Teodósio de Bragança, Príncipe do Brasil

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D. Teodósio de Bragança, Príncipe do Brasil

Birthdate:
Birthplace: Paço Ducal de Vila Viçosa, Vila Viçosa, Évora, Portugal
Death: May 15, 1653 (19)
Palácio Real de Alcântara, Quinta da Tapada, Lisboa, Portugal (Tuberculose pulmonar)
Place of Burial: Lisboa, Portugal
Immediate Family:

Son of João IV o Restaurador, rei de Portugal and Luisa Maria de Guzmán, Rainha-Consorte de Portugal
Brother of Ana de Bragança; Joana de Bragança, Princesa da Beira; Catherine of Braganza, Queen Consort of England; Manuel de Bragança; Afonso VI o Vitorioso, rei de Portugal and 1 other
Half brother of Maria de Bragança

Managed by: Noah Tutak
Last Updated:

àcerca (Português)

D. Teodósio de Bragança (Vila Viçosa, 8 de fevereiro de 1634 - Lisboa, 15 de maio de 1653), foi o filho primogénito do Rei João IV de Portugal e de Luísa de Gusmão, que, por ser filho varão, foi declarado herdeiro presuntivo da coroa. Foi criado o título de Príncipe do Brasil em sua honra.

Biografia

Nasceu no Paço Ducal de Vila Viçosa, na mesma vila, a 8 de fevereiro de 1634, sendo o seu pai, à data, ainda João II, 8.º Duque de Bragança. Foi baptizado a 27 de fevereiro na Capela Ducal do mesmo Paço, pelo Deão António de Brito de Sousa, tendo por padrinho Duarte de Bragança, tio paterno. Levou-o à pia baptismal Rui de Sousa, fidalgo que havia sido copeiro-mor de seu pai. Foi-lhe posto o nome de Teodósio em homenagem ao avô paterno, Teodósio II, 7.º Duque de Bragança.

Com a ascensão do pai ao trono português, é declarado herdeiro presuntivo da coroa, a 28 de janeiro de 1641. A 2 de maio de 1642 é nomeado Coronel da Nobreza, com quatro Terços, dos quais três se formariam de oito companhias nobres e o quarto das companhias dos privilegiados, naturais e estrangeiros da cidade de Lisboa, sendo nomeados tenentes do Príncipe e governadores dos quatro Terços o Marquês de Montalvão e os Condes da Torre, Unhão e da Calheta.

Teodósio foi o primeiro Príncipe do Brasil, tendo o título sido criado por seu pai em substituição do título de Príncipe herdeiro de Portugal. Além desta honra, declarou o filho Duque de Bragança (como Teodósio III), fazendo-lhe doação de todo o Estado da Casa de Bragança, com todas as jurisdições, rendas, padroados e bens que pertenciam aos Duques, determinando que a referida posse passaria a todos os Príncipes herdeiros e que, em momento algum se poderia unir à coroa, da qual totalmente separava esta Casa. Para corroborar esta disposição, usou do poder absoluto, dispensando e abolindo qualquer lei, ordenação, regimento, capítulo de Cortes Gerais ou especiais, que existissem em contrário, determinando todas estas deliberações em Carta de 27 de outubro de 1645. Acumulava também os títulos de 4.º Duque de Barcelos, 8.º Marquês de Vila Viçosa, 16.º Conde de Barcelos, 13.º Conde de Ourém, 10.º Conde de Arraiolos e 10.º Conde de Neiva.

Na juventude, foi-lhe nomeado por Aio e Mestre o irlandês Pedro Pueros, que o instruiu nas Letras, tendo, em poucos anos, aprendido a falar perfeitamente o Latim, deixando na mesma língua várias obras eruditas de diversas matérias, que, devido à sua morte precoce, nunca se chegaram a imprimir, intitulando-se três delas Historia Universal do Mundo, Aureum Saeculum e Macareopolis, conservando-se esta última na biblioteca do Cardeal Luís de Sousa, que posteriormente pertenceu ao Duque de Lafões. O referido livro serviu também de instrumento para que a Rainha Cristina da Suécia, com quem o Príncipe mantinha comunicação, seguisse a religião Católica Romana. São ainda de relevar Suecia e Sacramento Altaris, dedicados à Rainha Cristina e que contribuíram para a sua conversão ao Catolicismo, tendo esta, pela estimação que fez dos livros, querido casar-se com o Príncipe e vir a residir em Portugal, um Reino católico, o que não lhe foi permitido, devido às leis protestantes do seu país. Para o jovem Príncipe ocorreram várias tentativas de consórcio com Maria Teresa de Espanha, depois Rainha consorte de França, mas a diplomacia portuguesa não conseguiu impor o projeto na Corte francesa, devido a vários conflitos que não viram resolução. Teodósio foi também fluente em Italiano, Francês, Castelhano e ainda Hebraico e Grego, cujos caracteres elaborava à mão. Revelou também dotes para a Música.

Nas ciências, teve por Mestre em Matemática o flamengo Padre João Paschasio Sciermans, professor insigne que considerou que, ao iniciar as lições com o Príncipe, este era mais Mestre que discípulo. Soube com excelência Filosofia e Teologia, dominando os temas com vastidão. Na Medicina e na Química teve bastante luz, especulando termos com os Médicos Reais. Do Direito Canónico e Civil aprendeu o que lhe era necessário para a administração do Reino. Nas Artes liberais era versado, manuseando as armas com perfeição e destreza, assim como na equitação e na arquitetura militar, delineando, planeando e riscando fortificações. Ainda as Artes mecânicas lhe deveram curiosidade, obrando relógios e forjando espadas de admirável têmpera. Na lição de História humana e Sagrada era erudito, nunca perdendo de vista os livros sobre Política, que ensinavam a reinar.

O seu talento permitiu-lhe assistir ao Conselho de Estado desde a idade de 13 anos, sendo o seu voto o mais bem fundado, com discursos solidamente ponderados. Aos 15 anos, já lhe fiava o seu pai importantes negócios da Monarquia, esperando no seu voto o mais seguro conselho, quer nas matérias políticas quer militares. Não só no Conselho o ouvia o Rei, participando-lhe importantíssimas matérias no seio doméstico.

O impulso da juventude fê-lo visitar em novembro de 1651 os castelos do Alentejo, passando por Arraiolos, Estremoz, Elvas e Vila Viçosa, onde animou os soldados e as populações; e, no regresso a Lisboa, em dezembro, viu-se nomeado pelo pai Capitão-general das Armas do Reino, título que soube administrar com prudência e justiça desde 25 de janeiro de 1652. Quer o Conselho de Guerra, a Junta dos Três Estados, a Contadoria Geral, os Governadores das Armas e a todos os mais oficiais de Guerra e Fazenda se mandou ordem para que ao Príncipe dirigissem as suas consultas e negócios e todos os mais vassalos de qualquer qualidade lhe obedeceriam nas matérias de guerra e fazenda sem limitação alguma.

António Caetano de Sousa descreveu o Príncipe da seguinte forma: «A natureza, e a graça ornaraõ este Principe de virtudes heroicas, porque fundando o edificio da sua vida em santo temor de Deos, se admirou nelle veneraçaõ ao culto Divino, piedade, e grande religiaõ, inviolavel castidade, com que conservou a sua alma pura, com tal modestia, que se offendia de ouvir palavras obcenas, e nunca mais tornou a conversar voluntariamente com a pessoa, a quem ouvio termos immodestos; liberal com a pobreza, magnanimo, admiravel juizo, e igual valor, e sobre tudo observantissimo da Ley de Deos.» É ainda descrito fisicamente, pelo mesmo autor: «Foy este virtuoso, excellente Principe de estatura proporcionada, e de galharda presença, com o rosto grave, branco, e córado, olhos, e cabellos negros, o corpo robusto, antes que os achaques o debilitassem.»

Profundamente religioso e devoto, principiava o dia com exercícios de santidade, gastando muitas horas em contemplação e persuadindo os familiares a considerarem o que era Deus. Aos 4 anos, já reconhecia culpa em atos seus, confessando-se desde essa tenra idade. Todas as vezes que o relógio dava horas, fazia fervorosos atos de contrição, confessava-se quase todos os dias e comungava todos os domingos e nas festas religiosas de culto a Jesus Cristo, Nossa Senhora e Santos da sua devoção. Recriava-se com solidão, retirando-se como eremita de tempos em tempos na Quinta Real de Alcântara. Castigava asperamente o seu corpo com cilícios, disciplinas e jejuns, exercitando obras de mortificação. O padre jesuíta António Vieira fora um dos seus Mestres, que lhe incutiu grande interesse em astrologia, tendo o Príncipe composto várias cartas astrológicas.

Teodósio amou de tal maneira a Nobreza, que quando via o seu pai desgostoso com algum fidalgo, não cessava em restituir o fidalgo em questão às graças de seu pai. Com o povo era compassivo e clemente e amava tanto o de Lisboa, que poucos dias antes de morrer chamou o Juiz do Povo, e lhe disse: «Dizey ao povo, que se Deos me der vida, toda hey de gastar em sua defensa, e senão, que mais efficazmente o defenderey no Ceo.» E muitas vezes repetia que se não houvesse tempo de ver os seus vassalos livres das opressões de que padeciam, não queria ser Rei de Portugal. Estas expressões faziam-no ser respeitado e amado por toda a população, de tal maneira, que não havia pessoa que não lhe falasse uma vez, que não desejasse voltar a vê-lo, pela sua afabilidade, génio e portentosa graça.

Padecedor de uma saúde frágil, contraiu tuberculose pulmonar, adoecendo gravemente. Recebeu a unção dos enfermos e restantes sacramentos de 9 a 15 de maio de 1653, dia em que faleceu, no hoje extinto Palácio Real de Alcântara, sito na Quinta do mesmo nome (também conhecida por Quinta da Tapada), em Lisboa, aos 19 anos de idade. Teria morrido abraçado a uma imagem de Cristo na Cruz, repetindo fervorosamente: «Praebe mihi cor tuum, & ego dabo tibi cor meum: sicut desiderat cervus ad fontes aquarum, ita desiderat anima mea ad te, Deus.», que traduzido do Latim, se entende por «Dai-me o seu coração, e eu lhe darei o meu coração, como o cervo anseia pela fonte das águas, a minha alma anseia por Vós, ó meu Deus.»

Foi vestido com a sua melhor indumentária, adereçado, sendo-lhe depois colocado o hábito de São Francisco, como havia pedido em vida e o manto de Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo. Foi sepultado no coro-alto do Mosteiro dos Jerónimos, em rico túmulo, onde se sepultou 6 meses depois a sua irmã Joana de Bragança. João IV expressou em testamento que os seus filhos fossem trasladados para a Igreja de São Vicente de Fora, onde mandou que lhes fizessem sepulturas magníficas. Tal só se concretizou dois séculos depois, em 1855, aquando da sua trasladação, juntamente com a dos seus irmãos Afonso VI, Catarina e Joana, para o Panteão da Dinastia de Bragança. Atualmente jaz em túmulo não identificado ou trocado, sendo incerto o paradeiro das suas ossadas, bem como do seu túmulo original, desde as remodelações ocorridas no Panteão em 1933, desconhecendo-se o motivo deste lapso.

Com a sua morte prematura, torna-se herdeiro presuntivo do trono o seu irmão mais novo, que lhe sucederá nos títulos de Príncipe do Brasil e Duque de Bragança, o futuro Rei Afonso VI, que se revelou incapaz, sendo deposto pelo irmão mais novo de ambos, o futuro Rei Pedro II.

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Teodósio de Bragança, Príncipe do Brasil's Timeline

1634
February 8, 1634
Paço Ducal de Vila Viçosa, Vila Viçosa, Évora, Portugal
1653
May 15, 1653
Age 19
Palácio Real de Alcântara, Quinta da Tapada, Lisboa, Portugal
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Panteão dos Braganças, Mosteiro de São Vicente de Fora, Lisboa, Portugal