Senador Abdias do Nascimento

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Abdias do Nascimento

Birthdate:
Birthplace: Franca, SP, Brazil
Death: May 23, 2011 (97)
Rio de Janeiro, Brazil
Immediate Family:

Son of José Ferreira do Nascimento; Private; Georgina Ferreira do Nascimento and Georgina Ferreira do Nascimento
Husband of Private; Maria de Lourdes Vale Nascimento and Léa Garcia
Brother of José Ferreira do Nascimento, Filho and José Ferreira do Nascimento Filho

Occupation: Deputado, Senador, Ator, poeta, escritor, dramaturgo, artista plástico, professor universitário, político e ativista dos direitos civis e humanos
Managed by: Private User
Last Updated:

About Senador Abdias do Nascimento

Abdias do Nascimento (Franca, 14 de março de 1914 — Rio de Janeiro, 23 de maio de 2011) foi um ator, poeta, escritor, dramaturgo, artista plástico, professor universitário, político e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras brasileiras.

Considerado um dos maiores expoentes da cultura negra e dos direitos humanos no Brasil e no mundo, foi oficialmente indicado ao Prêmio Nobel da Paz de 2010.[1] Fundou entidades pioneiras como o Teatro Experimental do Negro (TEN), o Museu da Arte Negra (MAN) e o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO). Foi um idealizador do Memorial Zumbi e do Movimento Negro Unificado (MNU) e atuou em movimentos nacionais e internacionais como a Frente Negra Brasileira,[2] a Negritude e o Pan-Africanismo. Quando jovem, foi membro da Ação Integralista Brasileira, onde atuou como jornalista, considerando o período fundamental para lhe "possibilitar conhecimentos sobre a cultura brasileira, arte, literatura e economia",[3] tendo se desligado após o fechamento legal da AIB por se opor a "um segmento sistematicamente racista contra os negros" dentro do movimento.[4] Atuou no antigo Partido Trabalhista Brasileiro (1945-65) e foi fundador do Partido Democrático Trabalhista em 1981, chegando a ser vice-presidente da legenda a que foi filiado até sua morte.[5]

Foi professor emérito na Universidade Estadual de Nova Iorque em Buffalo, campus de Buffalo, onde, durante seu exílio do regime militar, ele foi professor titular por dez anos. Nascimento atuou como professor visitante na Escola de Artes Dramáticas da Universidade Yale. Convidado pelo Fórum das Humanidades da Universidade Wesleyan, também nos Estados Unidos, ele participou na condição de professor visitante, com alguns dos mais destacados intelectuais da época, do Seminário "A Humanidade em Revolta". Foi professor convidado do Departamento de Línguas e Literaturas Africanas da Universidade de Ifé, em Ifé, Nigéria. Voltando do exílio, foi deputado federal e senador da República, além de secretário do governo do Estado do Rio de Janeiro.

Biografia
Família
Filho de Georgina Ferreira do Nascimento (conhecida como Dona Josina), doceira e ama de leite, e de José Ferreira do Nascimento, sapateiro e violonista,[6] Abdias do Nascimento era neto de mulheres escravizadas. A avó materna, Francelina, foi internada no famigerado asilo de Juquery e sofreu sérias consequências dos maus tratos lá recebidos.[7] A avó paterna, Ismênia, nascida na África, foi estuprada por um português. Por isso o pai de Abdias "carregou, durante seus 95 anos de vida, a dor de ser um filho 'natural', isto é, de não ter sido reconhecido pelo pai".[8]

Movimento integralista
Abdias participou da Ação Integralista Brasileira, sobre a qual declarou:

As lutas nacionalistas e anti-imperialistas, a oposição ao capitalismo e à burguesia, foram os temas que me atraíram para as fileiras integralistas. Etapa importante da minha vida. No integralismo foi onde pela primeira vez comecei a entender a realidade social, econômica e política do país e as implicações internacionais que o envolviam. A juventude integralista estudava muito e com seriedade. Encontrei e conheci pessoas de primeira qualidade como um San Tiago Dantas, Gerardo Mello Mourão ou Roland Corbisier; assim como um Rômulo de Almeida, Lauro Escorel, Jaime de Azevedo Rodrigues (falecido), o bravo embaixador brasileiro num país europeu que se demitiu da carreira após o golpe militar de 1964; ou ainda D. Hélder Câmara, Ernâni da Silva Bruno, Antônio Galloti, M. Mazei Guimarães e muitos outros. Conheci bem de perto o chefe integralista Plínio Salgado de quem em certa época fui amigo. Dentro do integralismo eu me separava do movimento negro, mantendo assim duas atividades paralelas. Logo que percebi, concretamente, o racismo dentro do integralismo, me desliguei definitivamente desse movimento político.
— NASCIMENTO, Abdias do. Entrevista. In CAVALCANTE, Pedro Celso Uchôa e RAMOS, Jovelino (orgs)

Memórias do exílio. 1964/19??. De muitos caminhos, São Paulo, Livraria Livramento, 1978, Vol. 1, p. 30.

Comentando em sua autobiografia as declarações de Abdias sobre sua passagem pela AIB, o advogado e ex-deputado federal baiano Rubem Nogueira, que sobre Abdias afirmou que o "conheci de perto" durante a década de 30, sustentou que Abdias "se manteve fiel (ao Integralismo) até o fim da existência legal da AIB, motivo por que sofreu arbitrária detenção em começos de 1938".[9] Realmente, em fevereiro de 1938, Abdias foi detido no âmbito do Processo n° 461 do Tribunal de Segurança Nacional, ao lado de outros seis integralistas, por distribuir boletins integralistas nos últimos dias de dezembro de 1937.[10][11] Segundo apurou a polícia política, Abdias teria sido, ao lado de Rômulo Almeida, o principal autor de uma derrama de boletins em edifícios no Centro do Rio de Janeiro.[12]

Dentro da AIB, trabalhava no gabinete de Plínio Salgado. Participava dos círculos de estudantes integralistas. Segundo Gerardo Melo Mourão, "Abdias se dedicou exclusivamente ao problema da raça negra, da redenção dos negros brasileiros, dizia que era a missão dele e era realmente uma coisa tão importante".[13] Anos mais tarde, no pós guerra e em um contexto de disputas políticas na UNE, seu passado integralista foi usado como pretexto para deslegitimar sua atuação política. Em publicação de 1976, disse: "não tinha nada a declarar naquela espécie de autocrítica sob coação. Nada havia no meu passado para lamentar ou arrepender. (...) Passei por aquilo e larguei para trás. Mudei. (...) Sofri o racismo no meio integralista e denunciei o fascismo. Não iria agora me submeter a uma nova manobra de cunho nazi-fascista. Então eles (os donos da UNE) expulsaram a mim, ao Aguinaldo Camargo e ao Rodrigues Alves sob a acusação de que éramos racistas!".[14][15]

Após o Estado Novo, a imprensa oficial do partido integralista que sucedeu a AIB, o Partido de Representação Popular, deu ampla divulgação às atividades de Abdias. Ele chegou mesmo a dar entrevistas para o jornal oficial do integralismo, A Marcha, na década de 1950, e foi através da editora GRD, do diretor de A Marcha, o integralista Gumercindo Rocha Dorea, que lançou seus primeiros livros na década de 1960. Segundo Gabriel Soares Predebon, isso demonstra uma continuidade das relações de Abdias com o movimento integralista. Um de seus principais aliados no TEN, Ironides Rodrigues, foi o responsável pela coluna de cinema de A Marcha entre 1954 e 1962.[16]

Regime militar
Com o endurecimento do regime militar, Abdias exila-se por 13 anos no exterior. Na mesma época, o TEN é dissolvido e Abdias se afasta do teatro, conduzindo sua militância política por outros caminhos, tendo lecionado como professor universitário, e dedicando-se à pintura e à pesquisa de visualidades relacionadas à cultura religiosa afro-brasileira.[17]

Durante essa época, formou junto com Gerardo Melo Mourão, Godofredo Iommi, Efrain Bo, Raul Young e Napoleón López uma aliança poética chamada La Santa Hermandad de la Orquídea. Em 1940, "os orquídeas" iniciaram sua jornada pela Amazônia passando por todos os tipos de dificuldades físicas e econômicas, de acordo com o que foi registrado por Juan Raúl Young, em uma carta de 1978 endereçada a Abdias, na qual resgata suas memórias desta viagem:

Citação: Em nosso tempo livre, Godô (Godofredo Iommi) lia para nós A Divina Comédia, escrita em italiano antigo. Godô leu, traduziu e fez sua interpretação existencialista, que era a filosofia que nos formava na época, e com ela interpretamos (A Divina Comédia) como uma jornada ontológica, ou seja, como a construção do ser de Dante.[18]

Segundo a historiadora e intelectual negra Maria Gerlane Santos de Jesus, Abdias era uma das principais influências na luta antirracista:

A figura do Abdias Nascimento é sem dúvida emblemática no século XX e seu envolvimento na luta antirracista (e não só) é louvável, pois não temos como falar do século XX e da luta antirracista sem lembrar do nome do Abdias Nascimento, que lutou por essa causa tanto como militante, quanto intelectual, como artista. Foi influência para muitos militantes negros que a partir da década de 1970 passaram a entrar nos meios acadêmicos e assim, ao invés de verem suas histórias escritas por intelectuais predominantemente brancos, começaram, assim como Abdias nascimento, escrever suas histórias, as histórias dos seus povos.
— Maria Gerlane Santos de Jesus (2015), A representação do negro nas Revistas Veja e Isto é: Abdias Nascimento, o movimento negro e o centenário da abolição (1978-1988), Universidade do Estado de Santa Catarina, Wikidata Q106513141
Vida política
Após a volta do exílio (1968-1978), Abdias se inseriu na vida política ao colaborar fortemente para a criação do Movimento Negro Unificado em 1978 e como um dos fundadores do PDT em 1980.

Candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro em 1982, alcançou a terceira suplência,[19][20] exercendo o mandato ante a nomeação de parlamentares para o secretariado do governador Leonel Brizola.[21][nota 1] Foi a primeira vez que o Congresso Nacional teve um parlamentar engajado no combate ao racismo.[22]

Em diferentes ocasiões, Abdias precisou ser assertivo na Câmara dos Deputados. Quando um colega afirmou que não existia racismo no Brasil, ele respondeu: “Quem sabe do racismo são aqueles que o sofrem, e não Vossa Excelência, que pertence à classe dos privilegiados”.[23]

Em outro momento, um deputado disse que era exagero afirmar que os negros eram oprimidos, já que, para ele, a opressão recaía sobre os pobres como um todo, não importando a raça. Abdias interveio: “A nossa luta de negro não está desvinculada das reivindicações dos oprimidos deste país. Mas isso não quer dizer que não tenhamos os nossos problemas específicos. Nenhum outro pobre de qualquer outra raça foi escravo por 400 anos aqui no Brasil. Somente nós”.[24]

Outro deputado citou os esportistas Pelé e João Paulo para argumentar que os negros não eram cidadãos de segunda classe. Abdias se manifestou: “Devo afirmar que essas exceções apontadas por Vossa Senhoria apenas confirmam a regra”.[25]

Apresentou projetos de lei para transformar o racismo em crime de lesa-humanidade, criar cotas raciais no serviço público e nas empresas privadas, incluir no currículo das escolas a história da África e a cultura negra e transformar o 20 de novembro no Dia Nacional da Consciência Negra. Nenhum dos projetos foi aprovado.[26]

Votou a favor da Emenda Dante de Oliveira em 1984, mas não participou da votação que elegeu Tancredo Neves no Colégio Eleitoral em 1985, porque o deputado Brandão Monteiro reassumiu para votar na histórica sessão.[27][28]

Em 1986, Abdias não conseguiu se reeleger deputado.

Eleito segundo suplente de senador pelo PDT em 1990, assumiu a vaga após a morte de Darcy Ribeiro em 1997.[29][nota 2]

Chegando ao Senado, foi apresentado como o primeiro senador negro do Brasil. Ele discordou, citando vários políticos negros do passado que nunca assumiram tal identidade. Perguntou: “Não constitui um escândalo que somente agora, 165 anos após a organização das instituições legislativas nacionais, um homem de ascendência africana consciente e orgulhoso dessa condição e representando os anseios dessa imensa população chegue ao Senado?”.[30]

Como senador, Abdias voltou a apresentar projetos antirracismo semelhantes aos que havia apresentado na Câmara. Na defesa das cotas raciais, discursou:

“A ação afirmativa, que eu prefiro chamar de ação compensatória, é um instrumento utilizado para promover a igualdade de oportunidades no emprego, na educação, no acesso à moradia e no mundo dos negócios. Por meio dela, o Estado, a universidade e as empresas podem não apenas remediar a discriminação passada e presente, mas também prevenir a discriminação futura, num esforço para chegar a uma sociedade inclusiva, aberta à participação igualitária de todos os cidadãos”.[31]

Tampouco no Senado seus projetos de lei foram aprovados.[32]

Abdias começava seus discursos parlamentares pedindo a proteção do deus Olorum e os encerrava desejando “axé”, que significa “força” no idioma iorubá.[33]

Casamentos
Foi casado com a assistente social, ativista e jornalista Maria de Lourdes Vale Nascimento.[34] Casou uma segunda vez com a atriz Léa Garcia, com quem teve dois filhos. Sua última esposa foi a socióloga norte-americana Elizabeth (Elisa) Larkin, com quem teve um filho.[35][36]

Morte
Abdias morreu em 23 de maio de 2011, aos 97 anos, devido a uma insuficiência cardíaca. Ele estava internado desde abril no Hospital dos Servidores do Rio de Janeiro por causa de uma pneumonia, que agravou problemas cardíacos e renais crônicos e não resistiu às complicações da doença.[37][38]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Abdias_do_Nascimento

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Senador Abdias do Nascimento's Timeline

1914
March 14, 1914
Franca, SP, Brazil
2011
May 23, 2011
Age 97
Rio de Janeiro, Brazil