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Adolpho Bezerra de Menezes Cavalcanti

Birthdate:
Birthplace: Riacho do Sangue (atual Jaguaretama), Ceará, Brasil (Brazil)
Death: April 12, 1900 (68)
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, State of Rio de Janeiro, Brazil ( acidente vascular cerebral)
Immediate Family:

Son of Tenente-Coronel Antonio Bezerra de Menezes and Fabiana de Jesus Maria Cavalcanti de Albuquerque
Husband of Cândida Augusta de Lacerda Machado; Maria Cândida de Lacerda; Cândida Augusta de Lacerda Machado and Maria Cândida de Lacerda
Father of Maria Cândida; Ernestina; Carolina; Octávio Bezerra de Menezes; Christiana and 8 others
Brother of Manoel Soares da Silva Bezerra; Teófilo Rufino Bezerra de Menezes; José Joaquim Bezerra de Menezes; Maria de Sousa Bezerra de Menezes; Maria Inácia Cavalcanti Bezerra and 3 others

Occupation: Médico, Militar, Escritor, Jornalista, Político, Militar, Escritor e expoente da Doutrina Espírita no Brasil
Managed by: Private User
Last Updated:

About Bezerra de Menezes

Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti (Riacho do Sangue, CE (atual Jaguaretama) , em 29 de agosto de 1831 — Rio de Janeiro, RJ, em 11 de abril de 1900), mais conhecido apenas como Bezerra de Menezes, foi um médico, militar, escritor, jornalista, político, filantropo e expoente da Doutrina Espírita. Conhecido também como O Kardec Brasileiro e O Médico dos Pobres.

Biografia

Infância e juventude

Descendente de antiga família de fazendeiros de criação, ligada à política e ao militarismo na Província do Ceará, era filho de Antônio Bezerra de Menezes (tenente-coronel da Guarda Nacional) e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra.

Em 1838, aos sete anos de idade, ingressou na escola pública da Vila do Frade (adjacente ao Riacho do Sangue, atual Jaguaretama) onde, em dez meses, aprendeu os princípios da educação elementar.

Em 1842, como consequência de perseguições políticas e dificuldades financeiras, a sua família mudou-se para a antiga vila de Maioridade (serra do Martins), no Rio Grande do Norte, onde o jovem, então com onze anos de idade, foi matriculado na aula pública de latim. Em dois anos já substituía o professor em classe, em seus impedimentos.

Em 1846, a família retornou à Província do Ceará, fixando residência na capital, Fortaleza. O jovem foi matriculado no Liceu do Ceará, onde concluiu os estudos preparatórios.

A carreira na Medicina

Em 1851, ano de falecimento de seu pai, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, naquele mesmo ano, iniciou os estudos de Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

No ano seguinte (1852), em novembro, ingressou como praticante interno ("residente") no hospital da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Para prover os seus estudos, dava aulas particulares de filosofia e matemática.

Obteve o doutoramento (graduação) em 1856, com a defesa da tese: "Diagnóstico do cancro". Nesse ano, o Governo Imperial decretou a reforma do Corpo de Saúde do Exército Brasileiro, e nomeou para chefiá-lo, como Cirurgião-mor, o Dr. Manuel Feliciano Pereira Carvalho, antigo professor de Bezerra de Menezes, que convidou Bezerra para trabalhar como seu assistente.

A 27 de abril de 1857 candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina com a memória "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento". O acadêmico José Pereira Rego leu o parecer na sessão de 11 de maio, tendo a eleição transcorrido na de 18 de maio e a posse na de 1 de junho do mesmo ano.

Em 1858 candidatou-se a uma vaga de lente substituto da Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Nesse ano saiu a sua nomeação oficial como assistente do Corpo de Saúde do Exército, no posto de Cirurgião-tenente e, a 6 de novembro, desposou Maria Cândida de Lacerda, que viria a falecer de mal súbito em 24 de março de 1863, deixando-lhe dois filhos, um de três e outro de um ano de idade.

No período de 1859 a 1861 exerceu a função de redator dos Anais Brasilienses de Medicina, periódico da Academia Imperial de Medicina.

Em 1865 desposou, em segundas núpcias, Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã por parte de mãe de sua primeira esposa, e que cuidava de seus filhos até então, com quem teve mais sete filhos.

Por sua postura de médico caridoso, atendendo pessoas que necessitavam mas não podiam pagar, ficou conhecido como "O Médico dos Pobres". É relatado em suas biografias o episódio que Bezerra doou o seu anel de grau em medicina a uma mãe para que comprasse os remédios de que seu filho precisava.

O médico verdadeiro é isto: não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto... O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado e achar-se fatigado ou por ser alta à noite, mau o caminho e o tempo, ficar perto ou longe do morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro - esse não é médico, é negociante da medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura.— Bezerra de Menezes

Trajetória política

No final dos anos 1850, a Câmara Municipal do Município Neutro tinha como presidente Roberto Jorge Haddock Lobo, do Partido Conservador. Ao mesmo tempo, Bezerra de Menezes já se notabilizara pela atuação profissional e pelo trabalho voltado à população carente. Desse modo, em 1860, em uma reunião política, alguns amigos levantaram a candidatura de Bezerra de Menezes, pelo Partido Liberal, como representante da paróquia de São Cristóvão, onde então residia, à Câmara. Ciente da indicação, Bezerra recusou-a inicialmente, mas, por insistência, acabou se comprometendo apenas em não fazer uma declaração pública de recusa dos votos que lhe fossem outorgados.

Abertas as urnas e apurados os votos, Bezerra fora eleito. Os seus adversários, liderados por Haddock Lobo, impugnaram a posse sob o argumento de que militares de Segunda Classe não podiam exercer o cargo de Vereador. Desse modo, para apoiar o Partido, que necessitava dele para obter a maioria na Câmara, decidiu requerer exoneração do Corpo de Saúde (26 de março de 1861). Desfeito o impedimento, foi empossado no mesmo ano.

Foi reeleito vereador da Câmara Municipal do Município Neutro para o período de 1864 a 1868.

Foi eleito deputado Provincial pelo Rio de Janeiro em 1866, apesar da oposição do então primeiro-ministro Zacarias de Góis e dos chefes liberais - senador Bernardo de Sousa Franco (visconde de Sousa Franco) e deputado Francisco Otaviano de Almeida Rosa. Empossado em 1867, a Câmara dos Deputados foi dissolvida no ano seguinte (1868), devido à ascensão do Partido Conservador.

Retornou à política como vereador no período de 1873 a 1885, ocupando várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal, efetivando-se em julho de 1878, cargo que corresponderia atualmente ao de Prefeito.

Foi eleito deputado geral pela Província do Rio de Janeiro no período de 1877 a 1885, ano em que encerrou a sua carreira política. Neste período acumulou o exercício da presidência da Câmara e do Poder Executivo Municipal. Em sua atuação como deputado, destacam-se algumas iniciativas pioneiras: buscou, através de projeto de lei, regulamentar o trabalho doméstico, visando conceder a essa categoria, inclusive, o aviso prévio de 30 dias; denunciou os perigos da poluição que já naquela época afetava a população do Rio de Janeiro, promovendo providências para combatê-la. Foi membro, a partir de 1882, das Comissões de Obras Públicas, Redação e Orçamento.

--Vida empresarial==
Foi sócio fundador da Companhia Estrada de Ferro Macaé e Campos (1870).[2] [8] Empenhou-se na construção da Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua, pretendendo estendê-la até ao rio Doce, projeto que não conseguiu concretizar (c. 1872). Foi um dos diretores da Companhia Arquitetônica de Vila Isabel, fundada em Outubro de 1873 por João Batista Viana Drummond (depois barão de Drummond) para empreender a urbanização do bairro de Vila Isabel. Em 1875, foi presidente da Companhia Ferro-Carril de São Cristóvão, período em que os trilhos da empresa alcançavam os bairros do Caju e da Tijuca.

Militância intelectual

Durante a campanha abolicionista publicou o ensaio "A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação" (1869), onde não só defende a liberdade aos escravos, mas também a inserção e adaptação dos mesmos na sociedade por meio da educação. Nesta obra, Bezerra se auto-intitula um liberal, e propõe que se imitasse os ingleses, que na época já haviam abolido a escravidão de seus domínios.

Expôs os problemas de sua região natal em outro ensaio publicado, "Breves considerações sobre as secas do Norte" (1877). Alguns indicam que foi autor de biografias sobre o visconde do Uruguai e o visconde de Caravelas, personalidades ilustres do Império do Brasil. Foi redator d'A Reforma, órgão liberal no Município Neutro, e, de 1869 a 1870, redator do jornal Sentinela da Liberdade. Escreveu também outras obras, como "A Casa Assombrada", "A Loucura sob Novo Prisma", "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica", "Casamento e Mortalha", "Pérola Negra", "Lázaro, o Leproso", "Os Carneiros de Panúrgio", "História de um Sonho" e "Evangelho do Futuro".

Sabe-se que Bezerra de Menezes era fluente em pelo menos três línguas além do português: latim, espanhol e francês.

Militância espírita

Conheceu a Doutrina Espírita quando do lançamento da tradução em língua portuguesa de O Livro dos Espíritos (sem data, em 1875), através de um exemplar que lhe foi oferecido com dedicatória pelo seu tradutor, o também médico Dr. Joaquim Carlos Travassos. Sobre o contato com a obra, o próprio Bezerra registrou posteriormente:

"Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, Deus! Não hei de ir para o inferno por ler isto… Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!… Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no 'O Livro dos Espíritos'. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença." Contribuiu para a sua adesão o contato com as "curas extraordinárias" obtidas pelo médium João Gonçalves do Nascimento (1844-1916), em 1882.

Com o lançamento do periódico Reformador, por Augusto Elias da Silva em 1883, passou a colaborar com a redação de artigos doutrinários.

Após estudar por alguns anos as obras de Allan Kardec, em 16 de agosto de 1886, aos cinquenta e cinco anos de idade, perante grande público (estimado, conforme os seus biógrafos, entre mil e quinhentas e duas mil pessoas) no salão de conferências da Guarda Velha, no Rio de Janeiro, em longa alocução, justificou a sua opção em abraçar o Espiritismo. O evento chegou a ser referido em nota publicada pelo "O Paiz".

No ano seguinte, a pedido da Comissão de Propaganda do Centro da União Espírita do Brasil, inicia a publicação de uma série de artigos sobre a Doutrina em O Paiz, periódico de maior circulação da época. Na seção intitulada "Spiritismo - Estudos Philosophicos", os artigos saíram regularmente aos domingos, no período de 23 de outubro de 1887 a dezembro de 1893, assinados sob o pseudônimo "Max".

Na década de 1880 o incipiente movimento espírita na capital (e no país) estava marcado pela dispersão de seus adeptos e das entidades em que se reuniam. Já havia também uma clara divisão entre dois "grupos" de espíritas: os que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso (maior grupo, o qual se incluía Bezerra) e os que não aceitavam o Espiritismo nesse aspecto.

Em 1889, Bezerra foi percebido como o único capaz de superar as divisões, vindo a ser eleito presidente da Federação Espírita Brasileira. Nesse período, iniciou o estudo sistemático de "O Livro dos Espíritos" nas reuniões públicas das sextas-feiras, passando a redigir o Reformador; exerceu ainda a tarefa de doutrinador de espíritos obsessores. Organizou e presidiu um Congresso Espírita Nacional (Rio de Janeiro, 14 de abril), com a presença de 34 delegações de instituições de diversos estados. Assumiu a presidência do Centro da União Espírita do Brasil a 21 de abril e, a 22 de dezembro de 1890, oficiou ao então presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, em defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas contra certos artigos do Código Penal Brasileiro de 1890.

De 1890 a 1891 foi vice-presidente da FEB na gestão de Francisco de Menezes Dias da Cruz, época em que traduziu o livro "Obras Póstumas" de Allan Kardec, publicado em 1892. Em fins de 1891, registravam-se importantes divergências internas entre os espíritas e fortes ataques exteriores ao movimento. Bezerra de Menezes afastou-se por algum tempo, continuando a frequentar as reuniões do Grupo Ismael e a redação dos artigos semanais em "O Paiz", que encerrou ao final de 1893. Aprofundando-se as discórdias na instituição, foi convidado em 1895 a reassumir a presidência da FEB (eleito em 3 de Agosto desse ano), função que exerceu até à data de seu falecimento. Nesta gestão iniciou o estudo semanal de "O Evangelho segundo o Espiritismo", fundou a primeira livraria espírita no país e ocorreu a vinculação da instituição ao Grupo Ismael e à Assistência aos Necessitados.

Foi em meio a grandes dificuldades financeiras que um acidente vascular cerebral o acometeu, vindo ele a falecer na manhã de 11 de abril de 1900 , depois de meses acamado. Não faltaram aqueles, pobres e ricos, que socorreram a família, liderados pelo Senador Quintino Bocaiúva. No dia seguinte, na primeira página de "O Paiz", foi lhe dedicado um longo necrológio, chamando-o de "eminente brasileiro". Recebeu ainda homenagem da Câmara Municipal do então Distrito Federal pela conduta e pelos serviços dignos.

Ao longo da vida acumulou inúmeros títulos de cidadania.

Legado

Bezerra de Menezes deu o nome a uma das embarcações a vapor da Estrada de Ferro Macaé e Campos que, fretado à Companhia Terrestre e Marítima do Rio de Janeiro, naufragou em Angra dos Reis a 29 de Janeiro de 1891. Não houve vítimas fatais.

Com relação ao aspecto missionário da vida de Bezerra de Menezes, a obra Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, de Chico Xavier, atribuído ao espírito de Humberto de Campos, afirma:

"Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração." Bezerra foi também homenageado em Anápolis, Goiás, em 1982, com o nome de uma escola de ensino fundamental - Escola de 1º Grau Bezerra de Menezes -, que atende a 200 alunos conveniados com a rede estadual de Goiás. Em Fortaleza, capital do estado do Ceará, sua terra natal, há uma avenida com o seu nome, situada no então distrito que levava o nome de seu pai, Antônio Bezerra, atualmente desmembrado em vários bairros, sendo a mencionada avenida situada entre os bairros Parquelândia, São Gerardo e Otávio Bonfim.No estado do RJ temos Rua Bezerra de Menezes na cidade do RJ e na cidade de Paracambi, bem como há Rua Bezerra de Menezes em Rio Verde - Goiás, em Guarulhos e Santo André - SP, Belo Horizonte - MG e Porto Alegre - RS.

Em São José do Rio Preto, SP, o maior Hospital Psiquiátrico, que atende a toda a região, também leva o nome de Bezerra de Menezes.

O "Kardec Brasileiro"

Pela atuação destacada no movimento espírita da capital brasileira no último quartel do século XIX, Bezerra de Menezes foi considerado um modelo para muitos adeptos da Doutrina. Destacam-lhe a índole caridosa, a perseverança, e a disposição amorosa para superar os desafios. Essas características, somadas à sua militância na divulgação e na reestruturação do movimento espírita no país, fizeram com que fosse considerado o "Kardec Brasileiro", numa homenagem devida ao papel de relevância que desempenhou. Muitos seguidores acreditam, ainda, que Bezerra de Menezes continua, em espírito, a orientar e influenciar o movimento espírita. É considerado patrono de centenas de instituições espíritas em todo o mundo.

Filme

A vida de Bezerra de Menezes foi transposta para o cinema, na película Bezerra de Menezes - O Diário de Um Espírito, com direção de Glauber Santos Paiva Filho e Joel Pimentel. O elenco é integrado por Carlos Vereza no papel título, Caio Blat e Paulo Goulart Filho, Ana Rosa, Nanda Costa com a participação especial de Lúcio Mauro. A produção foi orçada em aproximadamente R$ 2,7 milhões, a cargo da Trio Filmes e Estação da Luz, com locações no Ceará, Pernambuco, Distrito Federal e Rio de Janeiro, tendo envolvido a mão-de-obra de uma equipe de cento e cinquenta pessoas. O lançamento do filme deu-se em 29 de agosto de 2008.

Fonte: WP

do autor Antônio Herbert Paz Bezerra o livro "Genealogia dos Bezerra de Menezes - História e Diáspora" - Premius Editora - Fortaleza- Ce- 2004.

http://www.amebrasil.org.br/html/perfil_bezerra.htm

http://canteiroideias.blogspot.com.br/2013/01/os-filhos-de-bezerra-...



Adolpho Bezerra de Menezes, nasceu em 29 de agosto de 1831, na Fazenda das Pedras, próximo ao Riacho das Pedras, na freguesia do Riacho do Sangue, hoje encravada no município de Jaguaretama, Ceará. Era filho de Antonio Bezerra de Menezes e de dona Fabiana Cavalcanti de Albuquerque. Foi batizado pouco mais de um mês após seu nascimento, na matriz de Nossa Senhora da Conceição, conforme se depreende de seu batistério, exarado nos seguintes termos:

Adolpho, nascido aos vinte e nove de agosto de mil oitocentos e trinta e um e batizado nesta matriz aos dois de outubro do mesmo ano, filho legítimo do capitão Antonio Bezerra de Menezes e de dona Fabiana de Jesus Maria, moradores nesta freguesia, neto paterno do tenente–coronel Antonio Bezerra de Souza e dona Maria da Costa, e materno do capitão José Roiz da Silva e dona Maria Ignacia Cavalcanti. Foram padrinhos: ajudante José Bernardo Bezerra, casado, e dona Joana Antônia Bezerra do Sacramento, solteira, todos moradores nesta freguesia, e para constar fiz este assento. O vigário Antônio Francisco Régis de Leão Saraiva.

Em cima das ruínas da casa da fazenda Santa Bárbara, de seu avô, coronel Antonio Bezerra de Souza, onde há 181 anos nasceu o Médico dos Pobres, funciona há alguns anos o Polo Bezerra de Menezes – PODEBEM -, lugar de assistência social e espiritual e caridade para a população pobre da região, coordenado por voluntários e mantido por meio de doações, inclusive com a escola Fabiano de Cristo.

A vida estudantil de Bezerra iniciou-se no ano de 1838, na escola pública de Riacho do Sangue, onde em dez meses, aos sete anos de idade, aprontou-se em leitura, escrita e contas. Em 1842, na Serra do Martins (RN), matriculou-se na escola de latinidade, fundada em 1831 pelos padres jesuítas e, com apenas dois anos de estudos da língua de origem romana, foi capaz de ser monitor, auxiliando o professor.

Em 1846, de regresso ao Ceará, Bezerra de Menezes fixou-se na capital da província, provavelmente em virtude da terrível seca do ano anterior, que causou a perda quase total dos gados da província e determinou a migração de inúmeras famílias ao litoral. Assim, Adolpho continuou seus estudos em Fortaleza, no Liceu do Ceará.

Em 23 de fevereiro de 1851, meses antes do de falecimento de seu pai – em outubro -, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, em março do mesmo ano, iniciou os estudos de Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

No ano seguinte (1852), ingressou como praticante interno ("residente") no hospital da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Além disso, dava aulas particulares de Filosofia e Matemática.

Obteve o diploma de graduação em 1856, com a defesa da tese: "Diagnóstico do cancro" (estudo teórico). Nesse ano, o Governo Imperial decretou a reforma do Corpo de Saúde do Exército Brasileiro e nomeou para chefiá-lo, como Cirurgião-mor, o Dr. Manuel Feliciano Pereira Carvalho, antigo professor de Bezerra de Menezes, e que o convidou para trabalhar como seu assistente.

A 27 de abril de 1857, candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina com a memória "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento". O acadêmico José Pereira Rego leu o parecer na sessão de 11 de maio, tendo a eleição transcorrido na de 18 de maio, e a posse, na de 1º de junho do mesmo ano.

Em 1858, candidatou-se a uma vaga de lente substituto da Seção de Cirurgia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Nesse ano saiu a sua nomeação oficial como assistente do Corpo de Saúde do Exército, no posto de Capitão-tenente e, a 6 de novembro, desposou Maria Cândida de Lacerda, que viria a falecer de mal súbito em 24 de março de 1863, deixando-lhe dois filhos, um de três e outro de um ano de idade.

No período de 1859 a 1861, exerceu a função de redator dos Anais Brasilienses de Medicina, periódico da Academia Imperial de Medicina.

Em 1865 desposou, em segundas núpcias, Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã por parte de mãe de sua primeira esposa. Cândida cuidava de seus filhos até então. Com ela, teve mais 12 filhos.

Por sua atuação generosa e incansável, como médico, cedo tornou-se conhecido como "O Médico dos Pobres". Via na Medicina um sacerdócio, e deixou como um de seus maiores legados exemplos e conselhos inesquecíveis para os jovens médicos de todas as épocas:

"Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro; o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem o que pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro, esse não é um médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse é um infeliz, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaivens da vida".

Nesse período, a Câmara Municipal do Município Neutro tinha como presidente o médico Roberto Jorge Haddock Lobo, do Partido Conservador. Ao mesmo tempo, Bezerra de Menezes já se notabilizara pela atuação profissional e pelo trabalho voltado à população. Desse modo, em 1860, em uma reunião política, alguns amigos levantaram sua candidatura à Câmara dos Vereadores, pelo Partido Liberal, como representante da paróquia de São Cristóvão, onde então residia.

Abertas as urnas e apurados os votos, Bezerra fora eleito. Seus adversários, liderados pelo dr. Haddock Lobo, impugnaram a posse sob o argumento de que militares não podiam exercer o cargo de vereador. Desse modo, para apoiar o Partido, que necessitava dele para obter a maioria na Câmara, decidiu requerer exoneração do Corpo de Saúde (26 de março de 1861). Desfeito o impedimento, foi empossado no mesmo ano.

Foi reeleito vereador da Câmara Municipal do Município Neutro para o período de 1864 a 1868, e depois, por várias legislaturas consecutivas, até a década de 1880.

Foi eleito deputado Provincial pelo Rio de Janeiro em 1866 e empossado em 1867. A Câmara dos Deputados foi dissolvida no ano seguinte (1868) por várias divergências políticas, assumindo a direção do governo o Partido Conservador.

Na política, atuava como deputado e vereador simultaneamente, o que, à época, era permitido. Ocupou várias vezes a presidência da Câmara Municipal, cargo que corresponderia atualmente ao de prefeito.

Foi eleito deputado pela Província do Rio de Janeiro para as legislaturas da década de 1880, nunca tendo encerrado sua carreira política, pois, por várias vezes, foi candidato, por exemplo, ao cargo de senador.

Durante a campanha abolicionista, publicou o ensaio "A escravidão no Brasil e as medidas que convêm tomar para extingui-la sem dano para a Nação" (1869), na qual não só defende a liberdade aos escravos, mas também a inserção e adaptação dos mesmos na sociedade por meio da educação. Nesta obra, Bezerra se auto intitula um liberal, e propõe que se imitasse os ingleses, que, na época, já haviam abolido a escravidão de seus domínios.

Expôs os problemas de sua região natal em outro ensaio publicado, "Breves considerações sobre as secas do Norte" (1877). Foi autor de biografias sobre o visconde do Uruguai, visconde de Caravelas e Pedro II, entre outras personalidades ilustres do Império do Brasil. Atuou no jornal A Reforma, órgão liberal no Município Neutro, e, de 1869 a 1870, redator do jornal Sentinela da Liberdade.

Escreveu também outras obras, como:

"A Casa Assombrada"; "A Loucura sob Novo Prisma"; "Uma Carta de Bezerra de Menezes - A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica"; "Casamento e Mortalha"; "Pérola Negra"; "Lázaro, o Leproso"; "Os Carneiros de Panúrgio"; "História de um Sonho" e "Evangelho do Futuro", entre outros. Sabe-se que Bezerra de Menezes era fluente em línguas como latim, espanhol e francês.

Foi sócio fundador da Companhia Estrada de Ferro Macaé e Campos. Empenhou-se na construção da Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua, pretendendo estendê-la até o Rio Doce, projeto que não conseguiu concretizar.

Foi também um dos diretores da Companhia Arquitetônica de Vila Isabel, fundada em Outubro de 1873 por João Batista Viana Drummond (depois barão de Drummond) para empreender a urbanização do bairro de Vila Isabel.

Presidiu igualmente a Companhia Ferro-Carril de São Cristóvão, no período em que os trilhos da empresa alcançavam os bairros do Caju e da Tijuca.

O Espiritismo, qual novo maná celeste, já vinha atraindo multidões de crentes, a todos saciando na sua missão de Consolador. Logo que apareceu a primeira tradução brasileira de "O Livro dos Espíritos", em 1875, foi oferecido a Bezerra de Menezes um exemplar da obra pelo tradutor, Dr. Joaquim Carlos Travassos, seu amigo, que se ocultou sob o pseudônimo de Fortúnio e inclusive, em sua tese de formatura sobre queimaduras, escreveu-lhe uma dedicatória.

Foram palavras do próprio Bezerra de Menezes, ao proceder à leitura de monumental obra: "Lia, mas não encontrava nada que fosse novo para meu espírito, entretanto tudo aquilo era novo para mim [...]. Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no Livro dos Espíritos [...]. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou mesmo, como se diz vulgarmente, de nascença".

Contribuíram também para torná-lo um adepto consciente as extraordinárias curas que ele conseguiu, no início dos anos 1880, do famoso médium receitista João Gonçalves do Nascimento, através do espírito Dr. Dias da Cruz, antigo companheiro de Bezerra como vereador e como deputado – pai do famoso dr. homeopata Francisco Menezes Dias da Cruz. Mais que um adepto, Bezerra de Menezes foi um defensor e um divulgador da Doutrina Espírita.

Em 1883, recrudescia, de súbito, um movimento contrário ao Espiritismo e, naquele mesmo ano, fora lançado por Augusto Elias da Silva o "Reformador", órgão oficial da Federação Espírita Brasileira e periódico mais antigo do Brasil, ainda em circulação. Elias da Silva consultava Bezerra de Menezes sobre as melhores diretrizes a seguir em defesa dos ideais espíritas. O venerável médico aconselhava-o a contrapor-se ao ódio, a praticar o amor e a agir com discrição, paciência e harmonia. Elias também fundou a Federação Espírita Brasileira, em 1884.

Bezerra não ficou, porém, apenas no conselho teórico. Com as iniciais A. M., desde fevereiro de 1883, principiou a colaborar com o "Reformador", emitindo comentários judiciosos.

Embora sua participação tivesse sido marcante até então, somente em 16 de agosto de 1886, aos 55 anos de idade, Bezerra de Menezes, perante grande público, em torno de 1.500 a 2.000 pessoas, no salão de Conferência da Guarda Velha, em longa alocução, justificou a sua opção definitiva de abraçar os princípios da consoladora doutrina.

Daí por diante, Bezerra de Menezes foi o catalisador de todo o movimento espírita na Pátria do Cruzeiro, exatamente como preconizara Ismael. Com sua cultura privilegiada, aliada ao descortino de homem público e ao inexcedível amor ao próximo, conduziu o barco de nossa doutrina por sobre as águas atribuladas pelo iluminismo fátuo, pelo cientificismo presunçoso, que pretendia deslustrar o grande significado da Codificação Kardequiana.

Enquanto presidente da FEB em 1889, implantou o estudo metódico de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, e foi reconduzido ao espinhoso cargo em 1895, quando implantou o estudo da obra Os Quatro Evangelhos de Jean Baptiste Roustaing, em uma época na qual se agigantava a maré da discórdia e das radicalizações no meio espírita. Permaneceu no cargo até 1900, ano em que desencarnou.

Dr. Bezerra de Menezes foi membro da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, da Sociedade Físicoquímica, sócio e benfeitor da Sociedade Propagadora das Belas-Artes, membro do Conselho do Liceu de Artes e presidente da Sociedade Beneficente Cearense.

Escreveu em jornais como "O Paiz", “Jornal do Brasil”, “Gazeta de Notícias” e “Gazeta da Tarde”, de 1887 a 1898, e no "Reformador". Utilizava o pseudônimo de Max.

O dicionarista J. F. Velho Sobrinho alinha extensa bibliografia de Bezerra de Menezes, relacionando para mais de 40 obras escritas e publicadas, dentre as quais encontram-se teses, romances, biografias, artigos, estudos, relatórios, etc.

Bezerra de Menezes desencarnou em 11 de abril de 1900, às 11h30min, tendo ao lado a dedicada companheira de tantos anos, Cândida Augusta (Dodoca). Morreu pobre, embora seu consultório estivesse cheio da população mais simples. Foi preciso constituir-se uma comissão para angariar donativos visando a possibilitar a manutenção da família, comissão esta presidida por Quintino Bocayuva, príncipe dos jornalistas brasileiros. Por ocasião de sua morte, assim se pronunciou Leon Denis, um dos maiores discípulos de Kardec:"Quando tais homens deixam de existir, enluta-se não somente o Brasil, mas os espíritas de todo o mundo".

Fontes:

Coleção Bezerra de Menezes, ed. FEB; Os Bezerra de Menezes e o Espiritismo, de Jorge Damas Martins, ed. NOVO SER; Bezerra de Menezes na Intimidade, de Jorge Damas Martins, ed. NOVO SER; 13º Apóstolo -As Reencarnações de Bezerra de Menezes, de Jorge Damas Martins, ed. NOVO SER; Bezerra e Chico Xavier - O Médico e o Médium, de Jorge Damas Martins, ed. NOVO SER.

O Reformador, órgão de divulgação da Federação Espírita Brasileira, publicou em 15 de outubro de 1892 um depoimento de Bezerra de Menezes sobre suas convicções religiosas trazidas do berço e sua conversão ao Espiritismo. O referido documento, que encontra-se no segundo capítulo da primeira parte do livro Bezerra de Menezes: Ontem e Hoje, da editora Feb, permitirá ao leitor sentir como se estivesse conversando com o inolvidável Apóstolo do Espiritismo no Brasil.

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Bezerra de Menezes's Timeline

1831
August 29, 1831
Riacho do Sangue (atual Jaguaretama), Ceará, Brasil (Brazil)
1860
January 1, 1860
1862
January 24, 1862
1866
1866
1867
1867
1870
1870