
A Geração de Orpheu foi o grupo responsável pela introdução do Modernismo nas artes e letras portuguesas. O nome advém da revista literária Orpheu, publicada em Lisboa no ano de 1915.
Seguindo as vanguardas europeias do início do século XX, nomeadamente o Futurismo, os colaboradores da revista Orpheu propuseram-se, de acordo com uma citação de Maiakovsky que Almada Negreiros terá usado mais tarde para caracterizar o Grupo, "dar uma bofetada no gosto público". Apesar disto, mantiveram influências de movimentos anteriores, tal como o Simbolismo e o Impressionismo.
Poetas como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, e pintores como Amadeo de Souza-Cardoso e Santa Rita Pintor reuniram-se em torno duma revista de arte e literatura cuja principal função era agitar as águas, subverter, escandalizar o burguês e pôr todas as convenções sociais em causa: o próprio nome "Orpheu" não fôra escolhido por obra do acaso - Orpheu era o mítico músico grego que, para salvar a sua mulher Eurydice do Hades, teria de a trazer de volta ao mundo dos vivos sem nunca olhar para trás.
E era essa metáfora que importava aos homens da Orpheu, esse não olhar para trás, esse esquecer, esse olvidar do passado para concentrar as atenções e as forças no caminho para diante, no futuro, na "edificação do Portugal do séc. XX" (Almada Negreiros). A Geração de Orpheu não contribuiu só para a modernização da Arte em Portugal mas foi responsável pela divulgação de alguns dos melhores artistas do mundo.
Pertenceram ao grupo:
- Fernando Pessoa
- Mário de Sá-Carneiro
- Almada Negreiros
- Armando Côrtes-Rodrigues
- Raul Leal
- Ângelo de Lima
- António Ferro
- Amadeo de Souza-Cardoso
- Santa Rita Pintor
- Luiz de Montalvôr
Orpheu, um projecto luso-brasileiro
Em finais de Março de 1915 surgia o primeiro número da revista Orpheu, destinada a Portugal e Brasil, com 83 páginas impressas em excelente papel e tipo agradável, tendo como directores Luiz de Montalvôr (para Portugal) e Ronald de Carvalho (para o Brasil), e como editor o jovem António Ferro. Entre outros, contava com a colaboração de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada-Negreiros. Na «Introducção», Luiz de Montalvôr tentava explicar os princípios programáticos e a orientação estética da revista, apresentando-a como «um exilio de temperamentos de arte» baseado num «principio aristocratico», oferecendo «harmonia esthética» aos leitores com «desejos de bom gosto e refinados propositos em arte».