José Maria da Silva Paranhos, visconde do Rio Branco

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José Maria da Silva Paranhos, visconde do Rio Branco

Birthdate:
Birthplace: Salvador, Bahia, Brazil
Death: November 01, 1880 (61)
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Immediate Family:

Son of Agostinho da Silva Paranhos and Josefa Emerenciana de Barreiros
Husband of Teresa de Figueiredo Faria
Father of José Maria da Silva Paranhos Jr., Barão do Rio Branco; Maria da Silva Paranhos; Amélia Augusta da Silva Paranhos; João Horácio da Silva Paranhos and Augusta Amelia da Silva Paranhos
Brother of Manoel de Freitas Paranhos; Antonio da Silva Paranhos; Agostinho da Silva Paranhos and Tereza da Silva Paranhos
Half brother of Maria Luisa; Francisco and Ines

Managed by: Private User
Last Updated:

About José Maria da Silva Paranhos, visconde do Rio Branco

José Maria da Silva Paranhos, primeiro e único Visconde do Rio Branco (Salvador, 16 de março de 1819 — Rio de Janeiro, 1 de novembro de 1880) foi um estadista, professor, político, jornalista, diplomata e monarquista brasileiro. É considerado ao lado de Honório Hermeto Carneiro Leão, Marquês de Paraná, o maior estadista do Segundo Reinado (1831-1889).

Juventude

José Maria da Silva Paranhos nasceu em 16 de março de 1819 na cidade de São Salvador da Baía de Todos os Santos na então capitania da Bahia. Seu pai era o português Agostinho da Silva Paranhos que imigrou para o Brasil com o irmão João na primeira década do século XIX. Agostinho casou-se com Josefa Emerenciana de Barreiros, também portuguesa, e trabalhou como negociante de fazendas, alcançando notoriedade por sua honestidade e pela filantropia que realizou. José Paranhos perdeu o pai ainda criança, o que resultou em um período de grande dificuldade financeira para a sua família. Sua mãe veio a falecer alguns anos mais tarde.

Seu tio materno, o coronel de engenheiros Eusébio Gomes Barreiros, ajudou sua família e financiou seus estudos, enviando-o para o Rio de Janeiro em 1835.1 Ingressou no ano seguinte na Academia da Marinha para realizar o curso de humanidades para a carreira de ciências e da administração, mas não a freqüentou por muito tempo e logo se matriculou no curso de Engenharia na Escola Militar, que se situava num grande edifício no Largo de São Francisco de Paula. Lecionou em ambas as escolas como professor substituto e graduou-se em ciências matemáticas com louvor tendo se distinguido pelo "comportamento exemplar, raro talento e incessante aplicação." Tornou-se membro da Maçonaria nesta época, por volta de 1840, chegando a publicar um folheto a respeito da "Constituição Maçônica". Paranhos contraiu matrimônio com Teresa de Figueiredo Faria em 1842. Dos nove filhos que tiveram, somente o mais velho, José Maria da Silva Paranhos Júnior, teve alguma proeminência na vida pública nacional. Matriculou os filhos no Colégio Pedro II e buscou incutir-lhes os valores monárquicos e dinásticos provenientes da sociedade imperial da época. Paranhos ingressou em 1847 na carreira do magistério sendo elevado a lente catedrático do 6º ano na Escola Militar onde poucos anos antes havia estudado. Permaneceu no cargo até 1863, ensinando as disciplinas de aritmética, artilharia e fortificações permanentes, mecânica, economia política, estatística e direito administrativo.E m 1848 iniciou a sua atuação como jornalista ocupando a posição de um dos principais redatores do periódico liberal Novo Tempo e mais tarde no moderado Jornal do Commercio, onde angariou grande renome pelas críticas ferozes que desferiu contra o ditador argentino don Juan Manuel de Rosas.

Início da carreira política

A atuação jornalística de Paranhos em favor dos liberais aproximou-lhe do conselheiro Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho, futuro visconde de Sepetiba, de quem se tornou amigo e protegido. Em 1845, aos 26 anos de idade, foi eleito deputado para a Assembléia Legislativa da província do Rio de Janeiro graças a incentivos de Aureliano Coutinho. Por indicação do mesmo, Paranhos tornou-se secretário em 1846, em seguida vice-presidente e mais tarde presidente interino da província. Neste último cargo, fez diversas realizações, sendo a mais importante à reforma do ensino primário e secundário da província.

Foi eleito em 1847 deputado geral pela província do Rio de Janeiro e tomou posse no ano seguinte. Em suas defesas pelo gabinete presidido por Manuel Alves Branco, futuro visconde de Caravelas, revelou-se um grande orador parlamentar, vindo a se considerado mais tarde um dos maiores de sua época. Foi um dos poucos homens públicos que conseguiu tornar-se profundamente respeitado não apenas por seus aliados, mas também por seus opositores, principalmente devido a sua honestidade, cultura, inteligência, perspicácia, talento com a oratória e competência. Anos mais tarde diria ao jovem Alfredo d´Escragnolle, futuro visconde de Taunay, sobre o seu aprendizado da arte da política e em boa parte realizado sob a égide de Miguel Calmon, futuro marquês de Abrantes: "Nada há que eduque um orador como esse cuidado e sua atenção até nas locuções mais triviais. Nem o senhor imagina quanto o velho Marquês [de Abrantes] era cauteloso em seu modo de dizer."

Retirou-se por algum tempo da vida política com o advento dos conservadores e a queda do gabinete liberal no final de 1848, focando na carreira jornalística. Acabou por afastar-se progressivamente dos liberais após a participação de alguns de seus membros na revolta da Praieira, pois condenava o recurso às armas ante a uma comum rotatividade dos partidos no poder. Demitiu-se do liberal Correio Mercantil deslocando-se para o moderado Jornal do Commercio, onde atuou como redator e jornalista. A partir de 1850 e até o final de 1851, escreveu todas as semanas uma série de artigos intitulados "Cartas a um amigo ausente", onde tratava de política, dos costumes da sociedade e do dia-a-dia do Rio de Janeiro.

Passou em seguida a escrever em seus artigos a respeito da anarquia reinante na região do rio da Prata, onde atacava o ditador argentino, dom Juan Manuel Rosas, chamando-o de "O Canibal". Sua defesa pela política externa belicista de Paulino Soares, futuro visconde do Uruguai, logo chamou a atenção dos conservadores. O conservador Honório Hermeto Carneiro Leão, futuro marquês de Paraná, foi escolhido como ministro plenipotenciário na região do rio da Prata. Para o cargo de seu secretário, escolheu inesperadamente Paranhos, preterindo vários diplomatas brasileiros, inclusive Francisco Adolfo Varnhagen, a quem considerava "moço orgulhoso, convencido e arrogante". Carneiro Leão e Paranhos lograram sucesso em sua empreitada ao assinarem um tratado internacional de aliança entre o Brasil, Uruguai e as províncias rebeldes argentinas Corrientes e Entre Rios, seguido por um outro com o Paraguai em 1851. Paranhos, que atuou com "brilhantismo", foi nomeado ministro residente e chefe da legação brasileira em Montevidéu. Seu trabalho foi reconhecido, vindo a receber a comenda da Imperial Ordem da Rosa em 1852.

O Gabinete da Conciliação

Honório Hermeto Carneiro Leão foi nomeado pelo Imperador para organizar um novo gabinete em 4 de setembro de 1853 e convidou o seu amigo e tutelado José Paranhos para ocupar o ministério da Marinha. Paranhos havia há pouco sido eleito deputado geral pelo Rio de Janeiro e aceitou o convite, retornando do Uruguai em 1854. De acordo com Joaquim Nabuco:

"Paranhos era um homem de talentos e faculdades diversas, grande trabalhador, adaptável a quase todos os ramos da administração. Como jornalista mostrara-se natural, simples, preferindo à lucidez do pensamento ao ornato literário; sua palavra na tribuna tinha os mesmos atributos: era pronta, cortês, flexível como um florete, mas também imprópria para todo aparato de eloquência. [%E2%80%A6] Mais diplomata ainda do que político, eram os negócios exteriores sobretudo que o atraíam. [%E2%80%A6] sua carreira foi feita à força de trabalho e de talento, impondo-se por sua especialidade a todos os governos, e também pela confiança, primeiro, de Paraná, depois, de Caxias, por último do Imperador".

Permaneceu na posição de ministro da Marinha até junho de 1855,1 quando assumiu o ministério dos Negócios Estrangeiros no lugar do colega Antônio Paulino Limpo de Abreu, visconde de Abaeté. Realizou a conclusão do dique da Ilha das Cobras, reformou o corpo de saúde da Armada e dos oficiais da fazenda e organizou às classes dos artistas dos navios de guerra a vapor. Ocupou novamente o cargo de ministro da Marinha, acumulando-o com o dos Negócios Estrangeiros. Em posse das duas funções, enviou uma missão diplomática ao Paraguai em conjunto com uma frota da Armada de guerra e obteve como consequência a assinatura de um tratado de Amizade, Navegação e Comércio em 6 de abril de 1856. Seu sucesso possibilitou a postergação por mais alguns anos do iminente e muito provavelmente inevitável conflito armado entre os dois países.

Alcançou uma outra vitória logo em seguida com um tratado de aliança com a Confederação Argentina em 7 de março de 1856. A defesa aguerrida dos interesses brasileiros por parte de Paranhos, mesmo contra a Grã-Bretanha, permitiu que seu esforço fosse reconhecido até mesmo pelos britânicos. James Howard Harris, conde de Malmesbury e secretário do Estrangeiro elogiou publicamente a competência e perseverança de Paranhos. O Gabinete da Conciliação, como ficou conhecido o ministério presidido pelo marquês de Paraná e depois por outros chefes conservadores até meados de 1860, foi um dos mais longevos e bem-sucedidos da história do Segundo Reinado.

Foi reeleito deputado geral pelo 2º distrito do Rio de Janeiro em 1857 e mais tarde por Sergipe em 1861. O falecimento do marquês de Paraná em 1856 criou um vácuo no cenário político que eventualmente foi ocupado por Paranhos e que logo se tornou um dos principais chefes do Partido Conservador. Em 1861 assumiu o ministério da Fazenda no gabinete presidido por Luís Alves de Lima e Silva, seu grande amigo, mais uma vez destacando-se por sua integridade e competência. Alcançou o topo da carreira política ao ser eleito senador pela província do Mato Grosso no ano seguinte. Recebeu de dom Pedro II as insígnias de dignitário da Ordem Imperial do Cruzeiro, além de ter sido grã-cruz de Santana de 1ª classe da Rússia, sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional e presidente honorário da Sociedade Universal Promotora das Artes e Indústria de Londres.

Ministro plenipotenciário no Paraguai

Coube-lhe a incumbência de organizar o governo provisório do Paraguai, após a conclusão da guerra, em 1869/1870.

Presidente do Conselho de Ministros

Ao ser convidado por dom Pedro II a formar um gabinete em 7 de março de 1871, o Brasil que o visconde do Rio Branco iria governar era bem diferente do que conheceu ao entrar na política. O país saíra de uma longa guerra vitorioso e era considerado internacionalmente ao lado dos Estados Unidos a maior potência econômica e militar do continente americano. Era o apogeu do Império brasileiro e que assim se manteria até o final do regime monárquico. Para os cargos de ministros, o visconde escolheu políticos jovens e competentes, assim como quase vinte anos antes o marquês de Paraná havia o feito. Um dos escolhidos, João Alfredo, viria a tornar-se mais tarde também presidente do Conselho de Ministros.

O gabinete Rio Branco realizou diversas reformas e empreendimentos, dentre elas: Fixou em 40% a taxa de imposto para todas as mercadorias importadas (e que viria a incentivar a indústria nacional), ao mesmo tempo em que criou franquias aduaneiras para importações relacionadas a plantas vivas, sementes, raízes, bulbos e aparelhos mecânicos com o intuito de desenvolver a agricultura. Realizou o primeiro Censo nacional em 1872, aumentou em dezenas de milhares de quilômetros as estradas de ferro de todo o país, e inaugurou a linha telegráfica que ligava o Brasil a Europa possibilitando um contato entre ambas as partes que as separaria por poucos minutos. Empreendeu a reforma judiciária, criou a fiança provisória e um novo e liberal Código Criminal, assim como ampliou o habeas corpus. Possibilitou também a entrada de milhares de imigrantes por ano através de uma bem-sucedida política oficial imigratória. Tornou o Brasil o terceiro país do mundo a possuir uma estação de tratamento de esgoto e o quinto a possuir uma rede de esgotos em suas cidades. O Império brasileiro, segundo Heitor Lyra, "entrava resolutamente no caminho largo e arejado do progresso, antecipando-se a muitas das nações europeias".

Maçon, Grau 33 e Grão-Mestre da Loja da rua do Lavradio. Cooperou com a publicação de vários jornais anticlericais editados pela maçonaria, entre eles no Rio, o jornal A Família; em São Paulo, o Correio Paulistano; em Porto Alegre, O Maçom; no Pará, o Pelicano; no Ceará, A Fraternidade; no Rio Grande do Norte, A Luz; em Alagoas, O Labarum e em Recife, dois, A Família Universal e A Verdade. Quando da interdição das irmandades religiosas infiltradas por maçons, por Dom Vital de Olinda e Dom Antônio Macedo Costa, moveu processo contra estes dois bispos, o que culminou com a prisão de Dom Vital em 1874. Foi um dos ministérios mais duradouros do período imperial, com participação de políticos de ambos os partidos. Coube a Paranhos sancionar a Lei do Ventre Livre (28 de setembro de 1871) e enfrentar a questão epíscopo-maçônica nos anos de 1873/1874. Tinha interesse direto na questão, já que era ele mesmo grão-mestre da maçonaria.

Últimos anos

Após mais de quatro anos presidindo um gabinete que alcançou grande êxito, Paranhos desejava a qualquer custo deixar o cargo. Escreveu uma carta a dom Pedro II em 4 de maio de 1875 onde dizia: "Sabe Vossa Majestade, que eu desejo entregar o meu posto a quem melhor possa ocupar. Se não enfermei ainda em público, não é duvidoso que estou cansado". No mês seguinte o Imperador o substituiu pelo amigo de ambos, Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias. Acompanhou de perto a administração do Marechal e, em seguida, viu o retorno dos liberais ao poder. Envelhecido e enfermo, retirou-se progressivamente da vida política e em 1877 também da posição como diretor da Escola Politécnica que ocupava desde 1846. Visitou o filho mais velho em Paris em 1879, mas recusou-se se encontrar com os netos.

José Maria da Silva Paranhos, visconde do Rio Branco, faleceu em 1 de novembro de 1880. Enquanto agonizava, falou: "Não perturbem a marcha do elemento servil [escravid%C3%A3o]". Mesmo no leito de morte, ainda temia pelo futuro da monarquia a que serviu com tanto valor e dedicação. Delirando, acreditava estar discursando na Câmara de Deputados. Morreu pobre, como era de costume com os políticos do Império. O salário da profissão era insuficiente sequer para uma vida simples e era o prestígio que lhe dava importância. Paranhos Júnior, o futuro barão do Rio Branco, teve que leiloar a biblioteca do falecido pai para arcar com as despesas do funeral.

Legado

O visconde do Rio Branco foi "um típico conservador modernizante, que procurou implementar as reformas propagandeadas pelos liberais, esvaziando o programa político da oposição". Suas habilidades para aniquilar os alicerces da escravidão ao mesmo tempo em que modernizou o país fez com que Euclides da Cunha o considerasse um "demolidor e construtor". O historiador Heitor Lyra o considerou o maior estadista de sua época e de "todos os outros, o único que teria podido, até certo ponto, emparelhar com ele, teria sido o Marquês de Paraná [%E2%80%A6]. Mas Paraná, mesmo, não possuía nem a serenidade, nem a maleabilidade política, nem a visão objetiva de Rio branco. Se o espírito de decisão de ambos era notável, faltara contudo a Paraná o senso prático das coisas, no grau elevado em que o possuía Rio Branco". Joaquim Nabuco assim o definiu:

"Tinha seriedade, critério, infatigabilidade, coragem, vigor físico, pontualidade, correção, figura, maneiras; matemático, tinha alguma coisa de frio, de exato, de positivo, de regular, de metódico no espírito; o seu talento era lúcido, analítico, perspicaz; a imaginação o não arrastava; as suas qualidades não eram de inovação propriamente dita, mas em grau eminente de imitação e aproveitamento; era amável, cortês, insinuante, cativante em grau de chamar a si a quem queria; reservado e prudente, porém não criava intimidades, não punha todos ao seu nível; a qualidade superior nele era a sua diplomacia nas relações com a Coroa [o Imperador] e com a opinião [do Parlamento]" [%E2%80%A6].

O historiador José Murilo de Carvalho conclui que:

"Rio Branco agigantou-se na política durante a Guerra do Paraguai e conquistou de vez a simpatia de d. Pedro ao conseguir aprovar no Parlamento a Lei do Ventre Livre, contra a vontade de seu próprio partido. Realizou o mais longo e eficiente governo do Segundo Reinado, quatro anos e três meses, no decurso do qual fez aprovar várias reformas defendidas pelos liberais. Rio Branco foi sem dúvida o mais completo estadista da época, para o que contou com pequena ajuda da natureza, um belo físico, grandes dotes oratórios. Transitou do campo liberal para o conservador, distinguiu-se inicialmente na diplomacia e depois na grande política nacional. Transformou-se no reformador de confiança do imperador".

É também o patrono da cadeira 40 da Academia Brasileira de Letras.

Gabinete de 7 de março de 1871

Foi Presidente do Conselho de Ministro e simultaneamente ministro da Fazenda

  • Ministro dos Negócios do Império: João Alfredo Correia de Oliveira
  • Ministro da Justiça: Francisco de Paula Negreiros de Saião Lobato, Manuel Antônio Duarte de Azevedo, João José de Oliveira Junqueira Júnior
  • Ministro de Estrangeiros: Manuel Francisco Correia
  • Ministro da Marinha: Manuel Antônio Duarte de Azevedo
  • Ministro da Guerra: José Maria da Silva Paranhos
  • Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas: Teodoro Machado Freire Pereira da Silva

Homenagens

A Avenida Visconde do Rio Branco, importante via no Centro na cidade de Niterói, foi-lhe dado nome em sua homenagem.

Fonte: WP



José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco (Salvador, 16 de março de 1819 – Rio de Janeiro, 1 de novembro de 1880), foi um político, monarquista, diplomata, militar e jornalista brasileiro. Rio Branco nasceu na capital da capitania da Baía de Todos os Santos em uma família rica, porém a maior parte da fortuna foi perdida após a morte de seus pais ainda em sua infância. Foi o pai de José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão do Rio Branco.

Rio Branco estudou na Academia Real dos Guardas Marinhas e se tornou, em 1841, um aspirante de marinha. Mais tarde, no mesmo ano, foi estudar na Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, eventualmente se tornando um instrutor. Tornou-se um político do Partido Liberal em vez de continuar sua carreira como militar. Foi eleito deputado provincial do Rio de Janeiro em 1845 e subiu até o poder na província sob a tutelagem de Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho – um político veterano que exercia enorme influência sobre o jovem e inexperiente imperador D. Pedro II. Rio Branco temporariamente abandonou a política depois da queda de Aureliano Coutinho e a subsequente dissolução do Partido Liberal.

Seu trabalho como jornalista, destacando as ameaças representadas pelos conflitos armados nas repúblicas do rio da Prata, atraiu a atenção de Honório Hermeto Carneiro Leão, Marquês do Paraná, que o convidou a trabalhar como seu secretário em uma missão diplomática no Uruguai. Eles foram bem sucedidos na formação de alianças que eventualmente contribuíram para a queda de Juan Manuel de Rosas, ditador argentino que declarou guerra contra o Brasil. Rio Branco se juntou em 1853 ao Partido Conservador de Paraná e mais tarde fez parte do gabinete que o segundo presidiu. Rapidamente cresceu dentro do partido, enquanto vários membros se juntavam ao partido recém criado da Liga Progressista. Rio Branco foi enviado ao Uruguai em 1864 com o objetivo de conseguir um fim diplomático para a Guerra do Uruguai. Mesmo sendo bem sucedido, acabou repentinamente dispensado do cargo. Foi chamado novamente em 1869 e enviado para o Paraguai, desta vez para negociar o fim da Guerra do Paraguai. Seus esforços foram reconhecidos e Pedro II lhe criou o título de Visconde do Rio Branco.

Rio Branco foi nomeado Presidente do Conselho de Ministros em 1871. Foi o presidente que mais tempo ocupou o cargo, com seu gabinete sendo o segundo de maior duração na história brasileira. Seu governo ficou marcado por uma época de prosperidade econômica e da adoção de várias reformas necessárias, apesar de provarem-se falhas. A mais importante de suas iniciativas foi a Lei do Ventre Livre, que alforriava crianças nascidas de mulheres escravas. Rio Branco liderou o governo que aprovou a lei e sua promulgação aumentou sua popularidade. Entretanto, seu governo foi pego em uma crise com a Igreja Católica que resultou na expulsão de maçons das irmandades. Rio Branco renunciou junto com seu gabinete em 1875 após quatro anos. Sua saúde começou a deteriorar rapidamente depois de uma viagem pela Europa, sendo diagnosticado com câncer de boca. Rio Branco morreu em 1880 e foi muito lamentado. É considerado por muitos historiadores como um dos maiores estadistas do Brasil.

José Maria da Silva Paranhos nasceu no dia 16 de março de 1819 em Salvador, Baía de Todos os Santos, na época quando o Brasil fazia parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Seus pais eram Agostinho da Silva Paranhos e Josefa Emerenciana de Barreiros.[1][2] Agostinho Paranhos e seus dois irmãos haviam imigrado para o Brasil no início do século XIX.[3] Se tornou um rico comerciante e se casou com Josefa, pertencente a uma das mais antigas famílias da Baía de Todos os Santos. A família dela tinha raízes na cidade do Porto, onde a própria família de Agostinho se originava.[4] Permaneceu leal a Portugal em 1822 na época da Independência do Brasil, fazendo com que fosse ostracizado e perdesse seus negócios.[5][6]

José Paranhos de uniforme de cadete do exército, c. 1841.
Paranhos teve uma infância simples e sem luxos. Apesar de seus pais não serem ricos, nunca passaram pela pobreza. Mais tarde em sua vida lembraria-se com carinho sobre a Baía de Todos os Santos como a "terra natal" de sua infância.[7] Seu pai morreu enquanto ainda era criança e sua mãe morreu alguns anos depois. Ele e seus irmãos mais novos ficaram em uma situação precária já que o restante da fortuna de Agostinho tinha sido apropriada por um parente.[5][7] Os irmãos foram salvos por um de seus tios maternos, Eusébio Gomes Barreiros, um coronel do Corpo de Engenheiros do exército.[1][5][7] Barreiros cuidou dos filhos da irmã junto com os seus e pagou por suas educações.[1][8] Ele teve uma grande influência no crescimento de Paranhos, e anos mais tarde seu sobrinho viria sempre falar muito bem sobre o tio.[9]

Paranhos foi enviado a capital imperial Rio de Janeiro em 1835 aos catorze anos de idade para continuar seus estudos. No início do ano seguinte ele foi aceito na Academia Real dos Guardas Marinhas.[1][10] Paranhos dava aulas para seus colegas de classe a fim de ajudar no pagamento de sua educação.[11] Ele se formou em 1841 aos 22 anos com a patente de aspirante de marinha, entrando em seguida na Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho.[12] Paranhos foi atrás de um curso de engenharia e desenvolveu um gosto pela matemática.[3][13] Foi promovido a alferes na marinha antes de se formar na escola militar e se tornou um professor substituto na escola naval.[11][14] Ele se casou em 1842 com Teresa de Figueiredo Faria, cuja família também vinha da cidade do Porto em Portugal.[11][15]

Paranhos se formou na escola militar em 1843 com a patente de alferes no Corpo de Engenheiros, porém decidiu voltar para a vida civil e se concentrar em sua carreira como professor. Ele se tornou um instrutor regular na academia naval no ano seguinte, dando aulas de artilharia. Foi transferido em 1845 para o corpo de professores da academia militar para dar aulas de artilharia, fortificação e mais tarde mecânica.[11] Além de professor, Paranhos também se tornou jornalista e começou a trabalhar por volta de 1844 em jornais que apoiavam o Partido Liberal.[14][16] Ele continuou como professor na escola militar e começou a dar aulas de economia política, estatística e direito administrativo por volta de 1863.[3][17] Em 1874 se tornou deão da recém criada Escola de Engenharia (atual Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro), um ramo civil do programa de engenharia da academia militar.[18]

Início da carreira política Facção Áulica Os artigos escritos por Paranhos para os jornais Liberais atraíram a atenção de outros membros do Partido Liberal. Ele se tornou amigo e protegido de Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho (posterior Visconde de Sepetiba).[16] Na época, Aureliano Coutinho era a figura mais poderosa da política nacional do Brasil. Era líder da Facção Áulica, um grupo – algumas vezes considerado uma ala do Partido Liberal – que tinha uma influência sobre o jovem e inexperiente imperador D. Pedro II. Membros da facção incluíam importantes criados da criadagem imperial e políticos notáveis.[19]

O imperador nomeou Aureliano Coutinho como Presidente do Rio de Janeiro em 1844, a mais rica e importante província do Brasil na época.[20] Com o apoio de Aureliano Coutinho e da forte base política, Paranhos foi eleito para a Assembleia Legislativa Provincial em 1845, aos 26 anos de idade. No ano seguinte Aureliano Coutinho o nomeou como secretário provincial, depois vice-presidente e mais tarde presidente interino.[14] Paranhos foi eleito em 1847 como deputado representando o Rio de Janeiro.[3][14][16]

A Facção Áulica perdeu seu poder em 1847, depois de passar anos dominando a política brasileira. Pedro II amadureceu fisicamente e se tornou mais astuto politicamente, removendo todos ligados ao grupo de seus cargos. Como seu líder, Aureliano Coutinho foi completamente excluído da vida política: "resultado de um banimento implícito, se não proferido, imposto por D. Pedro II".[21] O monarca deixou claro que não toleraria mais ser influenciado por facções políticas.[22] De fevereiro de 1844 a maio de 1848, todos os quatro gabinetes que governaram o Brasil foram compostos inteiramente de membros do Partido Liberal. Divisões internas dentro do partido impediram o avanço de projetos Liberais que tinham o objetivo de modernizar o país, incluindo uma reforma educacional e a construção de ferrovias e linhas de telégrafo.[23]

O imperador convidou o rival Partido Conservador para formar um novo gabinete logo depois da renúncia do último gabinete Liberal.[23] Paranhos perdeu boa parte de sua influência com seu partido fora do governo. Entretanto, o Partido Liberal não estava disposto a aceitar a perda de poder.[24][25] A facção mais radical dos Liberais na província de Pernambuco, conhecida como o Partido da Praia, defendeu abertamente uma revolta. Os praieiros, Liberais apenas nominalmente, eram associados da Facção Áulica.[26] A revolta proposta seria uma tentativa de reconquistar o controle do governo.[24] Os praieiros tiveram pouco apoio e a opinião pública ficou contra. O grupo não conseguiu convencer a maioria da população que uma revolta traria benefícios.[27] A revolta foi completamente derrotada em 2 de fevereiro de 1849 depois de atacarem Recife, capital de Pernambuco.[25][28] Mesmo Paranhos tendo condenado a Revolta Praieira, ela mais as quedas de Aureliano Coutinho e do Partido Liberal deixaram quase impossível uma continuação na carreira política. Seu foco voltou novamente para seu trabalho como jornalista.[29][30]

Guerra do Prata Ver artigo principal: Guerra do Prata Paranhos parou de escrever para jornais Liberais depois de deixar a política e se tornou editor do politicamente neutro Jornal do Commercio.[16] Ele escreveu uma série de artigos semanais de 1850 até o final de 1851 que eram chamados "Cartas a um Amigo Ausente". A coluna lidava com assuntos como política, a sociedade brasileira e a vida diária da capital. Seus artigos logo começaram a lidar também com a política externa do Brasil, especialmente da Confederação Argentina e da guerra civil no Uruguai.[29]

Juan Manuel de Rosas, o ditator argentino, havia auxiliado os rebeldes separatistas brasileiros da província de São Pedro do Rio Grande do Sul durante a Revolução Farroupilha nas décadas de 1830 e 1840,[31] e continuava tentando anexar a província. Além da ameaça para a integridade territorial brasileira, Rosas tinha ambições de conquistar o Paraguai, o Uruguai e a Bolívia.[32] O gabinete Conservador do Brasil decidiu formar alianças militares com os países ameaçados pelo ditador.[33] O Exército Brasileiro comandado por Luís Alves de Lima e Silva, Conde de Caxias (depois Duque de Caxias) cruzou a fronteira para o Uruguai em 4 de setembro de 1851.[34]

Paranhos começou a escrever artigos apoiando a política externa proativa do Brasil, que o aproximou do Partido Conservador.[29] O Ministro das Relações Exteriores, Paulino José Soares de Sousa (futuro Visconde do Uruguai),[35] nomeou o líder Conservador Honório Hermeto Carneiro Leão (posterior Marquês do Paraná)[36] como diplomata plenipotenciário especial na região do rio da Prata.[29] Honório Hermeto surpreendeu e decidiu levar Paranhos como seu secretário, ignorando diplomatas brasileiros muito mais experientes. Eles partiram para a capital uruguaia Montevidéu em 23 de outubro de 1851.[37]

Honório Hermeto conseguia enxergar o potencial das pessoas, e Paranhos – que havia se mostrado um homem competente durante seu tempo como político Liberal do Rio de Janeiro – tinha talentos que poderiam ser colocados em bom uso. Como Honório Hermeto disse a Paranhos ao justificar sua escolha de um jornalista jovem e inexperiente diplomaticamente: "Não consultei ninguém sobre nomeá-lo. O que influenciou minha mente foi seu mérito, que prezo: eu espero, senhor, que prove que eu acertei".[38][39] Ele era um homem bonito e charmoso, tinha 1,95 m de altura, olhos azuis e cabelo loiro.[40] O historiador Jeffrey D. Needell afirmou que em Paranhos, Honório Hermeto tinha "um homem com distinta habilidade literária, com um passado militar e um incomum bom conhecimento técnico, com instintos políticos e coragem política comprovada, e com uma necessidade clara para um novo patrono com o recente eclipse de Aureliano [Coutinho]".[41] Tudo isso, além de uma cabeça fria, excepcionais habilidade oratórias, energia inesgotável e uma mente culta e criativa, lhe fizeram a pessoal ideal para o cargo.[42]

Os dois homens chegaram em Montevidéu para negociações em 2 de novembro.[37] Honório Hermeto assinou no dia 21 um tratado de aliança com o Uruguai e as províncias argentinas dissidentes de Entre Ríos e Corrientes.[43] Uma divisão brasileira, junto com tropas uruguaias e argentinas, invadiu a Argentina. Os aliados venceram a Batalha de Monte Caseros em 3 de fevereiro de 1852 e derrotaram Rosas, que fugiu para o Reino Unido.[44] Para Needell, Paranhos "rapidamente adaptou suas próprias habilidades para as necessidades da missão. Ele demonstrou não apenas as esperadas inteligência e habilidade verbal, mas uma surpreendentemente rápida compreensão das questões e dos atores, lidando com as complicações com dinâmica, mostrando um dom para a decisão, uma capacidade de trabalho, um olho para os detalhes e um instinto de se impor que conquistou a aprovação de Honório [Hermeto] e, após alguma hesitação (supostamente porque Paranhos era um novato, no modo de pensar de Paulino Soares), o apoio de Paulino [Soares]".[45] Bartolomé Mitre, um aliado do Brasil contra Rosas e que posteriormente se tornou presidente da Argentina, lembraria-se décadas depois que Paranhos havia sido a "alma" da missão diplomática bem sucedida liderada por Honório Hermeto.[38]

Partido Conservador Gabinete de Conciliação

O Gabinete de Conciliação. Pedro II ao centro, Honório Hermeto na ponta esquerda e Paranhos na ponta direita. Paranhos ficou para trás quando Honório Hermeto voltou para o Brasil, tendo sido nomeado o ministro diplomático brasileiro no Uruguai. Seu tempo no Uruguai lhe permitiu adquirir uma compreensão da dinâmica que caracterizava as nações hispano-americanas da época. Nesses países era comum a existência de crises intermitentes que levariam ou resultariam em golpes de estado, governos ditatoriais, partidarismo político e guerras civis. Uma tendência e habilidade para a diplomacia ficou evidente durante sua estadia – como notou em fevereiro de 1853 o satisfeito Visconde do Uruguai, ainda Ministro das Relações Exteriores: "De maneira geral, eu aprovo o que nossos representantes diplomáticos fazem; entretanto, quase sempre me parece que, caso eu estivesse em seus lugares, teria feito melhor. Mas com o Dr. Paranhos o pensamento não me ocorre. Todas as vezes que leio seus comunicados, digo a mim mesmo: 'Isto é precisamente o que eu teria feito ou dito'".[46]

Honório Hermeto (agora Visconde do Paraná) foi nomeado em 6 de setembro de 1853 como o Presidente do Conselho de Ministros e encarregado de organizar um novo gabinete.[47] Pedro II queria avançar seu próprio plano ambicioso, que ficou conhecido como "a Conciliação".[48] O objetivo era colocar um fim na erupção periódica de conflitos armados entre facções políticas, como havia ocorrido da Revolta Praieira. Tinha se tornado comum para partidos que haviam perdido o poder pelas eleições tentar reconquistá-lo através da força. A Conciliação tinha a intenção de fortalecer o papel do parlamento na solução das disputas políticas. Ambos os partidos seriam obrigados a deixar o partidarismo político de lado e em vez disso dedicarem-se ao bem geral da nação.[47][49]

Paraná convidou vários liberais a entrar no Partido Conservador e até mesmo nomeou alguns como ministros. Um deles era Paranhos, que virou o Ministro das Relações Exteriores em 1855.[36] Ele ainda estava em Montevidéu quando soube que Paraná havia conseguido elegê-lo deputado em 1853.[46] O gabinete foi muito bem sucedido, porém enfrentou desde o início grande oposição de membros do Partido Conservador que repudiavam os novos recrutas Liberais, acreditando que eles não partilhavam verdadeiramente dos ideais do partido e estavam principalmente interessados nos cargos públicos.[50][51][52] Paraná demonstrou grande resiliência ao enfrentar ameaças e superar obstáculos e contratempos.[50][53]

Paraná morreu repentinamente em setembro de 1856 e seu gabinete conseguiu sobreviver por apenas mais alguns meses. O imperador, apesar de cético quanto aos meios que a Conciliação foi implementada,[51] aprendeu a apreciar seus méritos e queria que ela continuasse.[54] O apoio de Pedro II deu uma nova chance à Conciliação e permitiu que Paranhos voltasse ao governo novamente em 12 de dezembro de 1858 como Ministro das Relações Exteriores.[55] A questão mais urgente que ele enfrentou foi a persistente recusa do governo do Paraguai em permitir que navios brasileiros acessassem a província do Mato Grosso. Na época a melhor e mais rápida maneira de chegar naquela distante província era viajar pelo Oceano Atlântico e entrar nos rios que fluíam pelas nações ao sul do Brasil. Um dos motivos da guerra contra a Argentina em 1851 fora garantir a livre passagem de navios. A crise entre o Brasil e o Paraguai se arrastava desde a época em que Paranhos fazia parte do gabinete de Paraná. Ele assinou um tratado em 12 de fevereiro de 1858 que permitia a livre navegação pelos rios paraguaios. Isso adiou o início de uma guerra, que viria a ocorrer em 1864.[56]

Liga Progressista

Paranhos c. 1858. Os ultraconservadores que eram contra a política da Conciliação eram liderados por Joaquim José Rodrigues Torres, Visconde de Itaboraí, Eusébio de Queirós e o agora Visconde do Uruguai. Esses estadistas mais velhos eram da mesma geração de Paraná e haviam assumido a liderança do Partido Conservador após a morte dele. Apesar de Conservadores no nome, eles repetidas vezes em várias áreas mostraram-se mais progressistas que seus rivais Liberais.[57] Uruguai virou o patrono de Paranhos desde a missão diplomática de 1851 e muito influenciou seu protegido,[46] que inicialmente ficou com os ultraconservadores. Paranhos conseguiu persuadir Caxias (que havia sido o comandante geral brasileiro na Guerra do Prata, Ministro da Guerra no Gabinete de Conciliação e sucessor de Paraná na presidência do conselho) a permanecer do lado da velha guarda Conservadora.[58]

Nenhum dos gabinetes durou muito depois de 1857. Eles rapidamente caíram pela falta de maioria na Câmara dos Deputados. O Partido Conservador estava dividido: de um lado estavam os ultraconservadores e do outro lado os conservadores moderados. Uma nova geração de políticos surgiu após o Gabinete de Reconciliação, querendo muito adquirir mais poder dentro do partido. Paranhos pertencia a esse grupo mais jovem. Esses homens viam seu caminho até o topo como estando bloqueado pelos Conservadores mais velhos, que não estavam dispostos a abrir mão do controle.[59]

Os membros restantes do Partido Liberal, que definhava desde a Revolta Praieira de 1849, aproveitaram a aparente dissolução iminente do Partido Conservador para voltarem à política nacional com força renovada. Eles deram um duro golpe no governo em 1860 quando conseguiram vencer vários assentos na Câmara dos Deputados.[60] O imperador pediu em 2 de março de 1861 para Caxias liderar um novo gabinete. Este escolheu Paranhos como Ministro da Fazenda (e Ministro das Relações Exteriores interino), que logo se tornou o braço direito de Caxias. Sua influência tornou-se tão grande que o novo ministério ficou conhecido como o "Gabinete Caxias–Paranhos".[61]

O novo governo enfrentou um grande desafio: a Câmara dos Deputados estava dividida em três grupos: os ultraconservadores, os moderados e os Liberais. Caxias e Paranhos nomearam homens que eram ultraconservadores ou moderados para os ministérios restantes, uma tentativa de revigorar a oposição Liberal e consolidar uma maioria governamental.[58] Mesmo conseguindo recrutar apoiadores suficientes vindos de fora do partido para formar um governo, o gabinete estava prejudicado desde o início por conta da falta de unidade interna. Ele foi condenado quando José Tomás Nabuco de Araújo Filho, amigo de Paranhos e antigo colega do Gabinete de Conciliação, fez um discurso que defendia a fusão dos Conservadores Moderados e os Liberais em um novo partido político.[62]

O discurso foi recebido com tanto entusiasmo que ambos os grupos votaram como uma facção única e coesa, deixando o governo sem maioria. O gabinete pediu para Pedro II dissolver a câmara e convocar novas eleições, porém ele se recusou. Sem alternativa os ministros renunciaram, e em 24 de maio de 1862 o imperador nomeou um membro da coalizão Moderada-Liberal para formar um novo gabinete.[63] O novo partido foi chamado de Liga Progressista,[64] porém a maioria de seus membros eram Conservadores.[65] O novo gabinete encerrou catorze anos de domínio Conservador.[63] A derrota não foi uma perda total para Paranhos, já que fora nomeado por Pedro II como senador vitalício pelo Mato Grosso em novembro de 1862, logo depois de conseguir o maior número de votos na eleição. Ele assumiu seu posto como senador em 5 de março de 1863.[nota 1] Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Maria_da_Silva_Paranhos

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José Maria da Silva Paranhos, visconde do Rio Branco's Timeline

1819
March 16, 1819
Salvador, Bahia, Brazil
1845
March 20, 1845
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
1847
July 11, 1847
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
1850
1850
1860
1860
Brazil
1880
November 1, 1880
Age 61
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
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