos presentes. Julgavam-no morto e o encontraram bem socegado, sentado sobre uma pedra, resando seu breviario. Dahi o nome ao salto "Avaremandoava", que significa onde cahiu um padre. Anchieta associou-se á expedição com o fim de visitar e catechisar os indios das margens do Tieté, isto é historicamente certo. Sim, o thaumaturgo do Brasil nao podia deixar de conhecer as zonas -lidimas conquistas dos grandes e valorosos paulistas! Vagavam, portanto, pelo Tieté, as canôas dos indios, e desde a expedição a que al1udimos, as dos habitantes do planalto. Foi preciso regulamentar estas viagens para evitar confusão maior.

A Camara procurava regrar o movimento sertanista, tazendo muitas deteminações em suas actas, porém sem grande effeito.

Com a segunda visita do governador Mem de Sá, em 1567, houve maior expansão á distribuiçao de terras aos colonos ao redor dos lugares indicados para futuras povoações.

De 1567 a 1580, começaram os paulistas a fazer novas excursões nas mattas, mas a pouca distancia de Piratininga. Talvez se possam consideral-as, diz intolerante hlstoriador, como os ensaios dessas ousadas e longinquas viagens, que depois fizeram atravéz de grandes sertões, por serranias de dificil accesso, e no meio e innumeras e variadas difficuldades e perigos.

A 8 de Dezembro de 1579, fôra Marcos Fernandes intimado a não ir ao sertão sob pena de seis mil réis de multa. Quantia colossal para a epocha! Porém continuavam as luctas entre conquistadores e os selvicolas. Podemos imaginar as doenças de então! Falta de recursos e de remedios!

Em 1580, uma terrivel epidemia dysenterica grassava em S. Paulo e dizimou especialmente os indios das 1avouras. Isto influiu para que, assustados, muitos se retirassem do povoado para levantar alojamento nos lugares, que, a l2 de outubro, fundaram-se as aldelas de S. Miguel e Pinheiros e depois Carapicuhyba e N. Senhora da Escada em Baruery. Alguns foram mais além.

Manoel Fernandes Ramos entrara Anhemby a dentro e, ao chegar ao primeiro obstaculo maior do rio, parou! Encontrou ainda parte dos indios que atacaram S. Paulo e ficou amigo delles, estabelecendo ahi o inicio duma fazenda. Estava a oito leguas de S. Paulo, na latitude de 23° 31' e 30" e na. longitude de 331° 5' e 20" da Ilha do Ferro.

Devoto como era de Santo Antonio, Manoel Fernandes construiu-lhe uma capella.

Padre Manoel Mendes de Almeida, escrevendo em sua epocha o livro do Tombo, diz: "Antes da Matriz houve uma capella com o titulo de Santo Antonio junto ao rio Anhemby, hoje vulgarmente chamado Tieté, cuja edificaçao se ignora e se acha de todo demolida". Para os officios divinos, na capellinha, foi requerida provisão especial.

Em 1580 já estava no Rio de Janeiro o bacharel Pe. Bartholomeu Simões Pereira, primeiro admimistrador da prelazia do Rio de Janeiro, desmembrada do bispado da Bahia pelo breve de Gregorio XIII, de 19 de Julho de 1575. O monarcha de Portugal assignou a carta régia nomeando administrador ao Pe. Bartholomeu Simões Pereira a 11 de Maio de 1577. Veio o prelado com o governador Lourenço da Veiga, em 1578, com todos os poderes de bispo, salvo, naturalmente, o de conferir ordens sacras. À sua Jurisdição pertencia: Porto Seguro, Espirito Santo, Rio de Janeiro e S. Vicente. Victima de terriveis perseguições, como foram todos administradores, não foi este prelado feliz em S. Paulo.

No dizer de Azevedo Marques foi este Pe. Bartholomeu Simões Pereira quem conferiu provisão para a capella de Parnahyba, embora: affirme ser o orago Sant'Anna e em favor de André Fernandes. Tratar-se-á depois deste assumpto. Basta por emquanto a certeza da provisão. Muitos paulistas visitaram a capella, quando passavam por Parnahyba, em suas viagens.

Como se prova que, desde 1580, os moradores de Piratininga continuaram as excursões nas mattas? Pelas actas da Camara de S. Paulo. A 11 de Maio de 1581, Jeronymo Leitão nomeava um meirinho e um escrivão de campo, pois estava informado da muita devassidão dos resgates que se iam fazer com o gentio do sertão! Foram nomeados Antonio de Proença e João Maciel. Deveriam fiscalizar as entradas para o sertão, só permittindo ás pessoas auctorisadas. Deviam ainda, continua o Dr. Taunay em sua "Historia Geral das Bandeiras Paulistas", cuidar e proteger os indios que 1ivremente procurassem o povoado. Mas que valor teria esta lei, si o proprio Jeronymo Leitão iria depois, durante seis annos, assolar os indios das margens do Tieté?

Nesse anno de 1581, Portugal e suas colonias passam para a corôa de Hespanha, sendo acclamado Felippe II, rei de Portugal. Ás povoações novas mais interesse tinham os factos dos sertões.

O Episodio da Forja e Quem era o Ferreiro Em 1583, accusava Gonçalo Madeira a Manoel Fernandes de estar entre o gentio, no sertão, com tenda de ferreiro. Acousação gravissima porquanto os indios já davam tanto pavor com seus apetrechos de pau ou cousa semelhante, que horror seria si seus armamentos fossem de ferro e soubessem usal-os!?

Movimenta-se a Camara em rigorosa syndicancia na residencia de Manoel Fernandes, em S. Paulo, e em indagações a sua esposa. Esta acalmou a agitação dos camaristas, mostra-lhes o martello e a bigorna e informa-lhes que o folle tinha cedido, por emprestimo, a Gaspar Fernandes.

Em 1585, Jeronymo Leitão sáe a caça dos indios e em sua companhia leva muitos bandeirantes, entre os quaes Manoel Fernandes. Recebiam terras, pagavam arrendamentos, deviam cultival-as.

Isto prova a falta de braços para a lavoura em São Paulo; era necessario ir buscal-os no sertão. Muitos procuravam fazer suas roças afastadas do povoado para maior facilidade de encontrar auxilares. É o que fez Manoel Fernandes Ramos. As suas terras a principio eram aforadas, recebera-as, depois, por doação, de Jorge Corrêa, capitão-mór e ouvidor da Capitania, entre os annos de 1592 e 1594. Nessa epocha já os filhos André Domingos e Balthazar, começaram a mostrar coragem e formidavel resistencia para a vida sertaneja, e foram auxiliares na organização da fazenda na paragem "Parnahyba".

Quando Manoel Fernandes Ramos falleceu já sua propriedade ia bem desenvolvida. Durante sua vida, o governador D. Francisco de Souza visitou S. Paulo. Sobre isto commenta o Dr. Francisco de Assis Carvalho Franco:

"O pequeno cyclo das minas tambem alli vinha se desdobrando desde as achadas de Luiz Martins, accrescidas pelas do mameluco Affonso Sardinha, o moço, com o mineiro pratico Clemente Alvares, que, além do ouro encontrado em varlos sitios ao entorno da villa de Sao Paulo, haviam constatado ferro no Araçoiaba, i que lhes valera a construcçao alli de dois fornos catalães para o seu preparo. Assim, D. Francisco de Souza, resolvida a sua viagem, enviou para a Capitania de São Vicente, como administrador das minas e capitão da Villa de S. Paulo a Diogo Gonçalves Laço, o velho, que trouxe comsigo dois mineiros e um fundidor.

Para capitão-mor da donataria; nomeou a Diogo Arias de Aguirre, que, com trezentos indios e tendo o transporte custeado pclo almoxarifado de Santos, não demorou visitar as minas do Jaragua e do Araçoiaba. D. Francisco de Souza, por sua vez, chegou a villa de S. Paulo em Maio de 1599, seguido de consideravel comitiva.

Jornadeou logo para as minas do Araçoiaba, onde Affonso Sardinha, o moço, lhe fez doação dum dos fornos catallães para o preparo do ferro, passando depois a visitar as minas de Bacaetava, S. Roque e Jaraguá. Poucos mezes depois retornava ao Araçoiaba e dalli enviava uma bandeira, mais para o interior, da qual fez parte Antonio Knivet.

As empresas, porém, de maior vulto rea1izadas por esse governador geral, nessa sua primeira vinda a São Paulo e attinentes a devassa dos sertões brasi1eiros, foram as expedições chefiadas por André de Leão e Nicolau Barreto."

O Dr. Americo Brasiliense Antunes de Moura contesta ter sido Manoel Fernandes Ramos ferreiro e affirma não ter tomado parte na bandeira, de Jeronymo Leitão. O Manoel Fernandes, ferreiro, era irmão de Gaspar Fernandes e Lucas Fernandes Pinto! Seja assim, mas porque não podia ser este o Manoel Fernandes Ramos? Quando citei o episodio da forja no sertão tinha por fim mostrar que nessa epocha os habitantes de Piratininga já faziam excursões pelo sertão a dentro. Pouco importa seja este ou aquele! Quanto a bandeira de Jeronymo Leitão os autores citam sempre Manoel Fernandes Ramos. Admittida a hypothese da sua edade avançada, nada impede que acompanhasse a bandeira nas primeiras entradas nas immediações de S. Paulo, ou mandasse representante á sua custa como faziam as vezes os ricos. O certo é que nesse tempo possuia terras para cultura de cereaes.

Quanto à fazenda na paragem Parnahyba isto é cousa certissima. Todos moradores de S. Paulo tinham suas roças. Assim já se mostrou que Lopo Dias cultivava nas immediações do actual Mogy das Cruzes e residia em S. Paulo, o mesmo acontecia com Manoel Fernandes Ramos, morava em S. Paulo, do lado da Moóca, ou onde fosse pouco importa e cultivava em Parnahyba.

Emquanto não possuiam os agricultores carta de doação, pagavam "avenças" ao rendeiro da fazenda real. Depois recebiam carta de posse.

Quando Suzana Dias contrahira segundo matrimonio com Belchior da Costa, já possuía a fazenda cultivada em Parnahyba, como se vê no vol. 1,º, pag. 86, do livro Sesmarias, cujo theor é o seguinte: "Gaspar Couqueiro capitão e ouvidor com alçada em toda esta capitania de S. Vicente procurador bastante do Senhor Lopo de Souza, capitão e governador della por el-rel nosso senhor aos que esta minha carta de dada de terras de sesmaria virem e ouvirem o conhecimento della com direito pertencer que Belchior da Costa morador na villa de S. Paulo, e morador nesta Capitania ha 48 annos a esta parte, e porque elle tinha duas filhas para casar, e que para ellas tem necessidade de uns mattos maninhos pedindo-me que em nome do Senhor Lopo de Souza e pelos poderes que delle tenho fizesse mercê de uma legua de terra meia para cada uma dellas que se chamam Beatriz Diniz e outra Vicencia da Costa, e esta terra será defronte da fazenda que sua mulher Suzana Dias fez em Parnahyba da banda do rio Juqueri e começava a partir com um pedaço de terra que a dita Suzana Dias tem carta do capitão Jorge Correa naquelle limite de Paraiba digo Parnahyba defronte da igreja da Senhora Sant'Anna da banda de alem do rio Anhenby e sendo dada no mais perto lugar que não for e será em quadra e que receberá mercê como tudo mais largamente na dita petição e conteudo e declarado. Visto por mim seo pedir ser justo puz na dita petição por meu despacho seguinte: "Dou ao supplicante em nome do Senhor Lopo de Souza a legua de terra que pede para suas filhas assim e de maneira que em sua petição declara e sendo dada atrás ou adiante para onde houver logar Simão Borges tabellião desta villa lhe passe a carta. São Paulo vinte e seis de dezembro de mil seisentos e dez annos. Gaspar Couqueiro." Depois na pagina 88 segue a carta.

Transcrevi de proposito toda a petição e o despacho porque é o documento mais antigo que se encontra de doação em Parnahyba, os mais velhos só se descobrem por allusões ou demarcações.

Pela sesmaria pedida por Belchior da Costa em 1610, viu-se que a Igreja de Sant'Anna já estava construida aquem do rio. Defronte para os lados do rio Juquery é que ficaria a terra pedida. Isto diz o documento; ha muitas conjecturas com certa razão historica. É o que vamos ver.

Não deve causar extranhesa não ter sido nomeado Manoel Fernandes Ramos como fundador da fazenda citada.

É facil comprehender que não seria Suzana Dias, por si mesma, capaz de desbastar a matta virgem, mas seu primeiro marido com seus indios e, depois, os seus filhos. Quanto a affirmação de Azevedo Marques sobre a provisão da capella, 1580, com orago Sant'Anna a favor de André Fernandes, explico do modo seguinte: Quando André Fernandes falla em seu testamento, nomeia os prelados que approvaram a capella, entre os quaes o primeiro Pe. Bartholomeu Simões Pereira, em 1580, sem referir-se a mudança do orago. Si é exacto o que diz Silva Leme, que André Fernandes falleceu em, 1641 com 63 annos de idade e nascera em 1578; portanto tinha dois annos em 1580 e nao podia ser nem o fundador da fazenda, nem quem requereu a primeira provisão da capella.

Suppondo, como quer o Dr. Americo de Moura, que, Suzana Dias tivesse casado com Manoel Fernandes Ramos em 1570, diga-se mesmo um pouco antes, André Fernandes teria, em 1580, uns dez annos! Uma criança!

Ou teriamos que deixar a data para tomar outra posterior ou acceitar a affirmaçao dos chronistas antigos. No primeiro caso iriamos no reinado das hypotheses e não seria mais historia. No segundo caso temos a longa documentação. Dahi se vê quanto é difficil escrever uma historia exacta; é muito mais simples e agradavel escrever romances onde as scenas podem tomar aspectos maravilhosos e o estylo tornar-se sublimado. No entretanto, tudo phantastico! Em nosso caso, as scenas attrahentes são as vidas de nossos maiores, e o estylo a epopéa grandiosa de suas victorias a fulgir nas paginas da historia brasileira, onde os paulistas têm evidentemente, maior e merecido esplendor. Neste rol estão, como chamavam, os da "Parnahyba".

Começou o segundo periodo para Parnahyba. André Fernandes fôra encarregado por carta regia para proceder a exploração de metaes com seus indios.

Marca essa epocha florescente a idéa duma exploração organisada, ainda maior que a precedente. Em Março de 1607. por ordem do provedor Diogo de Quadros, organisou Belchior Carneiro uma expediçao para o descobrimento de ouro, prata e outros metaes. Ligaram-se á bandeira quarenta ou cincoenta homens brancos com os quaes foram grande parte dos indios. O fim da expedição era tambem a caça aos indios "bilreiros".

Diogo de Quadros forneceu: cincoenta e seis cunhas de resgate, facões, escopros e mais algumas ferramentas. Contrahiu o capitão Belchior Carneiro varios emprestimos, entre outros, com: Paschoal Delgado, Domingos Fernandes, Antonio Rodrigues, Clemente Alvares, Antonio Raposo, Domingos Rodrigues, Alvaro Pires; João Moreira, Jaques Felix, Belchior da Costa. Até a espada tomara-a por emprestimo.

Preparou as bagagens que, por curiosidade, vou transcrever o que se encontrou no sertão:

"Uma roupeta e uns calções de picote golpeado forrado de tafetá amarello, avaliado em oito mil réis. Uma roupeta chamalote, avaliada com gibão de tafetá azul dez patacas. Umas fraldas de uma roupeta de panno quatro patacas. Umas ceroulas em cinco pesos. Tres camisas velhas tres mil reis. Uns calções pardos e uma caraca avaliada em dez cruzados. (A espada era alheia). Um prato grande e trez pequenos e um saleiro. O passamano, uma pataca. Um chapéu usado avaliado em quatrocentos reis."

Mais algluma cousa, ferramentas e mantimentos, eis o enxoval do capitão da bandeira. Note-se, porém, que, na partida, não deviam estar como foram encontradas no sertão, naturalmente estariam em melhor condição. A nosso intento isto mostra as roupas mais usadas na epocha.

O meio social era esse. Até as proprias mães e esposas preparavam seus filhos e maridos que iam "buscar remedio" para sua familia.

Não se ha de accusar por isso as nossas antigas matronas. Na emergencia de fata de operarios e na ancia de garantir a subsistencia de numerosa prole, era natural pensar num remedio que as mattas braseiras forneciam com abundancia. O exagero, as violencias praticadas em pleno sertão, eram modas da epocha rude e primtiva, espece de barbarie que "mutatis mutandis" ainda existe hoje em dia.

Em 1623 e 1624, Alvaro Luis do Valle requisitou a polvora e chumbo existente no planalto, pois, necessitava para preparar a defesa contra os hollandezes. O capitão André Fernandes, indo a S. Paulo, toma parte na reunião, protestando juntamente com outros. Em 1624 ainda protesta, na reunião que decidiu peremptoriamente não ceder às imposições do lugar tenente do Governador.

Os parnahybanos já iam se impondo, tomando parte no commando e governo da terra altiva e forte! Os dois povoados já apresentavam notoria rivalidade regional, mas, em questões attinentes ao bem e segurança do planalto, ambos concordavam perfeitamente. Na religião, então, a concordia era admiravel, constituiam generosamente os patrimonios das igrejas!

"Escrittura de doaçam, que fes André Fernandes a Senhora Santa Anna de Parnahiba. - Duzentas braças de testada, e meya legua de Sertão. . . . . . . . . . . . . . . . . . .

"Saybam quantos esta publica escrittura de instituiçam virem que no anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil seis centos, e vinte e quatro annos ao primeyro dia do mes de Agosto da sobre ditta era nesta Villa de Sam Paulo da Capitania de Sam Vicente, partes do Brasil. Nesta ditta Villa nas cazas do Reverendo Padre Vigario desta Villa Joam Pimentel, onde eu publico Tabelliam fuy chamado, e ahi logo appareceu André Fernandes aqui morador e por elle me foy ditto perante as testemunhas, que foram presentes, tudo ao adiante declarado que elle como fundador e padroeyro, e instituidor, que he da Capella, que agora novamente fas na Igreja da Bemaventurada Santa Anna, sita no lugar chamado Parnaiba, Que está no termo desta villa lhe dotava das couzas seguintes: Primeyramente numa vinha, que tem no ditto Sitio da Parnahiba com cazas, assim, e da maneyra que está, e pelo tempo em diante tudo o mais, que melhor no ditto Sitio, e vinha, e assim mais lhe dota a ditta Capella duzentas braças de terras, que comprou de Maria Luis e Antonio Peres que começa no rio Anhamby para o Sertam por largo do adro da ditta Igreja para o Sertam meya legua; mais meya duzia de Cazaes para beneficios da fazendo da ditta Capella, e o toma em sua terça por sua morte, e ficando por administrador da ditta Capella seu filho Francisco Fernandes, e por sua morte e falecimento nomeará a pessoa que lhe parecer com tanto que seja sempre linha direyta aos parentes mais chegados com obrigaçõens de duas missas cada anno, e fazer as festas no dia da ditta Santa Anna, e assim mais dota a ditta Capella doze vacas, e hum touro, o que tudo assim dotava de sua vontade, e moto propio, e tudo o mais, que por sua morte lhe couber de sua terça, ficando em legados, e que ainda o Senhor Prelado, que hora he, e ao diante fosse tivesse particular cuydado de visitar a ditta Capella, e procurar que vã em augmento, e se conserve os bens della e que o administrador que for da ditta Capella negligente, descuydado, que alienar os dittos bens os podem privar dos que succederem depois do ditto seu filho, e que em sua vida elle ditto André Fernandes gozarã, como administrador, digo como instituidor, que attualmente dota tudo, o que dota sem que se 1he tome conta alguma, nem a isso ser obrigado, e por sua morte se fará entrega das dittas cousas dotadas ao ditto seu filho por inventario, e da mesma maneyra aos que lhe succederem, e promettia em tempo nenhu ir contra esta doação, antes se obrigava a cumprtr perpetuamente, e pelo ditto Padre Vigario foy ditto que acceytava esta ditta escrittura em nome da ditta Capella na forma que o dyreito requer, o que em fé e testemunho de verdade assim outorgou, e assignaram aqui com as testemunhas, que foram presentes o Reverendo Frey Thomé Couceyro Religioso da Santissima Trindade e Jeronimo de Souza, aqui estantes, e Aleyxo Jorge, morador nesta Villa. Eu Calisto da Motta, Tabellião do publico judicial, e notas, o escrevi. - André Fernandes, o Vig.º Joam Pimentel - Frey Thomé Couceyro - Jeronimo de Sousa Payva - Aleyxo Jorge, e não continha mais a ditta escrittura do que somente, o que aqui bem, e fielmente trasladey de outro traslado que se acha acostado nos autos de mediçoens das dittas terras no cartorio desta Villa de Parnahiba; e por verdade me assigno

O Vigr. Manoel Mendes de Almeyda".

Assignado: F. de Salles Collet e Silva - Director do Archivo

Corria o anno de 1625, D. Alvaro Luis do Valle, a convite de André Fernandes, visitara Parnahyba, estudando a possibilldade de ahi levantar pelourinho da villa. Foi-lhe nessa occasião feito pedido de sesmaria nas immediações de Parnahyba. Como no tempo da chamada "desova" os peixes saltam alli em cardumes, chamavam ao lugar Pirapora, que significa - salto do peixe. Tres eram os requerentes: Jacome Nunes, Manoel de Alvarenga e Matheus Luiz. O traslado encontra-se nos Inv. e Test. XIV, pag. XXXVII. Que realmente o lugar seja o que colloquei no titulo, lê-se no documento citado, pag. XXVII, onde diz "terras rio abaixo partindo com Jacome Nunes de Pirapora".

Informação retirada do livro "Notas para a Historia de Parnahyba" (Publ. 1935) escrito pelo Padre Paulo Florêncio da Silveira Camargo, Vigário de Santana de Parnaíba no começo do século passado.


Manoel Fernandes Ramos

, n. 1550, Ribeira Grande, Açores (ou da Vila de Moura), Portugal, f. em 1589, São Paulo, foi Escrivão da Câmara e tinha uma fazenda do lado de Ibirapuera, em SP, onde cc. Suzana Dias, n. 1554 ou 56, Ribeira Grande, f. 1629 (ou 1634), Santana de Parnaíba, prima direita do Pe. Lourenço Dias, vigário colado da Matriz de SP, filha de Beatriz Dias (ou Beatriz Ramalho), n. Bertioga, SP, 1ª mulher de Lopo Dias Machado (em Dias Teveriçás). Enviuvando, Suzana Dias cc. Belchior da Costa. (AS.6.219, DB.331, FS, PP.74, SL.7.224 e datas datas de pesquisa da amiga genealogista Jussara Fernandes Carvalho, de Varginha, MG).

                   Do 1º matrimônio foram 17 filhos (e não 13 como mencionado por SL, que encontrou apenas 7):

André Fernandes .................... Cap. 1º Francisco Dias ....................... Cap. 9º
Baltazar Fernandes ................. Cap. 2º Catarina Dias ......................... Cap. 10º
Domingos Fernandes .............. Cap. 3º Paula Fernandes ..................... Cap. 11º
Pedro Fernandes .................... Cap. 4º Agostinha Dias ....................... Cap. 12º
Custódia Dias ........................ Cap. 5º Maria Machado ....................... Cap. 13º
Benta Dias Fernandes ............. Cap. 6º Margarida Dias ...................... Cap. 14º
Ângela Fernandes .................. Cap. 7º Manuel Fernandes Gigante ....... Cap. 15º
Isabel Fernandes ................... Cap. 8º Jerônimo André Fernandes ....... Cap. 16º
.... (não encontrado ainda) ...... Cap. 17º
A) Os filhos que estão relacionados em SL.7.224:
http://www.genealogiabrasileira.com/titulos_perdidos/cantagalo_ptfe...

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Manuel Fernandes Ramos's Timeline

1550
1550
Moura, Beja, Portugal
1570
1570
São Vicente, SP, Brasil
1574
1574
São Paulo (SP) - Brasil
1575
1575
São Vicente, São Vicente, São Paulo, Brazil
1577
1577
São Paulo, Brazil
1578
1578
Portugal
1578
Portugal
1578
Santana de Parnaíba, São Paulo, Brazil
1580
1580
Ibirapuera, São Paulo, São Paulo, Brazil
1580
São Paulo, São Paulo, Brasil