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Imigrantes Belgas ao Brasil

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Tentativas de colonização no século 19.

Quando Leopoldo II ainda empreendia tentativas de buscar uma colônia belga na América Central, e que durante a grande crise social e econômica dos anos 1840 houve uma emigração da Bélgica para os EUA e a América espanhola, Leopoldo II por motivos estratégicos examinava o território inexplorado do atual Brasil. Como mais tarde ele faria com relação à África, Leopoldo II sabia que as grandes riquezas se encontravam principalmente no interior. Além do mais ele não tinha vontade (nem havia apoio militar e político para tanto) de concorrer com a Inglaterra, França ou Alemanha na tentativa de abocanhar uma região do litoral.

A primeira tentativa foi na Amazônia, mas fracassou apesar da energia empregada pelo monarca, que expressamente desejava adquirir uma colônia belga no Brasil; e que muito habilmente foi desfeito pelo imperador brasileiro Dom Pedro II (um amigo de Leopoldo II). Afinal o Brasil desde sua independência visava assegurar a sua soberania nacional e integridade de suas fronteiras; e uma "colônia" explicita não figurava neste cenário. Leopoldo então partiu para uma estratégia diferente e envolveu empresas belgas (Compagnie des Produits Cibils, Compagnie des Caoutchoucs du Matto Grosso e posteriormente a Compagnie de l'Urucum) para que comprassem terras no interior, principalmente em Mato Grosso. E durante os últimos 20 anos do século 19 isto foi surpreendentemente bem sucedido, já que uma área de não menos 80.000 km2 estava sob controle ‘belga’ e Leopoldo até consegui dar um forma oficial ao empreendimento através de um vice-consulado em Descalvados. As instalações das fazendas serviam para o plantio de vários cultivos lucrativos como também para a pecuária, com abatedouro e instalações para produzir extratos de carne sobre o modelo "Liebig". Mas no inicio do século 20 quando o Brasil por conta da crise do Acre com a Bolívia empreendia seus esforços para o estabelecimento definitivo de suas fronteiras os belgas simplesmente foram obrigados a vender seus ativos e a sua presença nesta região definhou silenciosamente.

Uma colonização excepcional ocorreu em 1845, quando, com garantias imperiais foi obtida uma concessão agrícola no vale do Itajaí e uma centena de famílias principalmente da região de Bruges se estabeleceram no Estado de Santa Catarina, onde hoje se encontra a pequena cidade de Ilhota. A garantia englobava a disposição de que os materiais poderiam ser importados sem impostos. Conforme reportado na época no desembarque da segunda leva de imigrantes e materiais houve uma altercação com os funcionários da alfândega, e estes foram jogados nas águas do porto pelos belgas. Os imigrantes que estavam acompanhados de um cônsul foram encarcerados temporariamente. Por causa de ganância e má gerência essa aventura se tornou uma catástrofe financeira; mas as famílias permaneceram no local e conseguiram evitar uma total assimilação com os alemães e italianos cuja presença era em número bem maior, e por isto que ainda existe um enclave belga que se orgulha de sua descendência belga onde nomes belgas são muito comuns. Mesmo assim a maioria dos nomes belgas foram sendo aportugesados para facilitar a integração. Alguns nomes proeminentes na história brasileira são, por exemplo: Dutra (de Hurtere), Goulart (Hoeilart), da Silveira (Van der Hagen).

Posteriormente, durante à primeira metade do século 20 novos belgas vinham buscar sua salvação no Brasil, e desta forma foi fundada o assentamento cooperativo agrícola em Botucatu no Estado de São Paulo, apesar de que ele tomou forma bem modesta se comparado com a holandesa vizinha, Holambra. Falta de know-how e simplesmente sorte fez com que salvo algumas exceções muitas tentativas fracassaram. Uma história de sucesso é a Citrobrasil da família Van Parys, que a partir de 1930 sob a marca "Elvépé " fornecia laranjas aos lares belgas. Não obstante a Elvepe foi vendida para uma empresa americana, mas a família continua proeminente em São Paulo.

3. Iniciativas industriais nos séculos 19 e 20.

Muitas empresas e indivíduos belgas vieram ao Brasil durante a revolução industrial belga, aproveitando o clima econômico favorável e a presença de matérias primas e mão de obra. A maioria destes empreendimentos - numerosos demais para serem citadas individualmente - tiveram êxito; tanto que no decorrer das décadas elas foram adquiridas por grandes multinacionais. Exceções notáveis são: o grupo químico Solvay; a mineradora e metalúrgica: Belgo-Mineira e Franki, que até os dias de hoje de uma forma ou outra ainda são fortes participantes na economia brasileira.

Como na Rússia, China e Egito, o capitalismo belga e o seu estilo de empreender cosmopolita tiveram um papel importante na industrialização do Brasil, principalmente nas ferrovias, pontes metálicas (Systèmes Danly), e também no setor energético.

O exemplo mais destacado e visível desta presença e o viaduto de aço Santa Ifigenia, que atravessa o vale do Anhangabaú no centro de São Paulo, construído de peças de ferro fundidas fabricadas na usina de aço Valão "Acieries d’Angleur". Coincidentemente a chancelaria do Consulado-Geral em São Paulo antigamente era estabelecida em uma torre em uma das extremidades do viaduto.

As fábricas da Thy-le-Château, Cockerill, Ougrée, Marcinelle, Ateliers de Willebroeck, e Couillet forneciam os materiais para as ferrovias. A empresa franco-belga Dyle et Bacalan de Leuven participava da Companhia Geral de Ferrovias Brasileiras (Compagnie Générale des Chemins de fer Brésiliens) e trabalhou na construção da ferrovia de Curitiba à cidade portuária de Paranaguá (construiu os viadutos), conhecida como «A Charmosa». Um sucessor desta ferrovia, mas na direção oposta para Foz do Iguaçu ("O Grande Expresso Brasil"), desde 2008 é explorado com capital e know-how belga como uma atração turística de primeiríssima linha. Outras empresas com capital belga estão atuando na construção de ferrovias no Estado do Rio Grande do Sul. Neste Estado, na cidade de Santa Maria, ainda existe uma "Vila Belga" com estação, galpão de ferramental, complexo residencial construído por uma colônia belga: Companhia Auxiliar das Ferrovias do Brasil (Cie auxiliaire des Chemins de Fer au Brésil).

Por outro lado em 1874 a Companhia Brasileira de Bondes (Compagnie Brésilienne des Tramways), que era liderada pelos empresários belgas Paridant e Laureys, adquiriram duas empresas de bondes de Bruxelas. Os bondes "brasileiros" eram pintados de marrom e na gíria popular eram conhecidos como os "bondes de chocolate".

A S.A. do Gás do Rio de Janeiro (S.A. du Gaz de Rio de Janeiro) foi fundada em 1886 com capital belga.

Durante este período também outros empresários belgas foram atuantes com plantações de palmeiras e bananeiras (Société Belge de plantations au Brésil e Fazenda Flandria), com têxteis (Société Cottonnière belgo-brésilienne), vidros (Vidraria Paranaense), e com mesmo cervejarias em 1910 compradas pela:Grandes Brasseries de l’Etoile da Grandes Brasseries do Rio de Janeiro).

O banco "Banque de l’Union Belgo-Brésilienne" (1911), que posteriormente passou a ser o banco Italo-Belga e que foi financiado pelo Credito Italiano da nossa Société Générale (desde 1994 "West LB Banco Europeu"); tem a sua origem na necessidade de financiamento do excedente de produção de café em São Paulo A Italo-Belga, do qual, entre outros, Emile Francqui fora presidente posteriormente também teve um papel na industrialização de São Paulo.

A partir de meados dos anos noventa o Estado de Minas Gerais, com suas riquezas minerais como ouro e minério de ferro, atraiu uma quantidade importante de indústrias belgas. Diferentes empresas foram constituídas para a mineração e exportação de magnésio, da qual a Société de Mines de Manganèse d’Ouro Preto é a mais importante. Indústrias belgas são solicitadas para a construção de pontes e ferrovias.

A famosa escadaria de ferro fundido da Secretaria de Educação em Belo Horizonte é monumento tombado e foi elaborada nas oficinas "De Jaegher" de Bruges, que posteriormente se tornou a Brugeoise et Nivelles.

Gaston Barbanson, consultor econômico do Rei Albert I, e Emile Mayrisch (ARBED) foram participantes da fundação da Cia. Siderurgica Belgo-Mineira, que até os dias de hoje é referência na indústria metalúrgica na América Latina. Em 1972 ela fez uma "joint-venture" com a Bekaert.

Outras menções referentes a presença industrial belga no Brasil é a participação da ACEC (todas as grandes fazendas de café eram equipadas como motores de Charleroi para impulsionar diversas instalações necessárias para o processamento dos grãos de café, debulhar e peneirar), a empresa Franki (que desde 1935 soube-se capitalizar sobre a fúria modernista de concreto das empresas de construção brasileiras), Solvay (desde1940), Tractebel (1998, maior produtor de eletricidade privado).

E finalmente deve ser notado que para dar apoio à estas relações econômicas intensas existe uma representação econômica oficial na figura do Comissariado Geral do Estado de São Paulo que foi fundado na Bélgica em 1908. A fundação de um consulado profissional em São Paulo ocorreu em 1946 e Maurice Weckx foi o primeiro Cônsul-Geral.

Especialmente no final do século 20 o interesse pelo Brasil no universo empresarial belga foi renovado, a Bélgica tomou uma posição de ponta nos investimentos estrangeiros no Brasil. Casos de sucesso são a Interbrew, que adquiriu a AmBev e com isto colocou os alicerces de se tornar a maior cervejaria do mundo, a KatoenNatie, Umicore, Puratos e Manuchar, além das empresas como: Agfa-Gevaert, Barco, Schréder, Beaulieu, Tessenderlo Chemie, Janssen Pharmaceutica, CMI, Sonaca, as empresas de dragagem Jan De Nul e DEME-DEC, e inúmeras outras empresas.

Fonte: Consulado Geral da Bélgica em São Paulo