288 jewish refugees and families are listed in 16/01/1942 (200 in GENI, 17 possibly alive, 71 no extra information)
Please cite "Lewinger, Emil - Yehudim, djidios, evraioi, židovi, juden. A história da família judia Eskenazy da antiga Iugoslávia. Master Thesis, Universidade de São Paulo, Brasil. 2019. 215p."
According to the historian Jozo Tomasevic, the influx of refugees into the Dalmatian region controlled by the Italians increased from May 1941, when the effect of anti-Jewish measures began to be felt throughout Yugoslavia, both in the region dominated by the Croats (including Croatia and Bosnia) and in the region dominated by the Germans (Serbia). Tomasevic cites a document dated September 17, 1941, from Giuseppe Bastianini - governor of Dalmatia - to Mussolini, stating that at that time there were four thousand Jews in Split and before the Italian annexation of the Dalmatian region there were less than a thousand. According to Bastianini, five hundred Jews were lodged on the Island of Korcula and five hundred had already been transferred to Italy. For Tomasevic, the number of refugees could then be estimated at four to five thousand. However, even considering Bastianini's document, the number of refugees could be much higher, since there was a considerable contingent that entered the region with false documents and remained uncontrolled by Italian authorities. For Voigt, no less than three thousand eight hundred Jewish refugees would have taken refuge in all of Dalmatia, of which only 723 were legally registered there in August 1941. Tomasevic explains that there were elements in Italian law that allowed Jews, especially richer ones, to be transferred to mainland Italy, where they would be relatively safer than in Dalmatia, a few miles from German-occupied areas and Croatian collaborators Ustashe. Pizzuti claims that fascist rules provided that only those who could "live on their own" had the right to enter Italy. However, she believes that some people, despite not declaring sufficient possessions to live at their expense, were eventually allowed to enter the country. For the author, the fascist decisions on this subject were quite confusing and in the Yugoslav areas occupied by the Italians, each governor (mayor) behaved in a peculiar way. According to her, so far there is no knowledge of an official Italian document that clearly detailed the rules of who could or could not be transferred to Italy, let alone what it meant for the Italian government to "live on its own."
It is difficult to understand this position of the Italian government that, from 1941, decided to increase the security of foreign Jews refugees in occupied Dalmatia. We recall here that from September 1, 1938, Mussolini had approved a set of racist and anti-Semitic laws, including the expulsion of foreign Jews, as Anna Rosa Campagnano analyzed in her studies.
According to Klaus Voigt, transfers of Jews from Dalmatia to Italy were small during mid-1941, accounting for about 40 in May, but with the increase of the contingent in the second half of 1941. It is, therefore, possible that Governor Bastianini tried to eliminate what he saw as a problem, which was to have an increasing number of refugees in the province he ruled. For the author, the news that between November and December 1941 a total of 1,045 refugees had been transferred from Dalmatia to Italy resulted in the entry of a new contingent of refugees in the province. In January 1942, an instruction from the Italian Interior Ministry suspended any further transfers.
At the beginning of 1942, the Jewish population in Dalmatia was at least three thousand people. In mid-1942 the Italian government decided to detain the refugees on the Adriatic islands. The suggestion of Gian Galeazzo Ciano, Fascist Italian Minister of Foreign Affairs (1936-1943), to create a German-style concentration camp in occupied Dalmatia itself came into question.
From then on, the refugees were distributed between ten localities, including the island of Kraljevica (called Porto Ré by the Italians) and later the island of Rab (called Arbe by the Italians). It could be said that, at least in part, this was a "lucky" group. Only a few days after the Italian capitulation in September 1943, Yugoslav partisans invaded the island of Rab and transferred around 90% of the prisoners, of whom 2,700 Jews, to the territories dominated by the group in Croatia. Most of these transferred refugees, including much of the Lewinger family, remained under the protection of the partisans and survived the war. Little more than 270 Jewish prisoners who refused or were unable to leave the camp of Rab were captured by the Germans, who only managed to reach it a few days after the partisans. All were sent and murdered in Auschwitz in early 1944
Segundo o historiador Jozo Tomasevic, o fluxo de refugiados para a região da Dalmácia controlada pelos italianos aumentou muito a partir de maio de 1941, momento em que o efeito das medidas antijudaicas começou a ser sentido em toda Iugoslávia, tanto na região dominada pelos croatas (incluindo a Croácia e a Bósnia) como na região dominada pelos alemães (a Sérvia). Tomasevic cita um documento de 17 de setembro de 1941, de Giuseppe Bastianini - governador da Dalmácia - para Mussolini, no qual afirma que, naquele momento, existiam quatro mil judeus em Split e antes da anexação italiana da região dálmata menos de mil. Segundo Bastianini, quinhentos judeus estavam alojados na Ilha de Korcula e quinhentos já haviam sido transferidos para a Itália. Para Tomasevic, o número de refugiados poderia então ser estimado entre quatro a cinco mil. Entretanto, mesmo com o documento de Bastianini, o número de refugiados poderia ser bem maior, visto que existia um contingente considerável que teria entrado na região com documentos falsos e continuava fora do controle das autoridades italianas . Para Voigt, não menos de três mil e oitocentos refugiados judeus teriam se refugiado em toda a Dalmácia, dos quais apenas 723 estavam lá legalmente registrados em agosto de 1941.
Tomasevic explicita que existiam elementos na lei italiana que permitiram que os judeus, especialmente os mais ricos, fossem transferidos para a Itália continental, onde estariam relativamente mais seguros que na Dalmácia, a poucos quilômetros de áreas ocupadas pelos alemães e pelos colaboradores croatas Ustashe . Pizzuti afirma que as regras fascistas previam que somente aqueles que pudessem "viver por sua conta" tinham direito de entrar na Itália. No entanto, ela considera que algumas pessoas, apesar de não declararem posses suficientes para viverem às suas custas, acabaram sendo autorizadas a entrar no país. Para a autora, as decisões fascistas em relação a esse assunto eram bastante confusas e nas áreas iugoslavas ocupadas pelos italianos, cada governador (prefeito) se comportava de uma maneira peculiar. Segundo ela, até o momento não é conhecido nenhum documento oficial italiano que detalhou claramente as regras de quem podia ou não ser transferido para a Itália, muito menos o que significava para o governo italiano “viver por sua conta”.
É de difícil compreensão essa postura do governo italiano que, a partir de 1941, resolveu aumentar a segurança de judeus estrangeiros refugiados na Dalmácia ocupada. Lembramos aqui que, desde 1-2 de setembro de 1938, Mussolini havia aprovado um conjunto de leis racistas e antissemitas, entre as quais a expulsão de judeus estrangeiros, como analisou Anna Rosa Campagnano em seus estudos.
Segundo Klaus Voigt, as transferências de judeus da Dalmácia para a Itália foram pequenas durante meados de 1941, contabilizando cerca de 40 no mês de maio, mas com o aumento do contingente na segunda metade de 1941. É possível, portanto, que o governador Bastianini tenha tentado eliminar o que ele via como problema, que era ter uma quantidade crescente de refugiados na província que governava. Para o autor, a notícia de que, entre novembro e dezembro de 1941, um total de 1.045 refugiados havia sido transferido da Dalmácia para a Itália resultou na entrada de um novo contingente de refugiados na província. Em janeiro de 1942, uma instrução do Ministério do Interior Italiano suspendeu qualquer nova transferência.
No começo de 1942, a população judaica na Dalmácia era de, pelo menos, três mil pessoas. Em meados de 1942 o governo italiano decidiu internar os refugiados em ilhas do Adriático. Chegou a estar em discussão a sugestão de Gian Galeazzo Ciano, Ministro das Relações Exteriores da Itália Fascista (1936-1943), de se criar um campo de concentração nos moldes alemães na própria Dalmácia ocupada.
A partir desse momento, os refugiados foram distribuídos por cerca de dez localidades dentre os quais a Ilha de Kraljevica (chamada Porto Ré pelos italianos) e, posteriormente, a ilha de Rab (chamada Arbe pelos italianos). Pode-se dizer que, pelo menos em parte, esse foi um grupo “de sorte”. Apenas alguns dias após a capitulação italiana em setembro de 1943, partisans iugoslavos invadiram a ilha de Rab e transferiram em torno de 90% dos presos, dos quais 2.700 judeus, para os territórios dominados pelo grupo na Croácia. A maioria desses refugiados transferidos, incluindo boa parte da família Lewinger, permaneceu sob a proteção dos partisans e sobreviveu à guerra. Os pouco mais de 210 presos judeus que se recusaram ou não tinham condições físicas para deixar o campo foram capturados pelos alemães, que somente conseguiram chegar a Rab alguns dias após os partisans. Todos foram enviados e assassinados em Auschwitz no começo de 1944.