Mario Covas, 30° Governador de São Paulo

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Mario Covas, Junior

Birthdate:
Birthplace: Santos, SP, Brazil
Death: March 06, 2001 (70)
Sao Paulo, São Paulo, SP, Brazil (Câncer)
Place of Burial: Santos, SP, Brazil
Immediate Family:

Son of Mário Covas Pérez and Private
Husband of Lila Covas
Father of Private

Occupation: Engenheiro e político brasileiro
Managed by: Private User
Last Updated:
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Immediate Family

About Mario Covas, 30° Governador de São Paulo

Mário Covas Júnior foi um engenheiro e político brasileiro.

Biografia

COVAS, Mário

  • dep. fed . SP 1963-1969 e 1983; pref. SP 1983-1985; sen. SP 1987-1994; gov. SP 1995-1998 e 1999-2001.

Mário Covas Júnior nasceu em Santos (SP) no dia 21 de abril de 1930, filho de Mário Covas e de Arminda Carneiro Covas.

Em 1951 formou-se em química industrial pela Escola Técnica Bandeirantes – da qual seria professor –, e em 1955, em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Depois de formado, prestou concurso e trabalhou como engenheiro na Prefeitura de Santos até 1962. Em 1954 casou-se com Florinda (Lila) Gomes Covas, com quem teria três filhos.

Secretário de Obras da Prefeitura de Santos, onde desenvolveu sua base política, e ligado politicamente ao presidente Jânio Quadros (1961), com quem romperia mais tarde, em 1961 candidatou-se a prefeito cidade, mas não se elegeu. Já em outubro do ano seguinte candidatou-se a deputado federal por São Paulo na legenda do Partido Social Trabalhista (PST) e foi eleito. Tomou posse em fevereiro de 1963, e em abril foi escolhido vice-líder do PST na Câmara dos Deputados. Em fevereiro de 1964, tornou-se líder do bloco parlamentar formado pelos pequenos partidos: PST, Partido Social Progressista (PSP), Partido Trabalhista Nacional (PTN), Partido Republicano (PR), Movimento Trabalhista Renovador (MTR) e Partido Democrata Cristão (PDC). Em julho, quatro meses após o movimento político-militar de março de 1964 que depôs o presidente João Goulart (1961-1964), foi escolhido líder do PST.

Oposição pelo MDB

Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar. Já vice-líder de seu novo partido, em novembro de 1966 reelegeu-se deputado federal por São Paulo. Iniciou novo mandato em fevereiro de 1967, e em março foi escolhido líder do MDB na Câmara dos Deputados.

Em maio de 1968 denunciou a manobra da liderança do governo para esvaziar o plenário do Congresso e impedir a votação, e a provável derrota, do projeto que acabou por enquadrar 68 municípios de todo o Brasil como áreas de segurança nacional. A aprovação do projeto se deu por decurso de prazo, e os prefeitos dos municípios em questão passaram a ser indicados pelo governo federal.

Em junho do mesmo ano, o MDB divulgou manifesto contra a aprovação do projeto que criava sublegendas para as eleições majoritárias e proporcionais. A instituição das sublegendas permitiu que concorressem ao mesmo cargo mais de um candidato de um mesmo partido político. A estratégia veio beneficiar a Aliança Renovadora Nacional (Arena), o partido do governo, que pôde assim manter em seus quadros políticos que de outra forma poderiam passar para a oposição.

Também em 1968, como líder da oposição, Covas convenceu seus pares a não conceder licença para que o governo militar processasse o então deputado Márcio Moreira Alves que pronunciara na Câmara discurso considerado ofensivo às forças armadas. Negada a licença, em 13 de dezembro de 1968 foi editado o Ato Institucional nº 5 (AI-5), o mais drástico de todos os atos do governo militar, e foi decretado o recesso do Congresso por tempo indeterminado. Em depoimento posterior ao Jornal do Brasil (24/12/1978), Covas negou que na ocasião o Congresso não tivesse feito esforços para obter uma saída política que evitasse o endurecimento do regime. No se entender, com esse ou com outro nome, inevitavelmente viria um instrumento com a força do AI-5.

Em 16 de janeiro de 1969, com base no AI-5, Covas teve seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos por dez anos. Chegou a ser preso em Brasília e depois em Cumbica (SP), mas por pouco tempo. Libertado, voltou a exercer atividades na área de engenharia, desempenhando funções gerenciais em empresas privadas de construção e de projetos. No período seguinte evitou fazer declarações políticas, para não dar ensejo, segundo o Jornal do Brasil, a que suas palavras servissem de pretexto a novo ato de exceção.

Por ocasião das eleições de 1978, reapareceu no cenário político como coordenador da campanha do sociólogo Fernando Henrique Cardoso para senador por São Paulo na legenda do MDB. Ao fim dos dez anos de suspensão de seus direitos políticos, no dia 16 de janeiro de 1979, foi homenageado com dois comícios em Campinas (SP) e outro em Santos. Reingressou então no MDB e, nas discussões sobre a reformulação partidária travadas no segundo semestre de 1979, defendeu a manutenção da legenda contra a iniciativa de reforma tomada pelo governo federal.

No início de setembro de 1979, aceitou a indicação de seu nome para a presidência do diretório estadual do MDB em São Paulo. Com o apoio do senador André Franco Montoro e do suplente deste, Fernando Henrique Cardoso, disputou o cargo com o deputado Alberto Goldman, lançado pelo senador Orestes Quércia. Após uma tentativa frustrada de Quércia de lançar um terceiro nome, as duas facções chegaram a uma chapa única, e em 14 de outubro Covas foi eleito presidente, e Goldman, secretário-geral do MDB paulista. Logo no início de seu mandato, em face da discussão de casos de adesismo de membros do partido ao governador Paulo Maluf, Covas insistiu, segundo a Folha de S. Paulo (17/10/1979), que qualquer expurgo no partido deveria ser apresentado primeiramente à comissão ética, a qual encaminharia suas conclusões à executiva. Evitava-se com isso um processo de expulsão em massa, e permitia-se um expurgo seletivo, que serviria de alerta a outros membros do partido.

Às vésperas da aprovação do projeto de reformulação partidária do governo federal, Covas declarou ao Jornal do Brasil que não pretendia convidar o senador Tancredo Neves, do MDB de Minas Gerais, para ingressar no partido que sucederia ao MDB, porque o senador não assinara o documento de apoio à permanência da legenda. Afinal, em 29 de novembro de 1979 extinguiu-se o bipartidarismo, e Covas filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que sucedeu ao MDB. Foi eleito presidente da comissão regional provisória do partido em São Paulo e permaneceu no cargo após a eleição da comissão executiva regional.

Em entrevista à Folha de S. Paulo (25/12/1979), declarou-se favorável à convocação de uma assembleia nacional constituinte, desde que esta fosse “legitimada adequadamente sob um regime de liberdade partidária, de livre organização política, e convocada especificamente para este fim”.

No primeiro semestre de 1980 protestou, com outras lideranças do PMDB, contra o adiamento das eleições municipais previstas para novembro daquele ano. Foi também um dos primeiros a assinar um manifesto contra as ações do governo federal na repressão das greves dos operários paulistas ocorridas em abril e maio de 1980.

Da Câmara à prefeitura de São Paulo

No pleito de novembro de 1982 Covas voltou a se eleger deputado federal por São Paulo, agora na legenda do PMDB. Assumiu o mandato em fevereiro de 1983, mas em março seguinte deixou a Câmara para assumir a secretaria dos Transportes de São Paulo, na gestão do governador Franco Montoro (1983-1987). Não permaneceu, porém, muito tempo no cargo. Em maio seguinte, por indicação de Montoro e apesar da clara oposição do grupo liderado pelo vice-governador Orestes Quércia, tornou-se prefeito da cidade de São Paulo, a partir de escolha da maioria da bancada do PMDB na Assembleia Legislativa estadual.

Como prefeito da maior cidade do país, Mário Covas enfrentou uma situação de dificuldades financeiras e de crescimento das mobilizações sociais pelo fim da ditadura militar. Durante sua administração ocorreram quatro greves do funcionalismo e conflitos com os sem-teto. Recebeu muitas críticas por não ter mandado a polícia desalojar os desempregados que acamparam em frente ao prédio da prefeitura em setembro e em outubro de 1984. Para resolver o impasse, preferiu negociar uma solução pacífica, a partir da ação do Sistema Nacional de Emprego (Sine), órgão do governo federal. Foi ainda acusado de beneficiar, através de um contrato com a prefeitura, a empresa de gerenciamento de projetos Ductor, da qual foi diretor.

No campo das políticas públicas, sua gestão na prefeitura paulistana ampliou de 28 para 39% a participação da área social no orçamento. Efetivou programas habitacionais e construiu escolas e hospitais. Paralelamente, a contratação de 13 mil pessoas elevou para cerca de 121 mil o total de funcionários municipais.

Em novembro de 1985, Covas disputou no PMDB a indicação para governador de São Paulo, tendo como concorrentes Orestes Quércia – que acabaria sendo eleito – e Almir Pazzianoto. Permaneceu na prefeitura até 31 de dezembro de 1985.

Senador constituinte

Em novembro de 1986, Covas foi eleito senador constituinte por São Paulo na legenda do PMDB com a maior votação da história política do Brasil até então — 7.785.667 votos. Durante a campanha para o Senado sofreu um infarto e passou por uma cirurgia em que recebeu três pontes de safena. Recuperado, tomou posse em 1º de fevereiro de 1987, quando se iniciaram os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte (ANC). Nesse mesmo mês, foi eleito líder do partido, derrotando candidato do então presidente do PMDB, Ulysses Guimarães, o deputado federal catarinense Luís Henrique.

Como líder da principal bancada e do partido com maior espaço no governo, foi o parlamentar que mais se destacou na primeira fase da Constituinte. Esteve em 80% das votações gerais e influenciou muitas delas com discursos inflamados, nos quais assumiu posições nacionalistas e estatizantes. Votou contra a pena de morte; a limitação do direito da propriedade privada; a remuneração 50% superior para o trabalho extra; o presidencialismo; a estatização do sistema financeiro e o mandato de cinco anos para o presidente José Sarney. Votou a favor do rompimento de relações diplomáticas com países com política de discriminação racial; do mandado de segurança coletivo; da legalização do aborto; do turno ininterrupto de seis horas; do aviso prévio proporcional; da unicidade sindical; da soberania popular; do voto aos 16 anos; da nacionalização do subsolo; da proibição do comércio de sangue, e da desapropriação da propriedade produtiva.

Ainda na liderança da bancada do PMDB, foi responsável – já na segunda etapa dos trabalhos, centrada na Comissão de Sistematização – pelos acordos do partido com as demais lideranças e com o Centrão, bloco parlamentar conservador unido em torno do objetivo de barrar as propostas progressistas aprovadas na primeira fase dos trabalhos da ANC.

Por força dos acordos entre as lideranças, votou contra a estabilidade no emprego e a jornada de 40 horas. O marco da perda de espaço político de Covas na liderança do PMDB foi a votação, em dezembro de 1987, do novo regimento da Constituinte proposto pelo Centrão, que dava preferência nas votações a qualquer emenda assinada por 280 constituintes e permitia destacar trechos do projeto para apreciação do plenário com apenas 187 assinaturas, o que eliminaria da Constituição de 1988 uma série de dispositivos aprovados nas primeiras etapas de elaboração da Carta. Na votação, que transcorreu sob forte pressão de sindicalistas nas galerias do Congresso Nacional, Covas tentou impedir a aprovação do novo regimento através do apelo aos correligionários para que se retirassem do plenário “em nome do PMDB”. Entretanto, foi acompanhado apenas por cerca de cem dos 307 parlamentares do partido.

O PSDB e a eleição presidencial de 1989

Em junho de 1988, participou da fundação e tornou-se o presidente provisório do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que tinha como símbolo um tucano, e que foi formado majoritariamente por dissidentes do PMDB, descontentes com diversas posições tomadas pelo partido, entre elas a aprovação do mandato de cinco anos para José Sarney. Formando a terceira maior bancada do Congresso Nacional, com 37 deputados e sete senadores, o PSDB reunia em suas fileiras líderes nacionais do porte de Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro, José Richa, José Serra e Pimenta da Veiga. Seu programa defendia os princípios da social-democracia e o sistema parlamentarista de governo.

Credenciado pela atuação como principal liderança política tucana, Covas disputou em 1989 a eleição presidencial, a primeira a ser realizada no país por via direta desde 1960. Durante a campanha, defendeu a necessidade de um “choque de capitalismo” para o país, segundo ele para “estimular a competição” e melhorar a eficiência das empresas privadas, mantendo o mercado livre e com intervenção do governo apenas nas políticas sociais. Era favorável a uma política de aumento do salário mínimo e, portanto, da média salarial do país, de forma a reduzir a extrema disparidade entre os vários níveis salariais. A velocidade desse processo dependeria do êxito obtido na taxa de crescimento econômico, na modernização da indústria, no aumento da oferta de bens e na expansão do número de empregos. O PSDB pretendia, segundo o discurso de campanha, controlar os gastos públicos para diminuir a pressão sobre o Tesouro. A partir daí, aumentar-se-ia a receita tributária líquida, pelo corte de subsídios e incentivos, e o endividamento público interno e externo seria reduzido.

Durante a campanha, Covas enfrentou, da parte de seus correligionários, críticas à linguagem utilizada em seus discursos, considerada excessivamente rebuscada, bem como à sua imagem, para muitos desleixada. Às vésperas do pleito teve que desmentir boatos que anunciavam ter sofrido um infarto após o último comício da campanha, realizado em Santos. Ainda assim, manteve durante toda a primeira etapa do processo eleitoral a expectativa de passar ao segundo turno. Foi efetivamente bem votado em São Paulo, onde ficou em segundo lugar, atrás de Fernando Collor de Melo, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN), e entre as classes médias dos grandes centros urbanos em geral. Obteve, entretanto, no resultado geral, 7.790.390 votos, o equivalente a 11,52% do total de votos válidos, classificando-se em quarto lugar.

No segundo turno da eleição, em dezembro de 1989, apoiou o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Luís Inácio Lula da Silva. O apoio do PSDB à candidatura do PT foi decidido após mais de uma semana de discussões, e a participação das lideranças tucanas nos comícios e atos da campanha só se deu nas vésperas da eleição. Ainda assim, Covas fez questão de explicitar as diferenças políticas em relação a Lula, através de declarações de repúdio ao programa do PT. Com a derrota de Lula para Collor, rejeitou a estratégia proposta pelo PT, de fazer oposição “intransigente” ao novo governo.

De volta ao Senado

Nos meses que se seguiram à eleição presidencial, o nome de Covas surgiu como indicação natural do PSDB nas eleições de 1990 para o governo do estado de São Paulo. Reassumindo sua cadeira no Senado, entre fevereiro e maio daquele ano negou várias vezes a possibilidade de candidatar-se. Em junho de 1990, porém, assumiu a candidatura, que foi homologada pela convenção do PSDB, tendo como companheira de chapa a advogada Zulaiê Cobra Ribeiro. Sua campanha foi marcada pela aproximação com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) — que cobrou explicações por seu apoio, no segundo turno do pleito presidencial, ao candidato do PT — e por uma acirrada briga com o então governador Orestes Quércia, que o acusou de traidor por ter deixado o PMDB. Seu discurso de campanha deu ênfase ao combate a Maluf, candidato do Partido Democrático Social (PDS), e a Quércia, que indicou para a disputa seu secretário de Segurança, o então politicamente desconhecido Luís Antônio Fleury Filho. Covas foi derrotado ainda no primeiro turno da eleição para governador de São Paulo. No segundo turno, a disputa ficou entre Maluf e Fleury, que ganhou as eleições.

Após a segunda derrota eleitoral, voltou ao Senado. Contrário a muitos dos projetos de Fernando Collor, foi o principal opositor dentro do PSDB à proposta, defendida por Fernando Henrique Cardoso e outros líderes tucanos, de composição com o governo por meio da participação do partido no ministério.

Durante o ano de 1992, o Brasil assistiu ao desenrolar de uma crise que acabaria por levar o presidente Collor à renúncia para escapar de um processo de impeachment. Acusações lançadas pelo irmão Pedro Collor associavam o presidente a transações ilegais e tráfico de influências, exercidos por um suposto “testa-de-ferro”, Paulo César Farias, o PC, tesoureiro da campanha presidencial de Collor. A instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Câmara e iniciativas pela “ética na política”, promovidas por diversas entidades da sociedade civil, com apoio da mídia e de grande parte da opinião pública, levaram ao aprofundamento das investigações e ao aumento da pressão sobre Collor. Após a aprovação pela Câmara da abertura do processo de impeachment no dia 29 de setembro, o presidente renunciou ao cargo em 29 de dezembro, quando o Senado julgaria seu destino político. Mesmo tendo renunciado, foi condenado à inelegibilidade e inabilitação, por oito anos, para o exercício de quaisquer cargos públicos. O vice Itamar Franco, presidente interino desde 2 de outubro, então foi efetivado na presidência. O senador Mário Covas defendeu, no PSDB, a tese de um governo de união nacional em torno de Itamar Franco, proposta que acabou prevalecendo.

No final de 1992, propôs uma emenda que beneficiaria quase 20 mil portuários, aprovando a estabilidade no emprego para todos os trabalhadores dos portos do país, quando a Câmara discutia justamente a “modernização dos portos”, que caminhava para a desregulamentação trabalhista no setor. A aprovação da emenda favoreceria os trabalhadores de seu berço político, a cidade portuária de Santos.

Em janeiro de 1993, foi eleito da bancada do PSDB no Senado, cargo exercido por Fernando Henrique Cardoso até sua ida para o Ministério das Relações Exteriores do governo Itamar Franco, no mês anterior. Na liderança de uma bancada governista, ocupou-se inicialmente com a garantia de governabilidade para Itamar Franco.

Em 21 de abril, realizou-se o plebiscito sobre a forma e o sistema de governo desejados pelos brasileiros. O resultado determinou a manutenção da República presidencialista. Durante a campanha, o PSDB teve nova oportunidade de reforçar sua defesa do sistema parlamentarista de governo. Covas, como uma das lideranças mais importantes do partido, ocupou espaço de destaque na defesa do parlamentarismo.

Quando estourou o “escândalo do orçamento” — denúncias de corrupção contra membros da Comissão de Orçamento do Congresso Nacional —, em fins de 1993, Covas defendeu a autonomia do Legislativo na apuração das denúncias e a cassação dos mandatos dos que tivessem comprovado envolvimento no esquema de corrupção. Como resultado das denúncias, foi instalada uma CPI, que recomendou a cassação de 18 parlamentares, dos quais seis foram efetivamente cassados, quatro renunciaram ao mandato e oito foram absolvidos.

No governo de São Paulo

Em dezembro de 1993, Mário Covas lançou-se candidato ao governo de São Paulo. Embora tivesse inicialmente se mostrado resistente à aliança com o Partido da Frente Liberal (PFL) nas discussões internas do PSDB sobre a chapa encabeçada por Fernando Henrique Cardoso na eleição presidencial, acabou por reproduzir a aliança em São Paulo. Grande favorito desde o início da campanha, esteve bem perto da vitória no primeiro turno, em outubro de 1994. Foi eleito no segundo turno, realizado em novembro seguinte, quando derrotou Francisco Rossi, candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT), contando nessa etapa com o apoio de um amplo espectro de forças políticas, que ia do PT ao Partido Progressista Brasileiro (PPB), de Paulo Maluf.

Ainda no primeiro turno, foi acusado de valer-se de vultosos recursos para a campanha e de oferecer em troca futuros favores políticos, especialmente por meio da ação do empresário e amigo Antônio Dias Felipe, conhecido como Português, que angariou fundos junto ao empresariado paulista. No fim do processo eleitoral, a publicação de uma extensa lista de doadores da campanha, que incluía empreiteiras acusadas de vinculação com os escândalos do governo Collor, reforçou as denúncias.

Embora com um discurso político que procurava conciliar seu passado de esquerda com a nova linha de intervenção do PSDB, Covas e sua equipe apresentaram um programa de governo que ainda no primeiro turno das eleições foi classificado pela grande imprensa como uma “versão radical de planos tidos como neoliberais”. Eleito, continuou a buscar um discurso mediador, falando em parcerias com a iniciativa privada, e não necessariamente em privatização das estatais estaduais, enquanto os secretários por ele já escolhidos para o governo tratavam abertamente das privatizações como saída para a resolução da crise financeira de São Paulo. Na montagem do secretariado, anunciou a intenção de atrair o PT para o governo, embora esse partido tivesse anunciado durante a campanha do segundo turno que o apoio a Covas não significaria adesão à sua administração. Acabou por compor o governo com nomeações de políticos e técnicos ligados ao PSDB e ao PFL.

Tomou posse em 1º de janeiro de 1995, já com o Banco do Estado de São Paulo (Banespa) sob intervenção do Banco Central, em função de crescentes dívidas não pagas, contraídas nas gestões anteriores. Em face da difícil situação financeira do estado, procurou soluções nos caminhos apontados pelo projeto do presidente Fernando Henrique Cardoso, que também iniciava seu governo: privatizações de empresas estatais e corte de gastos e de funcionários públicos, atingindo diretamente, já no primeiro mês, a área de educação e os serviços sociais de assistência a menores carentes. Enfrentou ainda as ameaças de esvaziamento econômico de São Paulo, visíveis quando, no início do mandato, os governadores de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, Eduardo Azeredo e Marcelo Alencar, ambos do PSDB, envolveram-se em verdadeira batalha para sediar projetos de implantação de grandes plantas industriais em seus estados, através da oferta de elevados incentivos fiscais.

Como governador, Covas enfrentou também manifestações pela reforma agrária. No final de 1995, negociou com os líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) o assentamento definitivo de cerca de mil famílias na região do Pontal do Paranapanema, foco de ocupações de terras improdutivas e de conflitos pela desapropriação para fins de reforma agrária de diversos latifúndios. Ao fim do prazo estabelecido no acordo de Covas com o MST, em dezembro de 1995, o movimento alegou que Covas não havia cumprido suas promessas, tendo realizado assentamentos provisórios, sem a garantia da propriedade da terra para os assentados e sem qualquer investimento em infraestrutura. As ocupações foram então retomadas, como forma de pressão sobre os governos estadual e federal. Nesse contexto, em janeiro de 1996 foi decretada a prisão preventiva de seis lideranças dos sem-terra no Pontal do Paranapanema, entre as quais o coordenador do MST na área, José Rainha Júnior, que permaneceu foragido, e de sua esposa Diolinda Alves de Sousa, cuja prisão gerou protestos múltiplos de organizações da sociedade civil e reações de organismos internacionais de defesa dos direitos humanos.

Os baixos índices de popularidade impediram uma atuação direta de Covas em favor da campanha eleitoral de José Serra para a prefeitura de São Paulo na legenda do PSDB. Serra não chegou sequer ao segundo turno das eleições, tendo sido o terceiro mais votado no pleito de outubro de 1996, atrás do candidato do PPB, Celso Pitta, secretário de Finanças de Paulo Maluf na prefeitura paulistana, e da ex-prefeita Luísa Erundina, do PT.

Na disputa pelo segundo turno, Covas colocou-se abertamente contra a decisão do governo federal de liberar seus ministros para apoiar Celso Pitta. O governador paulista declarou o voto na candidata petista e incentivou seus secretários de governo a fazerem o mesmo. Segundo a imprensa, negociações entre o presidente Fernando Henrique e Paulo Maluf haviam resultado no apoio do PSDB a Pitta em São Paulo, em troca da adesão dos deputados pepebistas à proposta da reeleição, que seria apresentada ao Congresso e, se aprovada, viria a beneficiar diretamente uma nova candidatura de Fernando Henrique à presidência da República em 1998. Pitta obteve expressiva vitória no segundo turno, realizado em novembro, aumentando o cacife político de Maluf, principal adversário de Covas no estado.

Passadas as eleições municipais de 1996, a discussão sobre a reeleição — para a presidência, governos e prefeituras — veio a dominar o cenário político nacional. Ainda em outubro, Covas foi um dos quatro únicos governadores a se manifestarem contra a proposta, alegando que seria “inevitável” o uso da máquina e do dinheiro públicos nas campanhas. Já em janeiro de 1997, no entanto, mostrou-se favorável à posição do partido, defendendo a aprovação da emenda apesar de negar sua própria candidatura à reeleição.

Em março foram veiculadas, pelo Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, imagens de uma blitz da Polícia Militar (PM) paulista em Diadema, na qual policiais apareciam extorquindo, torturando e atirando em moradores da favela Naval, episódio que resultou em uma morte. Com a repercussão nacional que o caso obteve, Covas afastou o diretor da Corregedoria da PM e o comandante do policiamento da região do ABCD. O governador pediu desculpas à população pela violência policial e reconheceu que soubera do caso somente pela televisão. Ainda assim, frisou que a própria PM já havia aberto dois inquéritos sobre as denúncias, e que o Ministério Público, assim que soubera da existência da fita, pedira a prisão dos dez policiais envolvidos. Nos dias seguintes, garantiu indenização imediata às vítimas.

Ainda em abril, apresentou proposta de emenda constitucional reduzindo os quadros da PM e retirando de suas atribuições o combate ao crime, que passaria a caber à Polícia Civil. A atuação da PM se limitaria, pela proposta, ao policiamento rodoviário, corpo de bombeiros e defesa civil. A iniciativa foi repudiada em manifesto assinado por 31 comandantes da PM de todo o país.

A crise da polícia paulista agravou-se em maio, quando três pessoas morreram e dez ficaram feridas em uma ação da PM visando a desocupar um terreno invadido por famílias na Zona Leste da capital. Em julho, policiais civis e militares de São Paulo iniciaram movimento reivindicando melhores salários, como parte de uma mobilização nacional que chegou a atingir 14 estados, com negociações salariais, ameaças de greve, passeatas e efetiva paralisação. Em São Paulo, Covas imprimiu rapidez às negociações e anunciou imediatos reajustes salariais em poucos dias, o que esvaziou o movimento e evitou a greve das polícias.

Em relação às finanças do estado, dificuldade encontrada desde que assumira o governo, conquistou importante acordo com o governo federal em 1997. Em maio, a União assumiu as dívidas de São Paulo, fixando em 30 anos o prazo para o pagamento ao Tesouro Nacional dos débitos do governo paulista. Como parte do acordo, o Banespa foi federalizado.

Acusado de ter descumprido regras referentes ao pagamento de precatórios do estado (dívidas resultantes de sentenças judiciais), Covas compareceu em junho à CPI instaurada pelo Senado para apurar irregularidades semelhantes em diversas capitais e estados brasileiros. Em seu depoimento, negou o envolvimento com o desvio de recursos referentes à emissão de títulos públicos para os precatórios. Apresentou carta assinada pelos interventores do Banespa que, em 1996, se valeram de tais títulos para solucionar problemas de liquidez do banco, restituindo-os em seguida. Acusou o Senado e o Banco Central de conivência com irregularidades na emissão e utilização de títulos cometidas por seus antecessores no governo, Luís Antônio Fleury Filho e Orestes Quércia. Ao final da sessão, foi aplaudido pelos integrantes da CPI.

Aprovada pelo Congresso em votação no dia 4 de junho de 1997, a emenda da reeleição abriu a possibilidade da recondução ao cargo para prefeitos, governadores e o presidente da República, sem necessidade de desincompatibilização. Reticente quanto à sua reeleição, mais uma vez Covas viu com desagrado a aproximação entre Paulo Maluf e o presidente Fernando Henrique Cardoso — este interessado nas alianças em torno de sua reeleição no ano seguinte, e aquele disposto a abrir mão de concorrer à presidência em troca da simpatia, ou ao menos da neutralidade, do governo e seus aliados à sua candidatura a governador. Covas e outros líderes do PSDB demonstravam crescente insatisfação com a política de alianças de Fernando Henrique que, segundo eles, se preocupava em beneficiar os outros grandes partidos governistas — PFL, PPB, Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e PMDB — em detrimento dos quadros de seu próprio partido. A crise interna do PSDB refletiu-se na indefinição quanto à candidatura de Covas à reeleição. Se, por um lado, era promovida por tucanos paulistas e publicamente apoiada pelo presidente, por outro foi repetidas vezes rechaçada pelo próprio governador.

Quando finalmente assumiu a candidatura, Mário Covas fez questão de se desincompatibilizar do cargo de governador. Assim, de 7 de julho até 30 de outubro de 1998 — após, portanto, a realização de um eventual segundo turno, marcado para o dia 25 daquele mês —, o governo paulista seria ocupado pelo vice Geraldo Alckmin. Inicialmente, a campanha, apoiada pelo PTB e outros partidos menores, manteve-se em baixos patamares nas pesquisas de intenção de voto. Paulo Maluf — candidato do PPB em coligação com o PFL e outros partidos menores — disputava com o governador o privilégio do apoio do palácio do Planalto, espalhando pelo estado outdoors em que aparecia ao lado do presidente Fernando Henrique Cardoso.

A candidatura de Covas teve rápido crescimento nos dias que antecederam as eleições, o que levou o governador a derrotar a deputada federal Marta Suplicy, do PT, por menos de 0,5% dos votos, conquistando a segunda posição no primeiro turno, atrás de Maluf. Para o segundo turno, não pôde contar com o esperado apoio do quarto mais votado, Francisco Rossi, que se desligou do PDT para ficar ao lado de Maluf. O PT de Marta Suplicy decidiu-se por uma posição oficialmente neutra, mas a deputada, seu marido Eduardo Suplicy, reeleito senador, e outras lideranças petistas em São Paulo declararam seu voto no candidato do PSDB. A chamada “frente antimalufista” favoreceu a votação de Covas no segundo turno. No pleito de 25 de outubro, o governador foi reeleito com 9.880.253 votos (55,37% do total de votos válidos), contra 7.900.598 (44,63%) dados a Paulo Maluf.

Em dezembro, após se submeter a exames médicos, Covas teve identificado um tumor maligno na bexiga. Exames realizados nos Estados Unidos revelaram que o câncer não tinha se espalhado por outros órgãos. Submetido no dia 14 a uma operação de retirada do tumor e reconstrução da bexiga a partir do tecido do intestino no Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, não pôde tomar posse em 1º de janeiro de 1999, só vindo a fazê-lo dias depois, ainda convalescente. Submetido a três sessões de quimioterapia, apenas em maio assumiu plenamente suas funções no governo de São Paulo. Em 2000, mesmo doente e submetido a vários tratamentos, continuou com suas atividades. Durante o carnaval de 2001, passou mal em Bertioga (SP) e foi levado de helicóptero ao Incor. Faleceu nesse hospital em 6 de março de 2001.

Muza Velásquez/Lorenzo Aldé /Harriete Tedeschi

http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/mario...

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Mario Covas, 30° Governador de São Paulo's Timeline

1930
April 21, 1930
Santos, SP, Brazil
2001
March 6, 2001
Age 70
Sao Paulo, São Paulo, SP, Brazil
????
Cemitério do Paquetá, Santos, SP, Brazil