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Imigrantes Húngaros ao Brasil

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A contingência de imigrantes húngaros que vieram para o Brasil no final do século 19 e ao longo do século 20 foi extensa, chegando a cerca de 100.000 pessoas.

Os motivos para imigração foram em sua maioria questões políticas, ideológicas ou econômicas. No final do século XIX, começo do XX, os magiares, como os húngaros se denominam, vieram para o Brasil atraídos pelas promessas das políticas de imigração, em busca de novas possibilidades econômicas, concentrando-se principalmente nas áreas rurais.

O fim da Primeira Guerra Mundial também contribuiu com a imigração: com o tratado de Trianon a Hungria foi reduzida a 1/3 do seu tamanho original e as populações destes 2/3 de território perdido se tornaram, do dia para a noite, cidadãos romenos, tcheco-eslovacos, iugoslavos ou austríacos. A insatisfação com a nova realidade fez com que muitas pessoas deixassem seus “novos” países e procurassem outros locais para viver. O Brasil, neste momento, pareceu uma boa oportunidade já que havia várias fazendas de café oferecendo trabalho aos imigrantes e a maioria dos húngaros era de áreas rurais.

As promessas de que a vida no Brasil seria promissora, não foi exatamente a realidade encontrada pelos imigrantes. O descontentamento com a condição nas fazendas gerou o abandono dos trabalhos no campo e a migração para as cidades. Aí os imigrantes se estabeleceram em bairros constituídos em sua maioria por outros estrangeiros, ou foram em busca de novos territórios formando pequenas vilas no interior do estado. A primeira aldeia formada pelos húngaros foi a colonia Árpád a 900km de São Paulo.

A Segunda Guerra Mundial causou algumas dificuldades para os magiares no Brasil, já que a Hungria participou da guerra do lado oposto aos brasileiros. Nas vilas húngaras não era mais permitido falar o idioma do país natal, bem como todas as placas de comércios deveriam ser traduzidas para o português; as escolas que ensinavam o idioma húngaro tanto nas vilas como na cidade de São Paulo foram proibidas desta prática, o Consulado da Hungria foi fechado e as relações com o país foram suspensas.

O segundo fluxo de imigrações ocorreu com o fim da Segunda Guerra Mundial e a instalação do comunismo na Hungria. O país estava devastado e com muitos problemas sociais. A União Soviética possuía grande domínio do país, orientando principalmente os caminhos políticos, econômicos e sociais a serem seguidos. O novo regime húngaro foi instituído de forma dura, não admitindo questionamentos nem reclamações. Ocorreram perseguições aos empresários e agricultores, à Igreja, aos intelectuais e a tudo que dissesse respeito ao capitalismo. Em decorrência das dificuldades sociais, econômicas e políticas instauradas no país muitas pessoas saíram ou fugiram para outros lugares incluindo o Brasil.

Em 23 de Outubro de 1956 uma revolução popular, em plena guerra fria, levou a Hungria a um estado de emergência. A população pedia a retirada das tropas da União Soviética do país, bem como uma reforma econômica e política, com eleições multipartidárias, mudanças nas organizações fabris e no campo, maior autonomia em relação ao partido comunista russo, alterações no sistema econômico de importação/exportação incluindo comercio com os países capitalistas.

A princípio a União Soviética mostrou-se suscetível a revolução, aceitando a maioria das reivindicações, promovendo a retirada dos soldados russos da cidade de Budapeste e prometendo uma discussão a respeito da retirada de todas as tropas soviéticas do país. Isso tranquilizou o movimento, as ruas começaram a voltar ao normal, a maioria das greves terminou e as pessoas, aos poucos, voltaram às suas casas.

Contudo, o sucesso da revolução durou poucos dias: em 4 de Novembro de 1956 começa a invasão das tropas russas à cidade de Budapeste. Muitas pessoas morreram ou foram presas. Apesar da resistência de alguns durante os anos subsequentes, a revolução terminou aparentemente em fracasso, muitos dissidentes saíram do país nesse período, entre eles havia intelectuais, técnicos, engenheiros, religiosos, artistas, poetas, escritores, dentre outros.

Durante todo o processo de imigração húngara ao Brasil, chegaram pessoas de diferentes origens e com objetivos diversos, porém a maioria com uma ideia em comum: a busca por melhores condições de vida. Entre elas imigraram muitos artistas, alguns já conceituados na Europa como, por exemplo, Béla Mágori Varga e Ákos Hamza. Outros que trabalhavam com arte, mas que obtiveram projeção posterior à imigração como Antal Medgyesy, Ferenc Kiss, Bálint Fehérkuti e Karoly Pichler, Yolanda Mohalyi.

Com o fim do comunismo, muitos imigrantes ou descendentes húngaros no Brasil voltaram para a Hungria na década de 1990 em busca de retomar a vida em seu país natal.

Texto e pesquisa: Giselle Rodrigues da Silva Revisão: Giselle Peixe

Bibliografia

Szabo, Ladislao Pedro, org. Hungria 1956: e o muro começa a cair. São Paulo: Contexto, 2006.

BOGLÁR, Lajos. Mundo húngaro no Brasil: do século passado até 1942. São Paulo: Humanitas, 2000.

Entrevista de Stefhan haypeck concedida a Rádio CBN programa: São Paulo dos mil povos,s.d.

Depoimentos de Eva Tirczka Piller; Gedeon Piller; Ferenc Kiss; Dom Gabriel Iroffy, OSB; Dom Alexandre Linka, OSB para o vídeo Novos rumos além do Atlântico - Histórias de húngaros no Brasil, Abril de 2012.

Acervo BIS - Banco de Imagem e Som

Acervo online Museu do Imigrante. Disponivel em http://www.memorialdoimigrante.org.br/. Acesso em 03/05/2012

Fonte: http://memoria.csasp.g12.br/frmRelembreAbrir.aspx?IdRelembre=43